segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

A Dor do Imediatismo



...Um dia um grande filósofo a palestrar, com sua versatilidade de sempre, me fez ouvir umas mais interessantes máximas que já passou pelos meus ouvidos... "O Imediatismo é perigoso". Falava de uma da pressa que temos em ter, ganhar, obter, apegar, pegar (sinônimos!) as coisas, de modo a tê-las simplesmente pelo fato de tê-las, nada mais.

Qual é o mal nisso?... A forma pela qual conseguimos. Nossa própria organização individual toda trabalhada para que a tenhamos em nossas mãos o objeto (do menor ao maior), e nos sentir.. bem. Isso pode, segundo explica o filósofo, desentranhar uma série de problemas pelos quais passaremos, como que abrir uma caixa na hora errada, e nos maravilharmos com o que tem dentro... 

Porém, não era a hora. Assim, se nos dedicamos a realizar nossos projeto de forma imediata, sem que saibamos exata, o momento certo, a forma como realizar, pode implicar uma série de mudanças em nossas vida. E não é para melhor.

Imagine darmos asas a uma formiga, ainda que um dia todas a tenham, mas que àquela pequena e pobrezinha formiga, pelo fato de sentirmos pena, temos o poder de a ela dar o melhor. A princípio, a nosso ver, nos sentimos bem, nosso ego se eleva, nossos sorrisos se fazem divinamente, graças ao nosso ato cristão, contudo esquecemos a parte natural da vida, que é deixar que cada um passe por seus problemas, ainda que visível em sua necessidade de ter e não conseguir seu quinhão, mas é um dia, por sua natureza -- nesse caso, a formiga -- é mais que provável que ela vai ter suas asas...

Se a ela damos asas, com certeza, pulará uma série de provas pelas quais o destino pensou em dar (não somente a ela, mas a todas que um dia passou ou passará). Nesse minuto, em um intervalo de tempo frágil, nos vem a compaixão, um dos sentimentos mais leais do cristianismo, entretanto que atrapalha em quase cem por cento o crescimento de muitos que precisam ir atrás de seus objetivos com suas próprias pernas e mãos.

Mas não estou aqui para falar da compaixão, e sim do imediatismo, que nos torna desorganizados futuramente, às vezes, muito mais rápido que imaginamos, pois sempre queremos tudo da maneira mais rápida, para sanarmos nossos desejos. Não somente no material, percebo. Na maioria das vezes, em orações, quando a pessoa está aflita, e pede a Deus que proteja seu filho, sua mãe, seu melhor amigo, sua familia enfim, todos aqueles que são dignos de proteção divina -- ou não! -- e não adianta dizer que existe uma organização natural em nossas vidas, que está religada com um processo tão desconhecido quanto o próprio espaço, e que se o adiantarmos, ou mesmo renegá-lo, sofrerá uma mudança -- ao meu ver também natural -- porém com consequências graves, pois quando se estica um elástico e depois desiste dele, umas pontas pode voltar com toda força em seus olhos.

O imediatismo também nos faz pensar que teremos um grande ano, cheio de bonanças, festas, e por isso desejamos satisfação financeira, dentre outras coisas. E, mesmo sabendo que é difícil, fazemos o possível para realizá-las o quanto antes, com o fim de sermos brevemente -- antes do vizinho -- "felizes". Esse é um mal que nos consome com o tempo.

E quando olhamos para cima, nos perguntamos acerca do desejo das estrelas, do sol, dos comentas... Será que, se tivessem desejos, o fariam mesmo que nós?.. E agora, será que desejam o quê? Nada. Querem apenas realizar seu trabalho com fins de transformar o universo um pouco melhor a partir do que são. Isso, talvez, seja a melhor coisa que podemos, de alguma forma desejar, e quem saber, realizar se realmente, do fundo de nossos corações desejássemos.

Sabemos que, materialmente, tudo é possível, pois trabalhamos com que vemos, apalpamos e, assim, vamos atrás, e queremos mais, quebrando todas as regras da vida. E quando desejamos um mundo melhor, o que teremos que fazer?... Buscar ter o que há de melhor nele ou ser um pouco melhor dentro dele?

Sejamos pacientes e teremos mais que tudo, seremos livres.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

A Vertente do Sonho




Um sonho que se preza não fala de ostentações, tiranias ou sistemas falhos. Um sonho que se julga sonho transforma nosso cotidiano, nossas vidas por completo... E quando atingindo, desconfie, não é ele, é apenas uma miragem de um interesse feliz, que se passa na mente e não no coração, no qual mergulha o mais puro dos sonhos, irrealizáveis por natureza e por isso belo por excelência...

Um sonho a se realizar somente em nossas mãos, donas de tatos, dos quais sai a terra, sai o ódio e alegrias passageiras, é nobre, mas não se pode confiar, mesmo porque onde mora a alegria, lá também reside a tristeza, como companheira de quarto... Aqui, ele, o sonho, se limita a ser a face do homem que acorda e vai para o campo assistir a chuva cair depois de tempos, e ao passo, em tempos quentes, ver seus sonhos se esvaírem como a própria água da chuva, que não veio...

Um sonho pequeno, ínfimo, filho de nossa grandeza pessoal, é realizável, pois possui elementos físicos e emocionais, trabalhando em função de nossos interesses em plasmá-lo, como fantasmas que se foram e nos aparecem no soprar de um vento forte. E por isso precisamos olhar para cima, para bem alto, onde nossas cabeças e sonhos não alcançam... Precisamos elevar nossa consciência e transformá-la em escrava de ideais, nos quais sonhos realizáveis são filhos de peças cuja cortina não se abre por completo...

