"Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, no tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu." (Sermão da Montanha).
Palavras: larvas de nosso vulcão. |
Não precisamos, claro, apenas do mito – que é de uma
grandeza infinita, ao mesmo tempo tão singular e cultural --, pois temos as
parábolas, nas quais a narrativa se faz com preceitos morais no final. E Cristo
era mestre nisso. Mas ao que se referia era um tanto complexo, pois tínhamos
que ter um conhecimento a priori do que dizia... Por isso se diz que o salvador
dos cristãos foi um iniciado nos mistérios tradicionais...
Muitos dizem que, a partir dos doze anos, Cristo se foi para
o Egito, outros, viver com os essênios, uma comunidade espiritual que vivia na
maioria do seu tempo em cavernas, na prática de sua filosofia. Na terra dos
faraós, teria aprendido os mistérios metafísicos tais quais os anaxágoras
gregos, ou como Platão, entre outros, os quais, escreveram obras que até hoje
prevalecem como norte de nossa civilização, mas com o pé na tradição egípcia...
Porém, Cristo, assim como Sócrates, entre outros, não
deixara nada escrito. O que temos, então, seria a compilação dos seus
ensinamentos interpretados, após anos,
por seus fiéis. E isso cai naquela mesma percepção: “por que esperaram tanto
para escrever algo acerca de seu mestre e de seus ensinamentos?”... Até mesmo
Platão, após a morte de Sócrates, não só compilou o que seu mestre dissera em
vida, mas o ultrapassou em conhecimento. Mesmo assim, o Discípulo o homenageia,
colocando-o como personagem principal em todas as obras.
Mas o que fez com que os discípulos de Cristo levassem a
homenageá-lo tão tardiamente? Mais alguns especialistas na área – depois de
anos de estudo – descobriram que, pelos anos que se passaram entre a morte de
cristo e o que foi escrito, tem um intervalo espetacular de dois a três
séculos. Ou seja, é possível que os principais discípulos, Mateus, João, Pedro,
Paulo não teriam escrito algo sobre a vida ou ensinamento de Jesus, e sim
outros... Mas quem?
Enfim, o que denotamos aqui é que teremos que passear pelas
palavras de um mestre que se foi, não deixara nada escrito, e ao mesmo tempo
sem saber quem sobre ele escreveu. Teremos que nos prender muito mais nos
achados os quais não passaram por deturpações a que são acostumados, tentar
interpretá-los à luz da filosofia tradicional, e não temer a Deus, pois, como
diria um grande professor... “se temermos a Deus, como iremos descobrir quem
somos nós?”
Voltando à Tradição
Todas as palavras de Cristo – não só em seus sermões, mas em
suas revoltas, em suas orações – tinham sentido universal (e ainda têm). Todas
elas nos achocalham por dentro como que uma água que quer virar vinho, mas na
hora... não consegue. É como se fôssemos
animais e não sabíamos, e quando sentimos o poder de sua oração, na palavra,
nos sentimos mais humanos, mesmo sem compreender absolutamente nada!
Na realidade, alguns pastores, fiéis, apóstolos modernos,
anciãos, até tentam, por meio de sua oratória maravilhosa, unida a perspicácia
de manipulação de massa, mas a verdade se esconde tão perfeita, que é preciso
criar uma sub-verdade (!!) e iniciar
um processo de educação religiosa baseada no que acreditam.
É mais que normal isso. Isso ocorreu até com o budismo.
Muitos, atualmente, prosseguem com filosofias adversas ao do principal buda, o
qual deixara em vida ensinamentos eternos, porém interpretados erroneamente
como a “religião da calma”... Tendo como símbolo um buda gordo, sentado e
sorridente.
O símbolo cristão é o da cruz, a qual, em muitas religiões do
passado, significara outra coisa. Calma, quando digo outra coisa, me refiro ao
que ela realmente significara... No Egito clássico, até mesmo em civilizações ameríndias,
a cruz fora símbolo do céu e da terra. O céu, aqui, é o infinito, para cima, em
vertical, como na própria Grécia já era ensinado; a terra, tudo que era
horizontal, tudo que se dizia matéria... E o ponto no qual se cruzavam, na
maioria das vezes, era o próprio homem, que, como sempre nos sentimos, entre o
céu e o inferno, entre Deus e o Diabo...
Enfim, as palavras de Cristo têm um pormenor que nos atrapalha em interpretá-la, e o nome
desse pormenor chama-se espiritualidade. Não adianta irmos atrás de nossos
ideais, se não o fazemos com o coração, com a alma, com amor. E nós, como cegos
a tudo isso, temos que ter a certeza de um pingo desses valores corre em nossas
veias.
Voltamos com o homem septenário.
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