segunda-feira, 19 de maio de 2014

Palavra. O grão que virou areia

No Rastro de Didymos Tauma


A Importância da escrita suméria foi maior que a de hoje.




Já pensou se todas as palavras fossem apenas símbolos fáceis de compreender? Bem... Com as vastas culturas que nominaram o mundo, teríamos certos problemas e não haveria mais lembranças de que um dia um sumério, um inca, ou mesmo um egípcio teria passado por aqui e nos revelado suas essências que, com o passar do tempo, se tornam tão relevantes quanto o dia em que suas palavras (escritos, hieróglifos...) foram descobertas pelo homem.

Ou seja, a História não teria que interpretar mais o que estava escrito, pois estaria claro, literalmente, o que as palavras estariam nos trazendo, sem margens a mistérios do que foram. E isso, como hoje o fazem, surtiria um efeito contrário ao que as palavras objetivariam: trazer a verdade velada pelas culturas.

Tudo isso que conhecemos, quer dizer o pouco, deve-se graças a uma realidade porque temos que passar, ingerir, pois temos pessoas iletradas que não fazem questão de ir atrás de seus direitos, quiçá dos mistérios que sobrepujam o que somos; ou melhor, não completamente iletradas, mas pessoas que se influenciam pelos “nobres” que se julgam donos de um tempo, de uma época, como na Idade Média, na qual tivemos a Igreja tão responsável pelas mortes humanas, quanto hoje o são bandos que se formam em favelas, enfim, temos homens que se apoderam das verdades, por acreditarem que o próprio povo igualar-se-ia em sabedoria a eles.

Isso não é uma brincadeira. Até hoje, governos acreditam que a educação só se faz em suas escolas privadas, aos seus filhos mimados, sem qualquer esforço, ao contrário da maioria, que paga, pega ônibus, trens lotados, ou vai a pé, na lama, na poeira, na dor, apenas para encontrar um pessoa para lhe passar informações necessárias ao seu desenvolvimento pessoal e quem sabe profissional. Aqui, a própria informação se torna uma arma aos demais, por isso poucos têm direito a ela...

Não estamos aqui, no entanto, para falar de política, mas do poder da palavra, do verbo, o qual, em culturas passadas, teve valores semânticos profundos, os quais nortearam nossas vidas e nos elevaram culturalmente como filhos educados por um grande pai (ou uma grande mãe).

E quando surgiram as primeiras escritas, as cuneiformes, dos sumérios, vimos aparecer nossos primeiros pais, pois não tínhamos nos expressado até então, mesmo porque não havia como fazê-lo, não havia como expressá-lo, e com aquele ato, transformamos o mundo. Éramos a primeira espécie a deixar em forma de escrita nossos pensamentos...

Antes disso, claro, eram desenhos dos nossos antepassados, a detalhar nossas vidas em cavernas, no chão, nas pedras, como se fôssemos crianças grandes na tentativa de se expressar em nome de algo que vimos, amamos, comemos, passamos em nossos dia a dia, enfim, era outra necessidade básica de comunicação, fosse com o presente deles, fosse com o futuro.

A realidade, porém, é que,  quando surgiu o primeiro pensamento em forma de palavra, iniciamos um processo universal, material e místico, e não sabíamos. Na escrita, o universo indizível do homem começou a aparecer, e ele, nesse universo revelado, um tradutor do que via, só que agora em palavras...





Voltamos com mais palavras no próximo texto.

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