Um sonho só é realmente verdadeiro e belo quando olhamos para o sol, no alto de nossas possibilidades, no alto de nossos sonhos; quando nos ajoelhamos e percebemos as formigas a transportar suas folhas, tão pesadas quanto seu corpo, para alimentar a rainha, a qual, para nós, pode ser, em uma metáfora maravilhosa, nossa alma...

Ao transportar o que de mais forte e necessário para a rainha, tão protegida em seu formigueiro, a formiga plasma a meu ver o seu sonho, e o transforma em algo eterno, com fins de realizações tão naturais, que nem percebe que é um sonho, não se alegrando, nem mesmo fazendo festas, apenas trabalhando em prol de todas aquelas que se parecem com ela, e de quebra a própria rainha...

Nossos pequenos sonhos nos barram a esperança de levarmos nossos reais princípios à alma – a rainha – e fortifica-la, simplesmente porque nossos interesses, arraigados de momentos “mágicos”, de hipocrisias escondidas em nossos espírito frio, não nos deixam sonhar. É como se limitássemos nossos sonhos a uma caverna em que tudo visualizássemos e nos referenciarmos nela, até mesmo nossos sonhos...

O real sonho nos faz andar em direção ao fim dela, retirar as fibras presas em nossa pele, os pesos de nossas costas, a dor de nossos eternos filhos, as pedras de nossa alma, e nos devolve mansidão natural... O real sonho nos faz sonhar com ele, e em seu caminho nos faz leais a ele, ainda que somente em possibilidades se encontre.

Que no próximo ano tenhamos em nossos caminhos mais que forças a nos conduzir em direção a sonhos reais, tenhamos fé -- não a fé forçosa, e sim simples e pura -- em prosseguir, pois todos os passos, todas as experiências nos faz conduzir a reflexões, pelas quais chegamos até o mais alto do monte, até mesmo ao céu.


O real sonho é o sol, inalcançável; porém, às vezes, conseguimos vê-lo e amá-lo.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Gotas de Felicidade...



Fingindo dormir

Fotogênicos! 



Em meio à descrença política, religiosa e social, vivo à passarinho, como queria dizer nosso querido compositor Tom Jobim (muitos passarão e eu, passarinho), em uma vida que só se iguala a de uma criança em fins de arco-íris, no qual seus sonhos, levemente, são realizados, sem pedir, sem força, sem afugentar os passarinhos...

Nessa descrença, em tons de ameaça ao mundo, à nossa ordem e civilização, corro em meio ao meu gramado, junto com meu filho e cachorro – cão pastor, -- que se renega, assim como eu, a encarar a vida dos cães furiosos, natos de sua raça, que protege os familiares e avança nos demais. Falcão, meu pastor, que completará um ano no mês que vem (capricorniano?), se envolve com todos, com tudo, como um urso de pelúcia que cheira o gramado todo, e a todos os transeuntes medrosos com seu tamanho...

No entanto, ao descobrir sua docilidade, por meio de seus olhos pidões, o sorriso lhes vem como gotículas de chuva repentina, que cobre o rosto em seguida. E em seu calcanhar, Pedro, meu filho, dono de uma temperança sem fim, se inicia a olhos nus, providenciando brincadeiras com o gigante de quatro patas, que ao lado dele parece um corcel!

Pedro tem oito, mas consegue ser puro, belo, educado, simples e dedicado a Falcão. Todos os dias questiona a respeito dele, e sempre quer mais nas brincadeiras de jogar gravetos, bolas, mangas pequenas (que caem do pé), as quais são objeto de adoração do comilão que desfaz em amor pela fruta quando a vê, e a devora até o fim do osso!...

E eu, paralisado pelo amor aos dois, choro de rir, a pensar nos pais que se enclausuram debaixo de suas camas, em busca de remédios para a vida que se vai lá fora. Penso, também, nos críticos de animais, de crianças, de alegrias passageiras que mais parecem eternas quando que deparadas no dia a dia, pertinho de mim.. . de nós: vivam o máximo que puder, em nome do belo, justo e verdadeiro!

A felicidade, penso, existe em gotas, e eu vivo recentemente um caso de amor constante entre meu filho e meu grande pastor, e isso posso considerar... é uma gotícula essencial a mim.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

O Infinito reticente de uma semântica incontida...




...Nas reticências que iniciam esse pensamento, há uma mensagem subliminar, a de que iniciamos, sempre, por meio de um corpo, uma semântica, seja ela qual for, que se encaixa nele -- nesse corpo -- sempre tentando traduzir, entrelinhas, o que o passado nos traz. E nessas palavras, nas quais resguardo um segredo, penso que há mais semânticas nelas do que em toda minha pobre vida...

E quando termino nas reticências, com um outro pensamento, sugiro que há um infinito de possibilidades que nos surge em tentar adivinhar o que vem pela frente.., E mais reticências se fazem em nome de questionamentos, em nome do que jamais cessará, que é o nosso mistério em relação ao que é o infinito -- que é o espaço-tempo cheio de um energia cósmica, mística, mas ao mesmo tempo tão natural quanto o ar que se respira.

As reticências são limitadas, no entanto, quando o poder do pensamento relativo e racional se faz. Ou quando o próprio ser humano se engana ou, como diriam os mais sábios, se apegam a ignorância... Nela, quando de maneira dúbia, se expressa, ou tenta se traduzir em meio a mais pensamentos, incrementos, sentimos que a reticência pode voltar, e nos fazer entender que ela, a ignorância, nada mais é que uma beleza de várias cores, das quais o sábio, em sua ignorância, diz preferi-la, amá-la, pois sabe que jamais terá o conhecimento eterno...

