Distinguir o que é meu. Sabedoria. |
...Como eu havia falado, não é
gratuito qualquer que seja a decisão em relação a uma personalidade viciada em
desejos terrenos, pois o que mais lhe compraz é viver de suas próprias regras
profanas ou fugir da simplicidade que se assemelha ao espiritual. E este, ao contrário
do que muitos comentam por aí, não precisa ser em meio a gritos ou a tentativa
de entortar corpos para “conversar” com Deus...
Tudo é uma questão de
compreensão, sensibilidade, sobriedade. Pois se sabe que até mesmo os grandes
homens do passado – inclusive o próprio Cristo, -- não chegava a lidar com
Deus, seu Pai interno, como um menino clamando o pai de longe, a ouvir seus
berros e realizar seus desejos de paz, amor, etc.
A praticidade, talvez a que
chegue mais perto de alcançar os valores humanos e divinos, por meio da
integração, trabalho, lealdade e virtudes diárias, é o melhor dos gritos às
divindades – qualquer uma delas. Claro que não devemos descartas as orações,
meio pelo qual muitos religiosos pedem a Deus proteção, e firmeza no dia a dia,
mas esta não seria grande coisa se não houvesse os conflitos do mundo – do nosso
mundo.
Por isso, temos a Filosofia...
E a rolar o texto anterior, eu
havia dito que o mais importante é saber distinguir o que é meu ou não. O que
está sob o meu controle o não. É o primeiro passo para entoar uma vida
tranquila e livre. Contudo, para muitos, inclusive para este que lhes escreve,
saber lidar com esse principio após uma certa idade, é dar cavalo de pau em um
cruzeiro marítimo, o que significa que para a maioria seria tão difícil quanto...
Não interessa. Se estamos com a
finalidade de sermos felizes conosco mesmos, pratiquemos essa oração diária, a
meditar sobre o que está sob o nosso
controle e o que não está. Como
diriam os tradicionais, levar esse inicio de principio como se renascêssemos aqui
e agora. E só depois de aceitarmos esse fundamento, podemos dar mais passos em
direção ao nosso ideal.
E o que está sob o nosso
controle? Como distinguir?
Qualquer coisa que nos vem de
fora. As amizades, as paixões, os desejos de riqueza, nossas economias, nossos
sentimentos... Aqui, neste último, de algum modo, somos tomados pelos
instintos, os quais, ainda que tenhamos pensamentos voltados ao Bem, e fazemos
de tudo para realizar desejos nesse aspecto, eles, os instintos falam mais
alto.
Mesmo assim, a tentativa de lidar
com ele, controlá-lo, já é algo inerente à tentativa de ser feliz consigo
mesmo, que é o nosso ideal. Não nos desgastamos com ele e iniciemos do mais
módico meio de domá-lo. Como? Dando ao instinto somente o que é dele, mas
somente filosoficamente falando, ou seja, não satisfazer loucamente, com a um
cão sem dono, criando mais consequências para uma personalidade que está se
iniciando, que está se moldando...
E se pretendemos ser feliz, vamos
ouvir a voz interna de Deus, ou como diriam os heróis do passado, dos deuses;
então, que façamos da maneira mais simples possível. Tal tentativa já nos faz
um pouco mais divinos.
A Distinção
Nossas opiniões
Todas elas estão sob o nosso
poder, contudo, as levamos como se fossem parte de nós, como se fossemos parte
dela, tal qual um pêlo de cachorro, que vai para onde o animal for. Não podemos
ser assim... Se a opinião está sob o nosso controle, quer dizer que podemos
mudar a qualquer hora, a qualquer minuto. Ser inflexível nesse ponto é
perigoso.
O que nos traz repulsa
Nosso ódio, nossas repulsas, sentimentos
que, como garanhões, saltitam tentando nos desfazer de nossos simples
objetivos, quiçá ideal. Tais sentimentos
são obtidos no decorrer de nossas vidas, e isso é manipulável, mutável,
remediável, ou seja, são inatos. E se o são, por que possui-los como a um filho
em nós? Até mesmo os filhos, até certa idade, estão sob o nosso controle.
Influencias diretas
Se somos influenciados, cuidado.
Se influenciamos, idem. Nada é mais triste do que um homem que não busca seus
reais valores e com ele leva milhares de pessoas a acreditar em filosofias
superficiais. Tais valores são meros papeis de valores, pois nada trazem no
fundo, tão vazios, pobres e relativos. Tais influencias podem ser mudadas,
buscando trajetórias internas das quais grandes homens do passado nos deixaram,
por meio de livros, músicas e poesias clássicas, que um dia levaram o homem à humanidade.
Não está sob o nosso controle...
A morte. O crescimento. As
mudanças físicas. Onde nascemos. E mais, se represento algo grande ou
insignificante na opinião dos outros. Isso não posso mudar. Se sou o que sou,
não posso de deixar de ser apenas porque me veem de modo contrário. As mudanças
de visão das pessoas com relação a mim, mudam por si mesmas; não porque eu
quero. Se houver essa possibilidade, não será absoluta.
Enfim, as coisas externas não
dependem de nós; as internas sim.
Volto com mais beleza e arte.
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