no rastro de Didymos Tauma
Céu: um pouco do que somos. |
E assim começamos a analisar o homem de acordo com a mais
mística tradição. E, no texto anterior, demonstramos que Platão (428 aC-348aC),
iniciado nos mistérios sagrados, tenta elucidar de “forma coloquial”, por assim
dizer, o que podemos entender um pouco acerca do papel humano frente às
dimensões naturais do universo. Platão dividiu a parte de cima em corpo mortal;
princípio imortal e uma alma separada... Ou homem físico, alma animal e alma
espiritual.
A Alma animal, ou emocional, seria todos os valores naturais que concebemos
quando nascemos, os quais podem transladar para a parte ínfima, que é
o corpo mortal (ou soma), ou mesmo, com o tempo, elevar-se para a parte de
cima, a alma espiritual (ou Nous no
homem).
Sempre deixando claro o mestre, que todos os elementos referidos, principalmente a alma espiritual, são dimensionais, ou seja, estão no universo como uma grande alma, à qual se referiu no Timeu, como um
grande espírito, ou como ele mesmo um dia se referiu ao universo, um grande
ser.
Aqui, cabe salientar que simbolicamente muitos se referiam (ou
ainda se referem) à parte interna do homem como Céu no Homem. Ou melhor, o próprio Nous
seria o Céu, o Ideal humano, ou quem sabe, aquele Individuo interno ao qual se refere o
autor de a República, quando fala de Justiça, Verdade, do Bem...
O Nous, apesar de
ser pouco expresso semanticamente em temos coloquiais na obras de Platão, podemos dizer que é a
parte que está acima de nossas possibilidades sensíveis de projetá-lo e visualizá-lo
como sombra do homem. Não, não podemos. Mesmo porque tal denominação adveio de
tradições mais tradicionais ainda, talvez um Pitágoras, um Zoroastro, ou mesmo
de culturas mais espirituais que a própria Grécia, enfim, do Egito, onde teria
o grande filósofo se iniciado... Assim como Pitágoras, Anaxágoras, Anaxímenes, e
até mesmo, segundo alguns estudiosos, Cristo.
Enfim, podemos por assim dizer que “a parte de cima” de
nossas possibilidades, chamada de Nous por Platão, de Átman, pelos indianos, é
relatada de várias maneiras em palavras dos mestres de sabedoria, como na
tentativa de nos transferir esse mundo que desconhecemos – “Meu Reino não é
desse mundo”, dizia Cristo, incansavelmente – e a assim, com simples
ferramentas, entrar pelo menos na parte racional que nos indica que há uma
realidade por trás desse simples corpo do qual vivemos, e que se vai com um simples sopro.
E podemos, enfim, por meio dessas elucidações, trazer à tona
parte de um universo que necessita ser compreendido, mas a passos de formiga,
com o faziam anteriormente. E como todos esperam, entender um pouco as palavras
dos grandes que um dia estiveram entre nós e nos deram termos para elucidar
seus sentidos, nos deram uma personalidade que pode ir ao Céu e ao Inferno, na
busca invariável por uma verdade que brilha tão longínqua quanto aquela estrela
que vive no obscuro espaço em tempos de frio.
No próximo texto falaremos da parte que nos concebe relatar com mais
ânimo, ou com menos complexidade que a primeira, a qual, de acordo com os
parâmetros exotéricos, sintetiza o que não somos, ao passo pensamos em ser, em
razão de nossa dedicação a ela... a personalidade do homem, a parte sensível.
Ave!
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