quarta-feira, 7 de maio de 2014

Nas Nuvens

Vamos por os pés no chão. 


Ao acordar com pensamentos retos, organizados, coerentes, rumo ao nosso ideal, ainda que sejam menos de um terço de nossa vontade... Ir ao banheiro, usar de técnicas naturais, eficazes, no seu lavar, escovar, até mesmo no enxugar do corpo... Respirar fundo; não ir de encontro a outros pensamentos infundados, dos quais tiramos opiniões insanas, e, por fim, vestir-se como um cavaleiro para a grande batalha... O trabalho; por enquanto é usar de retidão nas primeiras horas do dia...

Outro ser que também se levanta, faz seu trabalho sem pensar, e nos conduz graças a sua bela energia, porque sabe que, se não o fizer, não somente nós, humanos, teremos problemas, mas muitos outros, como numa grande cadeia, terão mais problemas ainda, o sol brilha e nos alimenta ainda que haja o solstício de inverno, quando se está um pouco longe da terra, ainda que não precisamos dele naquela tarde quente, enfim, o círculo, que outrora fora um deus, em razão de suas nuances naturais, universais, revela-se essencial por praticar, em suas possibilidades, a virtude.

E se soubéssemos levantar em nome dessa estrela, tal qual ela, por meio de uma vontade que em todos os seres permeia, mas somente alguns por ela são conduzidos, mesmo porque não pensam, não refletem, apenas agem em nome do grande Espirito; se soubéssemos ser guiados, involuntariamente, como são, levantando de nossas cama, indo direto ao nosso real trabalho humano, e vivendo como sagrados seres da terra – com certeza, estaríamos em outra esfera de consciência...

Ou melhor, da grande Consciência, da Inteligência, da qual, supõe-se, vem tamanha organização. Aquela que faz o sol iluminar, a chuva molhar, a terra fertilizar, os animais serem o que são, e os vegetais, idem. Uma organização sobre a qual não se questiona – (??) – apenas se vive, respeita e, como um grande dogma, jamais será revelado o mistério..

Fora isso, teríamos nela, na consciência em questão, a possibilidade se sermos mais sagrados do que somos. Ou seja, não nos contentaríamos apenas em viver do respeito à terra, mas ao todo, auxiliando nossos irmãos, amigos, comunidades, sociedades, enfim, não teríamos que questionar o porquê de nossos conflitos internos, os quais nos obrigam a sermos melhores, pois, se tivéssemos a prática dessa grande consciência, não precisaríamos ter problemas, pois já tínhamos as respostas a tudo...

Seria horrível. Nossa existência cairia no desvão dos animais, das plantas, dos minerais, os quais simplesmente retratam a harmonia de uma lei à qual não temos acesso, muito pelo contrário, atrapalhamos. Mas ao mesmo tempo sentimos a necessidade de com eles viver, harmonizar, cada um em seu mundo, a observar o comportamento deles, e eles, o nosso, o que não seria impossível, pois não sabemos, na realidade, o que pensam, ou que, na grande maioria das vezes, são, e por isso, o tratamos como inferiores, à parte, ou melhor, de uma cadeia abaixo da nossa... Será?


As leis se subdividem. E delas organizações são impostas, como minileis paralelas em diversos ramos da existência universal. Por isso nos sentimos melhores que outras raças; porém, quando nos deparamos com outras organizações, não tão longe da nossa, questionamos nosso “poder”, e nos sentimos frágeis.

Se não nos individualizássemos tanto, se não nos sentíssemos tão poderosos, tão melhores que outras organizações, talvez estaríamos melhores no caminho de nossas respostas... A questão talvez não seja apenas essa, mas outras que não sabemos. Mas nos deixa no ar e no coração mais questionamentos, mais dores, mais conflitos, e dentro deles realidades que se sobrepõem ao que somos internamente...

Não podemos deixar de ir atrás do que é simples, uma esfera a que temos acesso e dela podemos teorizar e praticar, viver dos abraços de irmãos e amigos, dos conselhos dos idosos, da paz dos filhos, do amor das esposas e namoradas, da paz que a flor nos traz, ao desabrochar em nossos jardins, do cântico dos periquitos que nos acordam na manhã de sábado... Do sol de domingo, do verde que fica mais verde após a chuva, dos pequenos córregos que levam a vida, independentemente das pedras... Dessas pequenas organizações, dessa pequenas e belas poesias que correm diariamente sob e sobre nossos olhos e cabeça, mas não temos tempo...


Por fim, por que falar de organizações, leis, comportamentos, se não damos o passo natural dentro de nossas possibilidades humanas – o que é um papel raro hoje em dia – e traduzir tudo para o nosso bem-viver, ao que buscamos desde que nossas almas tateiam a matéria...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....