Nós, em nossa reticente ignorância, acreditamos que somos professores em tudo que fazemos, mesmo com a decrépita persona vaidosa e relativa, teórica e obtusa em seu jeito de ser e existir. Nos parece, assim, que a reticência, em nome da deusa Necessidade, irá existir plena em tudo que achamos transcender, pois não transcendemos, retroagimos, em nome de interesses que poderiam chegar aos céus, mas preferem beijar as raízes da deusa Nefthel, de onde nascera a palavra Hell, inferno, no qual nem mesmo o mais assombroso dos pensamentos consegue se ouvir...

As reticências jamais se extinguirão, pois iniciam uma busca e não conseguem terminá-la, ensinam no inicio e podem morrer sem aprender nada no final. É o Universo, sem inicio, sem fim, no qual estrelas nascem e morrem, energias são repassadas uma às outras, como irmãs heroínas com finalidade de transpassar o que de bom tem a outra que nasce, mas que não aprendera lidar com o que recebera, pois seria nova demais..

O infinito, filho dos das deusas que burlam o universo, vívidas no passado, mas mortas no presente, persiste em existir em forma de mensagens, não tão claras, mas que nos fazem repensar o que somos, o que fazemos e porquê. Nos ensinam que nosso trabalho, a depender do que fazemos, pode ter reflexos tão infinitos quanto o próprio deus. 

E hoje, nesse mergulho infinito de Brahma, nas linhas imaginárias do Darma, nessas formas e forças que se comungam em nome do Nada, penso em Maia, a mãe que de longe nos vê, nos protege e ao passo nos torna crianças que nascem e morrem, que nascem....

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Aos Buscadores




A verdade pode ser tudo que nos interessa, ou o que nos atinge friamente o âmago quando se ouve o inaudível. Pode ser muitas coisas, até mesmo o insondável, o mistério, o mítico, o sagrado, o profano, a própria criação.

Temos, no entanto, somente parte desse mistério, dentro qual só deduzimos, teorizamos a respeito do que é e ou pode ser. Já é o bastante para se entender estrelas, buracos de minhoca, desvendos de teorias einstenianas, velhice, etc...

Isso, dentro de nossas relatividades nas quais somos mestres, e tão mestres quanto aquele que vive soberbo no Tibete, em busca da realização do ideal maior. Esse é o mal da verdade, ela se disfarça -- ao nosso ver -- de fada madrinha do bem, realiza nossos sonhos pequenos, nos embriaga da famigerada alegria provisória, como príncipes de contos, e nos mata logo após...

A verdade, como se vê, é uma semântica perigosa, na qual nadamos e perdemos o fôlego quando não sabemos nadar pelo cansaço. Para prosseguirmos, a não verdade prevalece e nos faz de tubarões metafóricos, que não podem parar, se não se afogam. Mas o mar, esse o da verdade, nele nadamos...

Em nome de um querido amigo, quero fechar esse texto dizendo que a verdade que vemos é tal qual a projeção do filme, o próprio filme, até mesmo os personagens... Porém, a Verdade, aquela para qual damos as costas, é a luz que projeta o filme, e mais é da onde sai a própria luz.



Aos buscadores.


sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Um pouco de sabedoria...




Um sábio que caminha nas montanhas, solitário como um gafanhoto, feliz como um beija-flor que respinga energia nas flores, e sussurra na brisa do dia suas verdades, a verdade que buscara com sua alma, em meio às complicações humanas, em meio à simplicidade universal.

A nós só nos resta questionar a beleza desse ser que, assemelhado aos outros, refaz as fases da lua, o nascimento do sol, de uma estrela, modifica batalhas com sorriso ligeiro e as transforma em campos de paz. Só nos resta questionar como e porquê tal homem, tal ser tão belo quanto nada no mundo, existe somente com o fim de nos direcionar ao céu... ao nosso céu.

Ele, esse homem que brilha no escuro, tão farto de sabedoria que dói, anda com seus pés, mas não parece. Pisa nas pedras como querer amaciá-las, tornando o ato como distinto e natural, miraculoso e especial. E quando as nuvens choram, a lhe trazer as lágrimas do tempo, não corre, não desiste, apenas sente cada gotícula em seu rosto como um bom vinho que desce no coração.

Esse homem, cultivador da beleza, da bondade e verdade, possui um jardim no qual flores e folhas, e insetos, e terras, são tão cuidados quanto o próprio mundo o é pelos agentes divinos; amante dos detalhes, da biologia que cerca seu cerrado, com pássaros, árvores frutíferas, animais selvagens à margem de seus olhos, mas sempre em sua comunicação com o sagrado, do qual nasce e para o qual se vai, todos os dias.

E nós, presos aos nossos âmagos vazios, como que retirados de um filme mudo, sem a breve legenda, cuja película se desfaz pelo mal uso da máquina que o faz ir à bendita parede, agimos como crianças eternas, sem o desenvolvimento interno, sem o crescimento natural, sem as batalhas naturais que a vida nos concede. 

Precisamos delas, dessas batalhas, pois os deuses, infinitos mestres, querem que sejamos um pouco mais divinos que somos, para isso, contudo, temos que avançar em nossas "provas", ou pequenos testes que nos dão. Se não passarmos em pequenos, não será em vão, mesmo porque haverá sempre outros que nos baterão à porta, em forma de paixão, de conflitos familiares, de dores que se encaixam na alma e nos transformam em pequenos professores da dor, e assim, caminhamos ou temos que caminhar, mesmo porque a sabedoria é apenas uma ponte pela qual passamos, e depois dela enxergamos as divindades, e enfim nos religamos ao todo.

O sábio, que caminha nas montanhas, que resguarda os mistérios mais profundos do homem em seu coração, está aqui, conosco, cheio de alegria, preso apenas por nossa teimosia em sermos ignorantes voluntários em um mundo moderno, caótico, sistêmico em todos os sentidos, e nos faz crer em valores frios tais quais os do passado. Armadilhas à frente.

