sexta-feira, 23 de maio de 2014

Dentro da Palavra

"Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, no tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu." (Sermão da Montanha).


Palavras: larvas de nosso vulcão.



Não precisamos, claro, apenas do mito – que é de uma grandeza infinita, ao mesmo tempo tão singular e cultural --, pois temos as parábolas, nas quais a narrativa se faz com preceitos morais no final. E Cristo era mestre nisso. Mas ao que se referia era um tanto complexo, pois tínhamos que ter um conhecimento a priori do que dizia... Por isso se diz que o salvador dos cristãos foi um iniciado nos mistérios tradicionais...

Muitos dizem que, a partir dos doze anos, Cristo se foi para o Egito, outros, viver com os essênios, uma comunidade espiritual que vivia na maioria do seu tempo em cavernas, na prática de sua filosofia. Na terra dos faraós, teria aprendido os mistérios metafísicos tais quais os anaxágoras gregos, ou como Platão, entre outros, os quais, escreveram obras que até hoje prevalecem como norte de nossa civilização, mas com o pé na tradição egípcia...

Porém, Cristo, assim como Sócrates, entre outros, não deixara nada escrito. O que temos, então, seria a compilação dos seus ensinamentos interpretados, após anos, por seus fiéis. E isso cai naquela mesma percepção: “por que esperaram tanto para escrever algo acerca de seu mestre e de seus ensinamentos?”... Até mesmo Platão, após a morte de Sócrates, não só compilou o que seu mestre dissera em vida, mas o ultrapassou em conhecimento. Mesmo assim, o Discípulo o homenageia, colocando-o como personagem principal em todas as obras.

Mas o que fez com que os discípulos de Cristo levassem a homenageá-lo tão tardiamente? Mais alguns especialistas na área – depois de anos de estudo – descobriram que, pelos anos que se passaram entre a morte de cristo e o que foi escrito, tem um intervalo espetacular de dois a três séculos. Ou seja, é possível que os principais discípulos, Mateus, João, Pedro, Paulo não teriam escrito algo sobre a vida ou ensinamento de Jesus, e sim outros... Mas quem?

Enfim, o que denotamos aqui é que teremos que passear pelas palavras de um mestre que se foi, não deixara nada escrito, e ao mesmo tempo sem saber quem sobre ele escreveu. Teremos que nos prender muito mais nos achados os quais não passaram por deturpações a que são acostumados, tentar interpretá-los à luz da filosofia tradicional, e não temer a Deus, pois, como diria um grande professor... “se temermos a Deus, como iremos descobrir quem somos nós?”

Voltando à Tradição

Todas as palavras de Cristo – não só em seus sermões, mas em suas revoltas, em suas orações – tinham sentido universal (e ainda têm). Todas elas nos achocalham por dentro como que uma água que quer virar vinho, mas na hora... não consegue.  É como se fôssemos animais e não sabíamos, e quando sentimos o poder de sua oração, na palavra, nos sentimos mais humanos, mesmo sem compreender absolutamente nada!

Na realidade, alguns pastores, fiéis, apóstolos modernos, anciãos, até tentam, por meio de sua oratória maravilhosa, unida a perspicácia de manipulação de massa, mas a verdade se esconde tão perfeita, que é preciso criar uma sub-verdade (!!) e iniciar um processo de educação religiosa baseada no que acreditam.

É mais que normal isso. Isso ocorreu até com o budismo. Muitos, atualmente, prosseguem com filosofias adversas ao do principal buda, o qual deixara em vida ensinamentos eternos, porém interpretados erroneamente como a “religião da calma”... Tendo como símbolo um buda gordo, sentado e sorridente.

O símbolo cristão é o da cruz, a qual, em muitas religiões do passado, significara outra coisa. Calma, quando digo outra coisa, me refiro ao que ela realmente significara... No Egito clássico, até mesmo em civilizações ameríndias, a cruz fora símbolo do céu e da terra. O céu, aqui, é o infinito, para cima, em vertical, como na própria Grécia já era ensinado; a terra, tudo que era horizontal, tudo que se dizia matéria... E o ponto no qual se cruzavam, na maioria das vezes, era o próprio homem, que, como sempre nos sentimos, entre o céu e o inferno, entre Deus e o Diabo...

Enfim, as palavras de Cristo têm um pormenor que nos atrapalha em interpretá-la, e o nome desse pormenor chama-se espiritualidade. Não adianta irmos atrás de nossos ideais, se não o fazemos com o coração, com a alma, com amor. E nós, como cegos a tudo isso, temos que ter a certeza de um pingo desses valores corre em nossas veias.








Voltamos com o homem septenário.


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