Separar o que é de nossa responsabilidade. |
Sabemos fazer distinção daquilo que não temos controle com
aquilo que podemos ter. Sabemos que nas coisas que podemos ter controle estão
todas as coisas inatas, as quais criamos, coisas que subjetivamente vivem em
nós, as quais dependem de nossas opiniões, de nossas atenção. Ao contrário
daquilo que não podemos, e irremediavelmente não temos controle, como certas
doenças, ou nosso crescimento, envelhecimento e morte...
Dessas últimas, temos que procurar manter a sobriedade, e
saber lidar com elas, pois, como tudo na vida, há coisas que precisam ser
reconhecidas como naturais, outras não. Estas nada mais são que, na maioria das
vezes, debilidades humanas, pois atrapalham o desenvolvimento, a evolução de
cada um. As primeiras são responsabilidades divinas.
E quando tocamos em responsabilidades, pensamos logo em
nossos empregos, famílias, filhos, finanças, esposas, não necessariamente nessa
ordem, mas que fazem parte de um universo que adotamos e que, com o tempo, tornaram-se
leis inquebrantáveis na vida humana. Não por isso são elementos que podem nos
deter para a realização de nossos sonhos, sejam eles físicos ou não. São
elementos que, na realidade, para alguns atrapalham, mas que para outros ajudam
em tal realização.
Mas se levarmos ao pé da letra alguns mandamentos já
expostos, podemos ser felizes apesar de tudo – pois sabemos que responsabilidades,
famílias, etc são sempre vistos como barreiras para tanto. E não são. Nada que
achamos ser são barreiras, basta distinguir o que é nosso, impor controle,
saber lidar com sua temporalidade, com nosso centro, através de nossas vontades,
e pronto.
É maçante, com certeza; porém a raiz da felicidade se
esconde em pequenos esforços que fazemos diariamente, não de uma hora para
outra. Ali, se esconde a alegria, os bons momentos, a pequena brisa que vai e
volta. Mas estamos a falar de algo que podemos guardar em nós para sempre, como
uma sinfonia que não sai de nossas cabeças ainda que a tenhamos ouvido há anos.
Queremos, apesar dos pesares, sentir a faísca de uma
realidade que somente os sábios um dia sentiram, mesmo quando a morte lhes
batia a porta. Queremos entender, por meio de nossas visões, ainda que toscas,
pequenos mistérios subjugados como necessários em nações cuja prática divina
são como ar que se respira.
E mais, descobrimos, até aqui, que somos meio bobos, na
verdade, enganados, na maior parte de nossas vidas, por sentimentos
desnecessários, os quais se infiltram em nossa alma como lâmina e transformam o
objeto real em fantasia. E com esta, fabricamos enzimas que se perturbam,
afetando nossas mentes, a nos deixar mais irrefletidos em relação aos nossos objetivos.
A culpa, porém, dessa fantasia não é de um todo nossa, melhor
falando, não há nada mais normal no homem do que imaginar, traspassar a
realidade e cair em fossos que criamos. Uma prova disso são as expectativas;
elas se enraizaram de vez em nosso corpo, dando margem a pensamentos tortuosos
e às vezes surrealistas com relação ao que realmente o objeto pode ser.
A expectativa é a forma mais terrível de viver, pois nos faz
viver em função dela, sem que façamos algo por amor ao próximo ou por nós
mesmos; ela espera sempre algo: como um elogio, um presente, uma vitória...
Assim, nos distanciamos de uma pequena necessidade humana, a evolução por meio
de nossos atos, sem a espera de qualquer coisa.
Isso, no entanto, nos faz refletir, pensar que podemos viver
sem ela. Em cada ato, enquanto não abolirmos a expectativa, não devemos parar.
Assim como atos que vêm do coração. Como assim? você me pergunta.
Quando vemos uma pessoa passar mal na rua, quando um velho
cai, desequilibrando-se no asfalto; quando qualquer que seja a pessoa, no meio
de uma pista prestes a ser atropelada, ou assaltada... Se nossos coração não
saltitam, tentando salvá-las, se nossos corações não enxergam a violência pela
qual podem passar; se não quisermos
realizar aquele ato puro... alguma coisa está errada. Ou a própria sociedade
está.
Mas uma coisa é certa, agir conforme as ações puras é um
passo para a compreensão do que é realmente o humano. Assim como uma música que
nos para dentro de um carro, quando em coisas vãs pensamos; e quando esta
atinge nossas almas, alimentando nosso ideal de beleza e amor, não a
personalidade e suas elucubrações loucas.
Uma coisa temos a certeza, se não quisermos entrar em
decrepitude humana, se não quisermos ser alimentados diariamente por um monstro
real chamado modernismo acelerado, e se não quisermos morrer tal quais os
animais que um dia queriam ser pessoas, então façamos algo por nós mesmos,
agora. Não esperemos que nos digam por meio de “saídas” inventadas, mas em nós
mesmos, lá no fundo edílico da alma, naquele cantinho maravilhoso onde somente
você pode meditar, refletir e entender o universo, e a Deus.
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