Somos sábios em nosso modo de ser quando compreendemos alguém em seu lamento, em sua fuga para outra realidade, para o caos. Precisamos ouvir o próximo, sentir que somente o homem pode ouvir o próximo e dar conselhos, e com estes mudar um pouco a vida de alguém, e fazê-lo ver, com os olhos do coração, que a vida tem seus graus de iniciação, desde o momento em que se nasce ao último que se vive.

E se conseguimos passar pelo pouco que o céu nos dá, pode nos chamar de sábios.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

No Intervalo do Tempo...


Refugiados: até quando?



No intervalo do tempo... há o tempo que se perde ou o tempo que se ganha. Nesse intervalo, choramos, rezamos, pedindo a Deus, nos debruçamos em orações, gritamos em nome de nossos filhos, de nossas famílias, de nosso amor maior -- de uma paixão. 

Até segurarmos o fio do próximo tempo, almejamos a paz, morremos e ressuscitamos em guerras, levantamos dos escombros feridos, e voltamos ao tempo das lembranças em que corríamos ao redor da vida, como planetas ao redor do sistema, envoltos em pensamentos que nos levam a lágrimas.
E depois de chorarmos novamente, nos entrincheiramos como vermes atrás do casulo, como tartarugas no seu casco, e observamos os estilhaços caírem como chuvas em nossa pele... E protegemos, e corremos, e em um minuto desse tempo as armas se calam.

Nesse intervalo, o paraíso se faz, a esperanças de dias melhores sobrevoa nossas mentes, e se infiltra em nossas almas, a retardar o sofrer de nossos dias -- por enquanto. A calma se vai, e imagens de parentes distantes, que clamam nossa presença, como vozes do além da vida, são mais ouvidas que a presença da fome, da dor e da incompreensão sem tempo para compreender.

Esquecemos, aqui, o sentido de religião, a qual fora responsável pela nossa união, e agora pelos desgastes emocionais nos quais a promessa divina se faz e desfaz com a morte de nossos anjos numa poeira sem fim. Eles se foram, e vão voltar em algum tempo. 

Voltarão com explosões que consumiram tempos, espaços, e como diria Augusto dos Anjos, "levar-me-á à frialdade inorgânica da terra", e daremos, enfim, graças a Deus, que se esconde nos detalhes, os quais não consigo enxergar, pois meus olhos, com o tempo, ou com o fim dele, não vê, e por isso me deixa um pouco em paz... Uma paz infantil que não cresceu no tempo.

No intervalo desse tempo, pensei que iria rever meus entes queridos que se foram. Mas uma voz, talvez  a de Deus, não sei, disse-me... "Ainda não... Ainda não". E nela penso todos os dias, como uma criança, que um dia fui, ou talvez ainda seja, quando seu presente estava por chegar, nos braços do bom velhinho, o qual, sabe-se por aqui, nunca existiu...

E o que deveras existe, em meio ao meu tempo de agora, são meus pensamentos, tão fugidios quanto balas que somem, contudo são minhas pérolas, minhas esperanças, o meu refúgio. Neles creio tanto quanto ao Criador, que não me leva, talvez porque eu tenha mais algo a dizer e viver, quando tudo isso acabar.



Aos Guerreiros que amam seu país. 


terça-feira, 29 de novembro de 2016

A Vida Continua...





O conceito do bem e do mal é relativo, sabemos. E o conceito de vida...? Também. Disse um dia um filósofo que, se estamos aferrados ao corpo, com ele nos vamos na hora de sua morte; mas a alma continua. Mas se estamos do outro lado? Nesse caso, se estivéssemos aferrados a ela, à alma, também morreríamos.
Não são apenas reverberações, são verdades, nas quais fazemos questão de nos afastarmos em razão de uma educação voltada somente ao que vemos, pegamos e ao que admiramos. Mais do que normal. Tal vicio não nos veio de agora, mas de há muito quando o sentimento materialista nos veio em função de uma necessidade capital, a de sobreviver pelo que comemos, pagamos, compramos, enfim, ao que interessa ao homem comum, em todas as épocas...

Não é uma ideia, não era um costume, mas uma grande necessidade que se transformou em uma bola de neve, e hoje, com o conforto, com o bem estar, já não é mais uma necessidade, e sim, uma escuridão em forma de bens móveis e imóveis traduzidos como a certeza mais filosófica do ser humano...

A questão é que, com o tempo, tudo que nos foi dito acerca da vida, da morte, de nosso comportamento em relação a ela, se foi ou se está indo, graças a comerciais, falsas educações, falsos heróis, falsa política, falsos seres humanos, que nos querem transformar em animais frios, dotados apenas de cabeça, tronco e membros, sem os quais deixamos, segundo a nova filosofia, de sermos humanos, e eu, acima disso, penso, não somos, por isso, mais humanos que um cachorro que jamais deixará de sê-lo ainda que seja mais inteligente que outras raças.

Fugir dessa educação, desses falsos heróis, dessa chanchada, chamada vida fácil, e percorrermos outros caminho, o caminho dos mestres, e nos reeducarmos acima de tudo sobre a vida, a qual, para os homens reais do passado, aqueles que buscavam os mistérios desse mundo e do outro, é a nossa meta.

Pensamos nisso.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Nos Mínimos Detalhes





Como crianças que nos questionam a respeito do Natal em novembro e só terminam na véspera, somos afoitos em realizar nossos desejos, dentro dos quais, sabemos, pairam a efemeridade, a centralização, e a falta de objetivos, quiçá ideais.,.E isso, também somos informados, nos revela um futuro não muito propenso de realizações, sejam elas materiais, ou não, simplesmente pelo fato de que tudo tem seu tempo... 

