terça-feira, 22 de outubro de 2013

Viver, uma Arte – Distinguir o que é Meu (ii)


Distinguir o que é meu. Sabedoria.




...Como eu havia falado, não é gratuito qualquer que seja a decisão em relação a uma personalidade viciada em desejos terrenos, pois o que mais lhe compraz é viver de suas próprias regras profanas ou fugir da simplicidade que se assemelha ao espiritual. E este, ao contrário do que muitos comentam por aí, não precisa ser em meio a gritos ou a tentativa de entortar corpos para “conversar” com Deus...

Tudo é uma questão de compreensão, sensibilidade, sobriedade. Pois se sabe que até mesmo os grandes homens do passado – inclusive o próprio Cristo, -- não chegava a lidar com Deus, seu Pai interno, como um menino clamando o pai de longe, a ouvir seus berros e realizar seus desejos de paz, amor, etc.

A praticidade, talvez a que chegue mais perto de alcançar os valores humanos e divinos, por meio da integração, trabalho, lealdade e virtudes diárias, é o melhor dos gritos às divindades – qualquer uma delas. Claro que não devemos descartas as orações, meio pelo qual muitos religiosos pedem a Deus proteção, e firmeza no dia a dia, mas esta não seria grande coisa se não houvesse os conflitos do mundo – do nosso mundo.

Por isso, temos a Filosofia...

E a rolar o texto anterior, eu havia dito que o mais importante é saber distinguir o que é meu ou não. O que está sob o meu controle o não. É o primeiro passo para entoar uma vida tranquila e livre. Contudo, para muitos, inclusive para este que lhes escreve, saber lidar com esse principio após uma certa idade, é dar cavalo de pau em um cruzeiro marítimo, o que significa que para a maioria seria tão difícil quanto...

Não interessa. Se estamos com a finalidade de sermos felizes conosco mesmos, pratiquemos essa oração diária, a meditar sobre o que está sob o nosso controle e o que não está.  Como diriam os tradicionais, levar esse inicio de principio como se renascêssemos aqui e agora. E só depois de aceitarmos esse fundamento, podemos dar mais passos em direção ao nosso ideal.

E o que está sob o nosso controle? Como distinguir?

Qualquer coisa que nos vem de fora. As amizades, as paixões, os desejos de riqueza, nossas economias, nossos sentimentos... Aqui, neste último, de algum modo, somos tomados pelos instintos, os quais, ainda que tenhamos pensamentos voltados ao Bem, e fazemos de tudo para realizar desejos nesse aspecto, eles, os instintos falam mais alto.

Mesmo assim, a tentativa de lidar com ele, controlá-lo, já é algo inerente à tentativa de ser feliz consigo mesmo, que é o nosso ideal. Não nos desgastamos com ele e iniciemos do mais módico meio de domá-lo. Como? Dando ao instinto somente o que é dele, mas somente filosoficamente falando, ou seja, não satisfazer loucamente, com a um cão sem dono, criando mais consequências para uma personalidade que está se iniciando, que está se moldando...

E se pretendemos ser feliz, vamos ouvir a voz interna de Deus, ou como diriam os heróis do passado, dos deuses; então, que façamos da maneira mais simples possível. Tal tentativa já nos faz um pouco mais divinos.

A Distinção

Nossas opiniões

Todas elas estão sob o nosso poder, contudo, as levamos como se fossem parte de nós, como se fossemos parte dela, tal qual um pêlo de cachorro, que vai para onde o animal for. Não podemos ser assim... Se a opinião está sob o nosso controle, quer dizer que podemos mudar a qualquer hora, a qualquer minuto. Ser inflexível nesse ponto é perigoso.

O que nos traz repulsa

Nosso ódio, nossas repulsas, sentimentos que, como garanhões, saltitam tentando nos desfazer de nossos simples objetivos, quiçá ideal.  Tais sentimentos são obtidos no decorrer de nossas vidas, e isso é manipulável, mutável, remediável, ou seja, são inatos. E se o são, por que possui-los como a um filho em nós? Até mesmo os filhos, até certa idade, estão sob o nosso controle.

Influencias diretas

Se somos influenciados, cuidado. Se influenciamos, idem. Nada é mais triste do que um homem que não busca seus reais valores e com ele leva milhares de pessoas a acreditar em filosofias superficiais. Tais valores são meros papeis de valores, pois nada trazem no fundo, tão vazios, pobres e relativos. Tais influencias podem ser mudadas, buscando trajetórias internas das quais grandes homens do passado nos deixaram, por meio de livros, músicas e poesias clássicas, que um dia levaram o homem à humanidade.

Não está sob o nosso controle...

A morte. O crescimento. As mudanças físicas. Onde nascemos. E mais, se represento algo grande ou insignificante na opinião dos outros. Isso não posso mudar. Se sou o que sou, não posso de deixar de ser apenas porque me veem de modo contrário. As mudanças de visão das pessoas com relação a mim, mudam por si mesmas; não porque eu quero. Se houver essa possibilidade, não será absoluta.

Enfim, as coisas externas não dependem de nós; as internas sim.





Volto com mais beleza e arte.

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