"Voltar não para retroagir, mas para nos tornar mais fortes" |
M. Aurelius. Fiel à sua filosofia. |
Marcus Aurelius, general romano, que um dia fizera suas
memórias em meio às guerras com os bárbaros que nunca aprendiam nada acerca do
poderio de Roma, traduzia sua vida em práticas filosóficas, fosse na própria
Roma, fosse no arco esticado rumo ao inimigo.
Tal general, como se pôde constatar, era, antes de tudo, um
ser humano inigualável, o qual, em suas reflexões, encarando os monstros do
medo disse “temos que aceitar o mal como algo natural”, não o fez por acaso –
como nunca nada é – e sim confrontando, levando, sorrindo, encarando-o,
semelhante a um homem que já sabia de todas as respostas.
E ao fazer isso, na prática, não o fez como muitos o fazem
hoje, com receios de enfrentar a vida, e teorizando acerca dela como sábios de
fim de semana. A prática vital é necessária em todos os campos, e o general
sabia disso. Por isso o fez como nenhum outro...
Tal questão, no entanto, a de aceitar o mal como algo
natural, a de confrontá-lo, aceitando-o, semelhante a uma criança que vai ao
parque de diversão e apesar de ter medo de certos brinquedos vai, é complexa,
porém somente a prática de aceitação nos faz mais sábios – dentro de nosso
nível...
Por exemplo, não adianta não ter filhos e montar um
escritório de terapia infantil ou mesmo resolver questões inerentes a esses
problemas, pois seremos incoerentes, e ao mesmo tempo ficaremos confusos quando
situações entrelinhas nos pedirem algo mais que opiniões de livros modernos (ou
clássicos) sobre o tema, se não tivermos pelo menos um filho...
Enfim... Quando Marcus Aurélio resolveu ‘meditar’ em meio à
violência dos bárbaros, não tivera outra escolha, pois sabia que nada mais
fácil seria que fazer o mesmo em cima de uma montanha, em paz, ou em retiros em
uma de suas terras, nas quais somente ele poderia pensar sobre o presente,
passado e futuro... Mas, ao resolver partir para a guerra, e lá conhecer o
homem, sua vida, sua batalha; conhecer seus próprios atos em relação ao
confronto com o próximo e até consigo mesmo. É o que devíamos fazer.
E quando partimos para o confronto nosso do dia a dia,
pensamos demais, falamos demais, e refletimos muito pouco. Somente em nosso
leito, quando há os deuses e nós, tolhidos em reverberações internas, é que
conseguimos a resposta do porquê de nosso comportamento – bom ou mal – no dia
que se passou.
É como se fôssemos um diário ambulante; passamos por tudo
diariamente, até pelo que não tínhamos computado, e por isso recuamos, e nesse
recuar, a depender de quem o faz, não volta mais, fica preso aos seus valores;
volta às algemas da vida; da base da qual nunca mais sairá.
Outros, no entanto, se fortalecem, como uma catapulta que
volta a grande rocha ao pé da base e solta a corda arremessando a pedra ao mais
longe possível. É a história de muitos governos essa metáfora, mas também a de
muitos homens que conseguiram, apesar do país, da sua sociedade, de seus meios
e por que não dizer de sua família, vencer...
Assim, como “minigenerais” que um dia resolveram derrotar seus “bárbaros”, vamos nos levantar, e como diria o original, antes de
filósofo, um grande humano, “vamos encontrar um imbecil, um ignorante, mas
vamos aceita-los por que fazem parte da natureza humana, mas nós que já sabemos
o que é o bem e a consequência do mal, optamos pelo bem”, assim como os dentes
de cima aceitam os dentes de baixo.
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