quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Oração dos Jovens zumbis (ii).

Cuidado com o que pede.




Esmirrados ao sol, presos ao um livro, cheios de ideias religiosas, pronto para enfrentar a adversidade tal qual o guerreiro cristão, o jovem religioso se embebeda de vontade de mudar o mundo, o dele, e, neste, cantar em nome de Cristo canções de louvor. Tal jovem sente que a sociedade está se transmutando com exemplos que denigrem seu espaço, e este, na maioria das vezes, sem saída, obrigando-o a recorrer ao céu, e subir até ele o mais breve possível, ou fazer da terra o paraíso literal, ao lado de seus companheiros.

O jovem, por mais cíclico que seja, está sendo manipulado por razões abstratas, dentro das quais não consegue modificar uma vírgula, mas o que compreende é o bastante para digladiar consigo próprio e com seus amigos de igreja.  Para eles, não importa se estão certos ou errados, e sim vivos em nome de uma esperança que não cessa – a de fazer um dia parte da juventude celeste – uma ideia quase concreta.

Suas ideias, de paraíso, de céu, de inferno, de dor, de amor, verdade, são perigosas, pois não chegam aos seus conceitos reais (pelo menos buscam...), nem mesmo a ludibriar o mal, mas o que importa? Para o jovem cristão, a energia dispendida em orações, em cânticos (rocks, baladas, achés...) com letras cheias de citações bíblicas, e esperar que uma política, sociedade, família façam o mesmo... É o que importa.

É difícil fazê-lo acordar para uma realidade. Dizer-lhe que o céu seja algo mais profundo que o que espera, e o que inferno, a depender da circunstância, pode ser suas dúvidas pré e pós-consciência. Esta, às vezes desde a infância presa ao que a família lhe impõe, sobrevoa entre árvores secas, sem frutos, dos quais não pode comer.

Sua consciência, por não se abrir para a realidade, revela-se um grilo mudo, ao contrário do grilo falante, da animação Pinóquio, se estendendo a horizontes com sol de plástico e estrelas de papel. E quando vem a manhã, um medo que o acompanha nas veias, mas que se vence nas entrelinhas de seu coração, pois o Cristo, que renasceu, subjaz em sua teoria forte, o qual o auxilia em sua praticidade simples... O acordar.

E no integrar, o jovem cristão sorri, como se fosse o mais simpático dos seres em busca de fieis à sua causa, a qual se torna mais abstrata e confusa do que suas teorias acerca do céu e inferno...  E vai, e canta, e trabalha, e, com o medo de amar, da maneira mais livre possível, recorre às orações a pedir a Deus que o retire desse mundo , pois não sabe lidar com os instintos...!

Questões...

E os questionamentos acerca da sociedade e de suas debilidades?...

Percebo que são como plásticos ao vento em suas opiniões, as quais sintetizam a inércia até mesmo em pontos realmente polêmicos, como o homossexualismo, lesbianismo, simpatizantes... E enfim, tudo que, segundo o arcaísmo conta, é contra as leis divinas.  Porém, não tentam, em sua praticidade, entender a realidade. Quero dizer... Não há somente decadência em sociedades distintas, quer dizer, em comunidades em que a minoria é discriminada. Qualquer minoria.

No caso em questão, para fundamentar uma opinião acerca de homossexuais, gays e lésbicas é preciso entender que nos ciclos humanos há a possibilidade de nascermos héteros e homos, etc... O que não invalida ninguém. O que invalida humanamente é o comportamento de um homem que mata, estupra, oprime...  E do lado da mulher, idem. Agora, direcionar todo o mal do mundo ao homos... É de se pensar, refletir, e iniciar um processo de respeito, ainda que, com seus modos não aceitos, também são seres humanos.

Seus erros, no entanto, são vistos como.. diferentes, pois fogem à regra dos erros. Mas quem disse que os erros têm leis? A realidade é que a patologia humana com relação ao próximo é individual, podemos aceitar não aceitando. Contudo, quando se torna uma grande patologia social, e quiçá civilizatória... Temos, nós, em nossa sã consciência rever nossos conceitos de amor ao próximo...

As notícias, entanto, não cessam. Os preconceitos, idem. E o jovem cristão, levado a acreditar que é o final do mundo, repugna todos os atos de uma minoria, que, acostumada a execração da maioria sacerdotal... , sente-se na vontade de ir em frente, conseguir, em meio à lama política, religiosa, familiar e educacional, criar leis...

E aí é que mora o perigo. Pois até mesmo nos antigos impérios, quando havia homens e mulheres com direitos iguais, não havia, pelos preceitos sagrados, universais, e divinos, casamentos entre iguais, fisicamente. E assim por diante...

Hoje, na esfera de uma decadência moral e ética, não poderia, jamais, a minoria contribuir para tanto, pois ir atrás de seus direitos, às vezes, não é ir atrás do que é correto, pois se temos referenciais tortos, não podemos sequer olhá-los.  Os únicos referenciais que temos são os do passado, os quais sintetizam respeito, humanidade, civilidade, amor (universal, não sexual), e uma contribuição enorme para o céu de cada um.

E aprender com esse amor, seja ele de cores e modos diferentes, em qualquer meio e situação, sempre direcionado ao todo, devendo os jovens aprender – não só eles... – e, aos poucos, e entender que somos todos passivos de erros, machistas, feministas, homos... E perceber que dentro deles podemos ser protagonistas ou não, forte ou não, partidário ou não, santos ou demônios.

Não adianta ouvir murmúrios discriminativos, baseados me premissas mais discriminativas ainda; deve-se questionar acerca deles, entendê-los, e obter a resposta.


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