Já se perguntou o que é ser patriota? |
Egito
Sempre me diziam que o Egito era
uma nação pobre, sem recursos, sem patriotismo, sem vida. Enfeitada apenas com
pirâmides colossais, monumentos faraônicos, mulheres dadas, homens ambíguos, de
modo que não pudéssemos retirar nada desta grande civilização, desvirtuada por
uma cultura que afundou muitas outras. Não nos cabe aqui dizer a que cultura me
refiro...
O Egito, esse manancial que se
perde em sabedoria, foi mais que uma nação, uma civilização... Como disse nosso
grande faraó Sessostris III, “o Egito não é desse mundo”, deixando bem claro
que nosso conhecimento acerca do país nada mais é que do que uma ínfima
partícula em meio a um universo que desconhecemos...
Mas o que mais me impressiona,
aliás, minto, uma das coisas que me impressionam nessa nação era o amor a ele.
Todos, do mais humilde ao mais poderoso, amavam cada singularidade que
caracterizava o Egito. A terra, o ar, o céu, os animais... As pessoas, tudo
estaria sincronizado, harmonicamente, de acordo com os deuses, ou, como sempre
acreditaram... Na deusa Maât, a qual representava a Sincronia, a Ordem e
Disciplina Universais, e dela viviam, ou pelo menos o governante o fazia, com
ideais de obediência ao Todo.
O amor ao país, como diriam
grandes autores, contagiava até os clãs que nele viviam, pois o Egito não
trabalhava com hipótese de “imigrantes ilegais”, mas de pessoas que poderiam
comungar valores gêmeos ao do povo nativo. E acontecia.
Tais povos, que lá trabalhavam,
eram tais quais egípcios, e, na maioria das vezes, assumiam compromissos
maiores, a depender do governante. Prova disso foram as pirâmides. Monumentos
que foram trabalhados com ajuda de vários povos, que se estabeleceram, e que
aprenderam a respeitar a cultura da nação.
Como diria Christian Jaq, “a
alegria de viver em função dos deuses e do homem que os representava era algo
somente egípcio...” – tenho em mim que, o autor de Ramsés, disse isso porque não
há (mesmo) provas de que houve escravidão no Egito Clássico... E, como não encontraram meios de provar a
escravidão no Egito, sobra a credibilidade em uma cultura que nega sua própria origem...
Não comentarei a respeito desta...
Roma...
Em Roma, para não dizer o mesmo,
podemos dizer que o amor à cidade era sutilmente mais arraigado. Desde o
nascimento, ouviam as crianças histórias dos grandes heróis que em batalhas
morriam por Roma. Nas escolas, a trindade que auxiliava o romano desde a terra
ao céu; na adolescência, pais eram tais quais mestres que levavam filhos ao
trabalho, ou faziam-nos, na porta Senado, escutar as grandes discursões, as
quais eram mais que uma aulas sobre Roma, mas uma necessidade de defendê-la
acima de qualquer coisa...
E grandes homens nasceram nesse
emblema. Júlio César, o melhor dos generais até então, antes de qualquer
batalha, dizia aos seus homens que fossem em nome de Roma, seu maior ideal e
que não esquecessem que o mais importante em cada ida aos campos era morrer
pela cidade...
Nas invasões de Roma, em países
que colonizava, a prática desse patriotismo era registrada internamente quando
soldados, com suas mochilas cheias de ferramentas, depois de tomada a cidade,
faziam aquedutos com finalidade de levar água limpa àquele povo. Ou seja, o que
Roma queria para ela dava aos lugares porque passava e colonizava.
Esparta
Em seu livro Portões de Fogo, de Steven Pressfield, que conta a história dos
trezentos homens mais corajosos do mundo, que evitaram a armada do imperador Xerxes
de tomar o mundo, o patriotismo, o amor, a dedicação dos homens a um país que
ensinava, desde pequena, a criança a lidar com a guerra; um patriotismo em
dizer que eram os melhores guerreiros, em todos os aspectos, pois havia outras
nações que o eram, no entanto não tanto quanto os espartanos, pois estes eram
os únicos a nascerem para tanto.
O respeito às leis, as
diferenças, ao homem, à natureza, ao simbolismo, aos mitos, o fizeram amantes
da harmonia universal, a qual subsistia em Esparta. Nada melhor. E por isso,
talvez, amassem a guerra, pois demonstravam não apenas a força, mas a
propriedade natural do homem em relação aos deuses.
Se formos analisar todos essas
três nações, veremos que todas elas, no fundo, são gêmeas. Pois são realmente
civilizações que cuidaram desde a educação religiosa à politica, no sentido de
nunca deixar que seus valores fossem esquecidos ou deixados no deserto da
consciência Muito pelo contrário.
O patriotismo nelas tem um
sentido. Para nós, é esotérico (incompreensível), porque não compreendemos o
que significa valores, humanidade, história, cultura (de cultivar), origem (de
onde viemos), amor (de algo maior que nós), e que não o possuímos como
elementos naturais e sim forçosos, como em uma propaganda fria, cheia de “sete
de setembros”, “quatro de Júlios”, “de
democracias votantes”, aos quais se vai como cordeiros no abate...
Hoje tanto faz nascer ou morrer em uma nação. Mas uma coisa é certa, e é historicamente provado: não havia coisa pior para um romano, para um egípcio ou um espartano, do que morrer longe de seu povo.
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