Mesmo assim, o alvoroço frio, calculista, também efêmero, é o mesmo, Nada muda. Não queremos, no fundo, que nada mude. Parece que somos masoquistas, porque vamos sofrer, vamos reclamar, vamos culpar o próximo -- ou mesmo o morto, que não tem nada mais a ver com esse mundo.

Lá na frente, no entanto, quando a tsunami se for, colocamos a mão na consciência, refletimos, e pedimos aos céus para não cometermos mais erros como aquele -- de ser apressado quanto aos objetivos, aos desejos, a tudo. Mesmo porque a própria natureza nos ensina que a riqueza, seja ela material ou não, precisa ser cuidada como uma planta, como uma árvore milenar que ainda dá folhas belas, mesmo depois de anos, com raízes fortes.

Para adquirir raízes é preciso sustentar nossos princípios, amenizar nossos desejos, pensar em objetivos como algo tão natural quanto se andar para frente. E quando falamos em objetivos, olhamos com a mente firme, porém louca para realizá-lo. Se não houver o raciocínio voltado aos detalhes -- ao que se faz diariamente, desde o momento em que se acorda, ao dormir, -- podemos esquecer ou puxar o freio de mão, bem lentamente, com vistas a frear a loucura diária.

Temos, assim, que nos revelar naturais, como o vento que vem de longe bater na palmeira seca do deserto, que o espera há anos; e quanto à paciência em realizar nossos sonhos, precisamos de uma metáfora, como a do crocodílio, que leva meses se escondendo dentro do rio, no qual somente os olhos aparecem, fazendo a presa se confundir com o brilho do sol na água. E quando o almoço aparece, ele se lhe dá por completo, e assim, após brigar  e ganhar da sua refeição, espera mais seis meses...

Nossos objetivos, hoje, são a busca pelo trabalho, pelo pagamento de nossas contas, cuidar de nossos filhos, alimentá-los, dar a educação devida, cuidar da casa, comprar um carro, fazer mais pagamentos, enfim, cuidar para que sejamos responsáveis ante a natureza que os deuses nos deram. E mesmo assim falhamos, graças à pressa em realizar, em obter, em viver acima dos outros, das montanhas, e ainda igualar-se aos grande governantes, dados como deuses no passado.

Vamos levantar devagar, escovar bem os dentes, cuidar do cachorro, fazer o lanche do menino, arrumar a cama, tomar o café sem pressa, ler um jornal antes de sair; vamos trabalhar com o coração aberto aos questionamentos, e vamos fechá-lo ao mal que separa o homem... a intriga. Sorrir enquanto trabalha, escutar uma música somente para descentralizar os ruídos humanos, e assim por diante.

E hoje, em meio uma crise econômica, quando nos falta tudo, principalmente o dinheiro, nossa razão se vai, mas pode ser controlada, como um cavalo feroz, a montar nele, sem medo. O certo nesse caso é ir à luta, mas sempre com o pensamento aberto, sem pena de si mesmo, sem a pobreza espiritual da desistência, sempre visando o choro, e a pena dos demais.

Sejamos fortes, sejamos guerreiros, mesmo porque as guerras nunca terminam, sempre nascem uma atrás da outra, e se não tomarmos uma posição humana com relação ao nossos projetos, objetivos, como entenderemos o ideal?

Abraços!





quinta-feira, 24 de novembro de 2016

A Culpa é das Estrelas?




Desde pequeno colocamos a culpa em alguém quando aprontamos e não assumimos nossos erros. E nesse mesmo período, erramos às vezes voluntariamente, e ao perceber que mais tarde erramos, mesmo assim não aceitamos... A culpa sempre é do próximo, ou daquele que está ausente... E ao chegar à idade mais madura, acreditamos que temos o caráter para dizer frente ao espelho que nossos erros são nossos e de mais ninguém; que vamos abraçar as consequências, sejam elas bônus ou ônus, sofrer com famigerado castigo... E mais tarde aprender com ele... -- ledo engano!

As reflexões a partir de uma consciência que sabe dos seus referenciais está a cada dia mais distante, mais obscura. Não somente em nós. homens de bem (ou que julgamos ser), nos adolescentes que se aprimoram em fazer buracos em seu presente, como acabar com seus idealismos por falta de um projeto, de um trabalho que lhe possa dar mais maturidade e aprender com ele. A própria sociedade -- agora de forma macro -- também sustenta esse título de irresponsável, mesmo porque ela nada mais é que a composição de vários núcleos que se integram e se relacionam -- entre si ou não -- e que se harmonizam por meio de leis pequenas, justas, porém flexíveis, o que dá a margem para que queiram e façam o que quiserem!

Enfim, a sociedade, em meio ao que não percebe, acaba por errar, pagar pelos seus erros, e fazer com que as leis se adequem ao seu universo, não ao contrário, como se fazia na Antiguidade, quando famílias possuíam suas divindades, entre elas a do Lar, e a respeitavam como um deus concreto e inviolável, de modo a disciplinar seu comportamento com vistas ao que a entidade era. Hoje, como cristã -- pelo menos noventa e nove por cento -- há apenas as divagações sociais e teóricas acerca do que é ou não é Deus, trazr à tona problemas em forma de respeito à família -- aos pais, irmão e a si mesmo. A religião, nesse ponto, posso dizer, me faz crer que é um ponto importante na educação dos jovens, para que ele adote princípios em sua vida.

Agora de maneira um pouco mais macro, podemos dizer que tais consequências -- mais uma vez, boas ou ruins, podem ser observadas em autoridades que se revelam, no início, responsáveis pelos seus atos junto à população, e colaboram para o bem estar de um país. Contudo, por "debaixo do tapete", um mar de incoerências, incongruências, incompetências, corrupções, mortes, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e desvio de verba daqueles que neles votaram...

