Vamos por os pés no chão. |
Ao acordar com pensamentos retos, organizados, coerentes,
rumo ao nosso ideal, ainda que sejam menos de um terço de nossa vontade... Ir
ao banheiro, usar de técnicas naturais, eficazes, no seu lavar, escovar, até mesmo
no enxugar do corpo... Respirar fundo; não ir de encontro a outros pensamentos
infundados, dos quais tiramos opiniões insanas, e, por fim, vestir-se como um
cavaleiro para a grande batalha... O trabalho; por enquanto é usar de retidão
nas primeiras horas do dia...
Outro ser que também se levanta, faz seu trabalho sem
pensar, e nos conduz graças a sua bela energia, porque sabe que, se não o fizer,
não somente nós, humanos, teremos problemas, mas muitos outros, como numa
grande cadeia, terão mais problemas ainda, o sol brilha e nos alimenta ainda
que haja o solstício de inverno, quando se está um pouco longe da terra, ainda
que não precisamos dele naquela tarde quente, enfim, o círculo, que outrora
fora um deus, em razão de suas nuances naturais, universais, revela-se
essencial por praticar, em suas possibilidades, a virtude.
E se soubéssemos levantar em nome dessa estrela, tal qual ela,
por meio de uma vontade que em todos os seres permeia, mas somente alguns por
ela são conduzidos, mesmo porque não pensam, não refletem, apenas agem em nome
do grande Espirito; se soubéssemos ser guiados, involuntariamente, como são,
levantando de nossas cama, indo direto ao nosso real trabalho humano, e vivendo
como sagrados seres da terra – com certeza, estaríamos em outra esfera de
consciência...
Ou melhor, da grande Consciência, da Inteligência, da qual,
supõe-se, vem tamanha organização. Aquela que faz o sol iluminar, a chuva
molhar, a terra fertilizar, os animais serem o que são, e os vegetais, idem. Uma
organização sobre a qual não se questiona – (??) – apenas se vive, respeita e,
como um grande dogma, jamais será revelado o mistério..
Fora isso, teríamos nela, na consciência em questão, a
possibilidade se sermos mais sagrados do que somos. Ou seja, não nos contentaríamos
apenas em viver do respeito à terra, mas ao todo, auxiliando nossos irmãos,
amigos, comunidades, sociedades, enfim, não teríamos que questionar o porquê de
nossos conflitos internos, os quais nos obrigam a sermos melhores, pois, se tivéssemos
a prática dessa grande consciência, não precisaríamos ter problemas, pois já tínhamos
as respostas a tudo...
Seria horrível. Nossa existência cairia no desvão dos animais, das plantas, dos
minerais, os quais simplesmente retratam a harmonia de uma lei à qual não temos
acesso, muito pelo contrário, atrapalhamos. Mas ao mesmo tempo sentimos a
necessidade de com eles viver, harmonizar, cada um em seu mundo, a observar o
comportamento deles, e eles, o nosso, o que não seria impossível, pois não
sabemos, na realidade, o que pensam, ou que, na grande maioria das vezes, são,
e por isso, o tratamos como inferiores, à parte, ou melhor, de uma cadeia
abaixo da nossa... Será?
As leis se subdividem. E delas organizações são impostas,
como minileis paralelas em diversos
ramos da existência universal. Por isso nos sentimos melhores que outras raças;
porém, quando nos deparamos com outras organizações, não tão longe da nossa,
questionamos nosso “poder”, e nos sentimos frágeis.
Se não nos individualizássemos tanto, se não nos sentíssemos
tão poderosos, tão melhores que outras organizações, talvez estaríamos melhores
no caminho de nossas respostas... A questão talvez não seja apenas essa, mas
outras que não sabemos. Mas nos deixa no ar e no coração mais questionamentos,
mais dores, mais conflitos, e dentro deles realidades que se sobrepõem ao que
somos internamente...
Não podemos deixar de ir atrás do que é simples, uma esfera
a que temos acesso e dela podemos teorizar e praticar, viver dos abraços de
irmãos e amigos, dos conselhos dos idosos, da paz dos filhos, do amor das
esposas e namoradas, da paz que a flor nos traz, ao desabrochar em nossos jardins,
do cântico dos periquitos que nos acordam na manhã de sábado... Do sol de
domingo, do verde que fica mais verde após a chuva, dos pequenos córregos que
levam a vida, independentemente das pedras... Dessas pequenas organizações,
dessa pequenas e belas poesias que correm diariamente sob e sobre nossos olhos
e cabeça, mas não temos tempo...
Por fim, por que falar de organizações, leis,
comportamentos, se não damos o passo natural dentro de nossas possibilidades
humanas – o que é um papel raro hoje em dia – e traduzir tudo para o nosso
bem-viver, ao que buscamos desde que nossas almas tateiam a matéria...
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