terça-feira, 1 de outubro de 2013

Patriotas

Já se perguntou o que é ser patriota?






Egito



Sempre me diziam que o Egito era uma nação pobre, sem recursos, sem patriotismo, sem vida. Enfeitada apenas com pirâmides colossais, monumentos faraônicos, mulheres dadas, homens ambíguos, de modo que não pudéssemos retirar nada desta grande civilização, desvirtuada por uma cultura que afundou muitas outras. Não nos cabe aqui dizer a que cultura me refiro...

O Egito, esse manancial que se perde em sabedoria, foi mais que uma nação, uma civilização... Como disse nosso grande faraó Sessostris III, “o Egito não é desse mundo”, deixando bem claro que nosso conhecimento acerca do país nada mais é que do que uma ínfima partícula em meio a um universo que desconhecemos...

Mas o que mais me impressiona, aliás, minto, uma das coisas que me impressionam nessa nação era o amor a ele. Todos, do mais humilde ao mais poderoso, amavam cada singularidade que caracterizava o Egito. A terra, o ar, o céu, os animais... As pessoas, tudo estaria sincronizado, harmonicamente, de acordo com os deuses, ou, como sempre acreditaram... Na deusa Maât, a qual representava a Sincronia, a Ordem e Disciplina Universais, e dela viviam, ou pelo menos o governante o fazia, com ideais de obediência ao Todo.
O amor ao país, como diriam grandes autores, contagiava até os clãs que nele viviam, pois o Egito não trabalhava com hipótese de “imigrantes ilegais”, mas de pessoas que poderiam comungar valores gêmeos ao do povo nativo. E acontecia.

Tais povos, que lá trabalhavam, eram tais quais egípcios, e, na maioria das vezes, assumiam compromissos maiores, a depender do governante. Prova disso foram as pirâmides. Monumentos que foram trabalhados com ajuda de vários povos, que se estabeleceram, e que aprenderam a respeitar a cultura da nação.
Como diria Christian Jaq, “a alegria de viver em função dos deuses e do homem que os representava era algo somente egípcio...” – tenho em mim que, o autor de Ramsés, disse isso porque não há (mesmo) provas de que houve escravidão no Egito Clássico...  E, como não encontraram meios de provar a escravidão no Egito, sobra a credibilidade em uma cultura que nega sua própria origem... Não comentarei a respeito desta...

Roma...



Em Roma, para não dizer o mesmo, podemos dizer que o amor à cidade era sutilmente mais arraigado. Desde o nascimento, ouviam as crianças histórias dos grandes heróis que em batalhas morriam por Roma. Nas escolas, a trindade que auxiliava o romano desde a terra ao céu; na adolescência, pais eram tais quais mestres que levavam filhos ao trabalho, ou faziam-nos, na porta Senado, escutar as grandes discursões, as quais eram mais que uma aulas sobre Roma, mas uma necessidade de defendê-la acima de qualquer coisa...

E grandes homens nasceram nesse emblema. Júlio César, o melhor dos generais até então, antes de qualquer batalha, dizia aos seus homens que fossem em nome de Roma, seu maior ideal e que não esquecessem que o mais importante em cada ida aos campos era morrer pela cidade...

Nas invasões de Roma, em países que colonizava, a prática desse patriotismo era registrada internamente quando soldados, com suas mochilas cheias de ferramentas, depois de tomada a cidade, faziam aquedutos com finalidade de levar água limpa àquele povo. Ou seja, o que Roma queria para ela dava aos lugares porque passava e colonizava.

Esparta



Em seu livro Portões de Fogo, de Steven Pressfield, que conta a história dos trezentos homens mais corajosos do mundo, que evitaram a armada do imperador Xerxes de tomar o mundo, o patriotismo, o amor, a dedicação dos homens a um país que ensinava, desde pequena, a criança a lidar com a guerra; um patriotismo em dizer que eram os melhores guerreiros, em todos os aspectos, pois havia outras nações que o eram, no entanto não tanto quanto os espartanos, pois estes eram os únicos a nascerem para tanto.

O respeito às leis, as diferenças, ao homem, à natureza, ao simbolismo, aos mitos, o fizeram amantes da harmonia universal, a qual subsistia em Esparta. Nada melhor. E por isso, talvez, amassem a guerra, pois demonstravam não apenas a força, mas a propriedade natural do homem em relação aos deuses.

Se formos analisar todos essas três nações, veremos que todas elas, no fundo, são gêmeas. Pois são realmente civilizações que cuidaram desde a educação religiosa à politica, no sentido de nunca deixar que seus valores fossem  esquecidos ou deixados no deserto da consciência Muito pelo contrário.

O patriotismo nelas tem um sentido. Para nós, é esotérico (incompreensível), porque não compreendemos o que significa valores, humanidade, história, cultura (de cultivar), origem (de onde viemos), amor (de algo maior que nós), e que não o possuímos como elementos naturais e sim forçosos, como em uma propaganda fria, cheia de “sete de setembros”, “quatro de Júlios”,  “de democracias votantes”, aos quais se vai como cordeiros no abate...

Hoje tanto faz nascer ou morrer em uma nação. Mas uma coisa é certa, e é historicamente provado: não havia coisa pior para um romano, para um egípcio ou um espartano, do que morrer longe de seu povo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....