O que foi feito na frente das cortinas jamais será lembrado, mesmo porque sabemos que, no fundo, há uma obrigação do governante, seja ele pequeno ou grande, mas que fora eleito com fins de realizar desejos da massa, e jamais será perdoado, em vista do que fizeram por trás das cortinas. E a depender do país ou mesmo da sociedade em que se encontra, governante sofrerá o máximo, como sempre o foi dentro da história humana, quando se sabe que alguém usufrui de um bem que não é seu.

Há nações, no entanto, que levam anos para trabalhar esse quesito histórico -- de fazer com que o governante respeite o que não é seu, dando-se a punição que merece. Essa nação, dentro do que podemos dizer acerca de nossas reflexões, possui mais irresponsáveis, inconsequentes, corruptos do que aqueles que vieram com projetos de crescimento de um país...


Ultrapassando as fronteiras do relativismo, podemos dizer que o homem, em seus feitos políticos e religiosos, ambientais, etc,  jamais saberá lidar com o que fez com a sociedade, porque não sabe assumir seus erros...

A culpa não é das estrelas.









quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Apenas uma conversa...





...Não foi uma boa ideia falar sobre "profissionais", mesmo porque não me cabe julgar ninguém e sim tentar encontrar meu caminho frente às demandas da vida. A questão, no entanto, sempre me martelou e por isso quis, de alguma forma, expor uma realidade por que passo de forma leve e sem pressões. Não consegui...

Mas, mudando de assunto, queria falar um pouco do que estou lendo: Ragnarök, Crespúsculo dos Deuses, de Mirella Faur, me deixa impressionado com o número de informações da autora acerca da mitologia nórdica. Quando abro o livro, parece que entro em um desses "buracos de minhoca" do tempo, e caio em outro sistema, e não consigo voltar.

Ragnarök é, segundo a autora, uma história mítica que relata o fim dos tempos, de tudo, e depois o renascimento em meio ao caos. Nele, nesse pequeno e extenso livro, há um respeito imenso ás culturas pré-nórdicas, nórdicas, claro, e infelizmente não à cristã -- em alguns casos. Para a autora, não somente ela, percebo, o Cristianismo foi um dos destruidores de culturas, com vistas a catequizar, à força, muitos ditos como pagãos. E o paganismo, como sabem, até hoje é mal compreendido, em razão de um preconceito advindo de uma época em que estava surgindo a ideia do no Deus único... Coisa que o pagão não entendia..

Para eles, havia deuses, assim como em várias culturas, como a egípcia, a grega, romana, persa, indiana...etc, e não uma entidade representando todas. Seria inconcebível para eles, tanto quanto aos cristãos que não aceitaram a natureza e suas formas elementares, mágicas e mitológicas, e compreensão de seus sacerdotes junto às leis universais. 

E nessa briga, o cristianismo, como fora colocado pela autora, venceu a disputa. Hoje, após várias gerações coibidas pelo mal dos guerreiros-cristãos, pelos sacerdotes, padres, fiéis e má-interpretes das escrituras, já se pode perceber que há uma tentativa de resgate do passado, não somente em livros, mas também na busca de como realizavam (para realizar) e respeitavam (para respeitar) suas crenças de forma mítica, em lugares bem fechados, mesmo porque ainda se pode sentir o cheiro de uma Idade Média por aí...

Um livro ótimo.
Tô gostando...

terça-feira, 22 de novembro de 2016

"Profissionais"




No serviço público aprendi, nesses vinte e seis anos, que a matéria prima é o profissional, aquele que se lhe dá por completo em tudo que faz, com competência, eficiência e modernidade, ainda que seja meio ultrapassada se fizer comparações com sociedades, culturas, países, ou seja, vai depender muito daquele que exerce sua profissão com dedicação e força.

Quero dizer, as modificações que fizer, sejam elas boas ou más, terão sempre referenciais adotados por experiências sofridas por ele, pelo profissional que comandará um grupo determinado. E nesse grupo, outros profissionais há, sempre tentando subir as escadas com sua competência adquirida em tempos idos, nos quais era apenas um cidadão comum. O servidor não se considera um cidadão comum. Ele se considera um ser realizado, mas que ainda não alcançara sua estrela maior... a gratificação.

E em nome dela, desse pequeno detalhe que vai reger sua vida, seja ela profissional, familiar, social e religiosa, fará o possível e o impossível para não deixar de sorrir, ainda que seja o sorriso amarelo dos homens sem personalidade, um sorriso belo, no entanto, cheio de carnes do restaurante ou um sorriso belo, limpo, como fralda de neném, antes de ser usada -- graças à escova elétrica, comprada com a gratificação que obtivera...

MAS eu não estou aqui para discernir acerca do que é ou não o profissional, mas tentar entender o porquê que ser o que não é exige uma transformação tão forte ao ponto de fazê-lo esquecer o que foi. E isso já vi muitas vezes, e sei que fui um pouco; mas também sei -- graças às minhas reflexões -- que não sou incoerente com relação aos meus princípios (e como diria meu irmão mais velho, "ao meu princípio, meio e fim!"), e posso voltar a ser o que sou.

Ser o que não é, no sentido mais humano da palavra, digo, mais íntimo do que posso denotar, é uma realidade natural (ou tornou-se uma), como uma cultura do gelo, nas águas do Polo Norte. Uma ótima referência à profundidade  do que quero chegar e me expressar.

O servidor se torna um lago gelado, sombrio, sem habitat. Apenas ele e sua ideias para a consecução de seus objetivos: subir e ficar ao lado do chefe, e com ele tornar-se mais frio ainda, como duas ilhas ou mais ilhas, sorridentes e profundas -- no sentido mais perverso. 

