Consciência do que nos compete. Semente essencial. |
Mas também somos levados a
entender que há momentos na vida que temos que abraçar causas alheias de modo a
sobrecarregar nossos ombros, já cansados de outrora, e nos acostumar com isso.
No entanto...
Pela tradição, para a busca de
nossa felicidade, somos obrigados a tornar a alma mais leve, mais livre. No
texto anterior – quando me refiro ao principio básico natural de todos – a distinção entre
aquilo que podemos controlar (interno) e o que não podemos (externo) nos
mostrou que é fundamental ter essa consciência, e principalmente a prática
dessa lei.
É bom entender que até mesmo os
grandes homens, que poderiam ser rebeldes,
e jogarem tudo para cima, tinham a consciência de que Liberdade era seguir
a lei natural da vida, e, quando governantes, levavam tal hábito ao povo,
transformando seu país em paraísos terrestres. Assim era o Egito.
E ao falar de leis naturais, nos
assombramos, pois o que conhecemos nada mais é que uma série legislações
voltadas ao comportamento humano, com finalidade de respeitar a máquina, o
estado, não o ser humano, a natureza; e se o há, mostram-se distorcidas,
estanques, frias, sem aquele “link” com o passado.
De volta ao nosso Ideal.
O próximo passo, segundo as
entidades clássicas, é ocupar-nos com o que podemos controlar. É um passo e
tanto, porque vai nos levar a repensar os valores fúteis dos não fúteis. E
nossa natureza, na maioria das vezes, ao saber a diferença, ainda preferimos os
fúteis... Por isso, adotamos referenciais, e o nosso, aqui e agora, é sermos
livres (no sentido filosófico) e felizes, baseando-nos na tradição.
E a tradição nos diz que ocupar-nos com o que podemos controlar é
o segundo passo para céu. É só imaginar-se dono de uma manada de cavalos. E
você, um grande fazendeiro, tem quilômetros de chão só seu. Rico, poderoso,
cheio de empregados, sempre à espreita, contando, de longe, quantos cavalos
tem, resolve sair e deixar seus empregados tomando conta de tudo; porém, ao
chegar, percebe, com o olhar que só o dono tem, que vários cavalos, numa manada
de três mil (!), já não estão mais entre eles...
Ao questionar os empregados, fica
sabendo que alguns se mandaram pelo deserto, outros morreram, mais alguns roubados, enfim, que, de algum modo, não tem como trazê-los de volta. Tudo se
transforma em pesadelo, e você não consegue lidar com a situação, acreditando
que nunca poderia ter acontecido tudo aquilo em anos de criação, e começa a
adoecer, e os empregados começam a sentir o mesmo, e se demitem; os cavalos, um
por um, começam a adoecer, e a maioria morre...
Perceberam que a diferença entre
a responsabilidade e aceitação natural das coisas estão fora de sintonia? Se ele
levasse em consideração certos fatores que acontecem na vida, assim como nós o
aceitamos, poderíamos irrelevar o ocorrido, ou se precavendo, remediando,
contratando mais vaqueiros, enfim, fechando todas as possibilidades de um
acontecimento semelhante no futuro...
O vaqueiro se descontrolou internamente, desacreditando em si mesmo, naquilo que lhe competia -- fazenda, cavalos, empregados... -- deixando que uma bola de neve se fizesse em sua alma, adoecendo sua alma em razão de seu descontrole.
Claro que a imaginação é falha,
mas tudo isso tenta explicar que, se temos a consciência do que está sob o
nosso controle, ou seja, que há inúmeras possibilidades naturais que possam
modificar nossas vidas a qualquer momento, podemos ser mais firmes e fortes, e
livres de dores e rancores que nascem circunstancialmente lá dentro de nosso
peito.
Se mantivermos controle ao que no
compete, não teremos problemas com outros – amigos, irmãos, -- e não criaremos,
em nosso meio, uma realidade imutável, a partir do que não podemos controlar. É
preciso atenção nesse aspecto, pois isso equivale a não fazer nada que não
somos obrigados e que não nos compete – mesmo abrindo mão de pequenos valores,
que, no passado, acreditávamos ser tão importante para nós...
Deixe os cavalos irem embora. Daqueles
que não querem ir cuide bem.
Volto sob controle.
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