E nesse jogo eterno de ilhas em busca da medalha, do "parabéns", do tapinha das costas; do jogo sem leis, no qual sou um atento observador, percebo que a dramaticidade é tanta que muitos se julgam marcianos de inteligência superior, de outro planeta, ou mesmo melhores apenas porque conseguiu comprar uma roupa que viu na vitrine da loja sonhada... Mas isso é café pequeno, como dizem nesses bares, o mais cruel é não dar bom dia às pessoas, seguido de um rosto tão reto e sem vida, que percebemos que estamos criando -- aqui mesmo -- qualquer coisa, menos humanos.


Precisamos conversar sobre isso!



segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Jardins e Jardineiros









...Sabe, eu fico mais uma vez a meditar a respeito das vocações: será que é preciso que tenhamos a tendência, a essência natural para exercer nosso ofício? A resposta nos vem com o tempo, com a brisa passageira que nos beija, com seu amor sutil, nossos rostos. E ela vem nos contando, tão rapidamente quanto o seu beijo, a história de um homem que gostava de plantar, mas não sabia o que era terra, nem mesmo tinha tanta afinidade por ela.

Nessa história, o homem não é bem um jardineiro, nem mesmo tem amor à sua profissão; ele simplesmente está lá por causa de um interesse, seja lá qual for, não sabemos... Mas, com o tempo, ele passa gostar mais e mais, a ponto de entender que é preciso saber a respeito da terra, do plantio, das rosas, e ter mais que gosto pelo que faz... É preciso ser um naquilo que faz. Planta, terra, jardim, jardineiro deve ser apenas um... Não três, quatro, cinco.

E depois de muito tempo plantando, e se esquecendo dos interesses que o fizeram jardineiro por "acaso", sente que é preciso algo mais, porém não consegue saber o quê... E isso, depois de tempos, foi carcomendo sua consciência a ponto de irritá-lo, pois suas reflexões não eram mais comuns em relação ao que fazia, pois, a seu ver, já transcendia-se, elevava-se e não era mais apenas um homem que cuidava de um jardim, era o dono da Terra como um todo, pois seu racionalismo tomou conta de sua mente, corpo e alma, a ponto de saber tudo sobre tudo o que fazia...

Um dia, tão comum quanto qualquer outro, o jardim, ornamentado, belo e querido, fora pisado por uma criatura doméstica -- um pequeno cão -- que passeava por lá. E como cão, que é, gostava de puxar a terra, cavar buracos, esconder ossos ou procurá-los. Nesse mesmo dia, o jardim, depois de meses cultivado como um "sobre-jardim", caíra nas graças do animal, que o fizera de uma cova enorme, com terras saindo por todos os lados, com plantas masticadas por patas brincalhonas, mas fatais...

O jardineiro chorou, foi atrás do animal e quase o matou. Sabia que aqueles meses de trabalho foram fora do comum, pois aprendera gostar do que fazia, pois trabalhara com afinco e dedicação ao que ele chamava de seu melhor trabalho...

Filos

Sabemos que todos que se dedicam a uma causa, seja ela voltada a matéria, ao capital, ou mesmo à vaidade humana, e talvez por isso não se entende que, ao se voltar ao que possivelmente vamos amar, aquilo se vai, de alguma forma, para o túmulo. Se nós, que nos achamos imortais, um dia, iremos morrer, por que o que fazemos com essas duas mãos haveria de ficar eternamente...? Até mesmo os egípcios, donos de vários trabalhos quase eternos, sabiam que um dia iam ser traídos pelo tempo... Pois somente ele sabe que nada dura,  tudo sempre se vai para sua origem natural,,,

Enfim, em nossas pequenas razões, alimentadas pela fraca sabedoria do dia a dia, trabalhamos, morremos por tudo e por nada, e sabemos que um dia aquilo para qual vivemos desde a mais consciente das idade nos permite entender, acabamos por acreditar que as coisas não se vão, e sim ficarão como rastros egípcios, gregos, romanos, e tentamos nos igualar a nossa alma, que pede eternidade, porém alimentados por um desejo -- que como desejo -- engana-se, e vê sua obra se  esvair diante dos olhos.

No fundo somos supostos jardineiros, em busca de realizar nossos sonhos com o que fazemos, não com o que somos. Não há uma busca em ser, mas em ter. Ter a terra, as plantas, o sol e todos os elementos naturais à nossa merce. E o nome disso é materialismo, nada mais. 

Esquecemos, entretanto, que há algo que nos pede e nos implora que sejamos mais que cuidadores de jardins, e esse algo bate às nossas portas quando nos passa um pequeno cachorro, sendo apenas... cachorro, e as vezes, uma chuva, sendo... chuva...; e na maioria das vezes, um outro ser humano que, a querer ou não, com suas intenções escusas, nos transforma em animais irracionais, a quebrar tudo que fizemos e amamos...

E assim, nosso trabalho, fruto de uma paixão, nos pergunta e ao mesmo tempo nos responde com todo seu sorriso... "Valeu à pena você ter me amado tanto, se não aprendeu ser o que buscas tanto? Ou realmente querias ser um animal. uma besta fera, em meio a uma terra, que jamais deixou de sê-la, ou uma planta, que sempre o foi, e você, um suposto jardineiro, cuidou de mim para ser um animal e não um ser humano? ou acreditas que teus braços e pernas, mente e alma, o fazem ser melhor do que somos? Não, não acho... "...

Em tudo em que trabalhas, seja melhor do que você mesmo. Sejas humano para com você e para o próximo. Senão nada valerá a pena, pois tua alma sempre será pequena.






quinta-feira, 17 de novembro de 2016

A Escolha




... Não podemos ir de encontro ao que somos, buscadores insanos pela verdade, pelo amor, pela vida. Os mistérios nos rondam, não nos deixando dormir, e quando o fazemos temos pesadelos simbólicos, nos quais somos a águia devorada pelo dragão da vida, que nos rouba a própria vida, com vista a nos fazer renascer em forma de leões a dominar nosso território, nosso ambiente familiar.

 ... Não podemos ir de encontro ao que desejamos ser, seres majestosos em forma de carne e osso, peles negras, brancas, amarelas, pardas, etc, sempre a nos diferenciar daqueles que não pensam, não amam, não refletem acerca do sol que nasce pela manhã... Enfim, temos que voltar a ser nórdicos, gregos clássicos, romanos guerreiros e construtores de pontes, nas quais passarão o inimigo e o amigo também.

Não é difícil quando olhamos a nós mesmos, e nos perguntamos, “será que é preciso ir à igreja para encontrar Deus?”, “Somos grandes ou pequenos?”, “ O que vemos é real ou não ??”, claro que as respostas podem vir baseadas de princípios sagrados ou bestiais. A gente escolhe.


Temos que conversar mais sobre isso.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Dias Sombrios






O Homem...

.. Após seu rompimento com as tradições nas quais seus ancestrais almejavam o espírito, hoje, em meio ao sofrimento dos sistemas, não sabe mais o que pensar... Talvez pense, mas um misto de arrependimento e frustração em relação ao que fizera consigo e com gerações póstumas... Mas não pode estacionar, e sim seguir adiante, tentar reverter seus conceitos, olhar o mundo novamente com olhos de sábios, que ainda está longe ser.

Assim, poderia seguir, ainda que seus buracos passados não possam ser tapados,servindo de crateras dos seus pensamentos, da sua ignorância, e seguir sem que tais frialdades se façam novamente, com vistas a um mundo novo, a começar por si mesmo.

E quando falamos em olhar, pensamos no seu mais vasto sentido, ao contrário do olhar político que nos tomou conta de uns anos para cá e nos tornou céticos em relação ao nosso futuro. Pois a Política, meio pelo qual se dialoga com as massas, tornou-se ponte quebradiça antes de ser construída. Não somente ela, mas todo os instrumento louvável do passado que, hoje, acabou nas mãos do maus interpretadores de sonhos, que se julgam donos de uma época, de um mundo, de um universo, de um futuro sem lógica, tanto quanto as estrelas que nasceram antes de nós.

Temos que conversar muito sobre isso.




segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Sui

Meu filho, minha vida.


Às vezes, em meus pensamentos mais absurdos, mais hediondos, chego a me comparar aos jovens sem ideais, sem futuro, sem questionamentos, sem mente e alma. Alojo-me em meu resto de corpo, fico paralisado dos pés à cabeça e tento imaginar o inimaginável... A última cena do homem no mundo. O suicídio. A morte de si mesmo.

Um outro momento porque passo é a tentativa de resgatar o porquê dessas elucubrações, como um fio de cabelo transparente, entre a realidade da vida e a imaginação do surreal, puxando loucamente a parte que não não traduz nada, a não ser o mal ao coração e à própria alma. São instantes de desespero, dentro do qual fico a me perguntar, como um homem que sou, não um adolescente sem rumo, "por que somos assim?"...

A falta de compromisso com a vida, com as pessoas, e mais ainda com a família, não seja em sua totalidade o bastante para repensar a falta de pensamentos boons, mas talvez o excesso dele. Ou seja, cuidar demais das pessoas,  pensar demais neles e ao mesmo tempo não ter aquele ...feedback da vida quando se precisa.. Enfim, o prêmio por ser tão responsável... talvez.

A imaginação paira entre o que se pode e o que não pode, o que é realizável ou não, entre a possibilidade e a probabilidade... E quando chegamos ao ponto máximo de se obter a resposta, acordamos. Preferimos viver, sorrir, olhar os quatro quanto do mundo, a lua, o sol, os mares, os recantos, jardins, e quem sabe um mundo em paz. 

Mas o que me faz levantar não é o que sou, ou o que fiz para minha família esse tempo todo, nem mesmo os troféus que consegui -- bom emprego, boa família, amigos, -- mas uma pessoa que se reserva somente a mim, para me fazer feliz somente com a sua presença, com seu amor natural, com suas pegadas macias, e seu sorrido contagiante...

Essa pessoa, tão forte e bela, frágil e ao mesmo tempo tão corajosa, me ensina todos os dias que somos meras crianças em relação à vida, e que esta só está se iniciando, nas manhãs livres de conflitos, livres dos noticiários que derramam sangue em nossos olhos assim que ligamos a tv. 

Meu filho.

Dono de um pijama azul que escolhera em uma loja de roupas infantis, na qual havia pouquíssimas opções para pobres, pois cada peça era um trauma para o bolso; ele, no entanto, se encaixa sempre bem tudo que veste, que calça, que tudo. Não por isso, mas por ser o que sempre esperei de uma pessoa, de um menino cujo respeito se traduz não apenas em comportamento, mas em palavras. Fala pouco, mas o necessário para que eu, como pai, posso dar-lhes beijos e abraços.

E na hora das refeições, tudo que aprendera no dia quer passar a mim e à minha esposa como um pequeno computador com pernas e braços, magrelo, e com intervalos entre o que come e o que fala. São momentos que pais devem estar presentes, e eu estou ali tirando o máximo proveito do pequeno ciborgue, que nos ama com todos os nossos defeitos.

Mais pensamentos

Passado o almoço ou mesmo o jantar, me questiono a respeito de minha educação em relação a ele, ao meu filho. Sei que não tenho motivos para reclamar agora do que passo a ele, mas, mais tarde, quando ele estiver com o dedo apontando ferozmente o meu rosto, com suas opiniões acerca do que é a vida -- mesmo sem conhecê-la direito -- não sei se vale à pena tudo isso, penso.

Há pais maravilhosos que sempre estiveram ao lado de seus filhos, mas seu filhos nunca estiveram ao seu lado. Seus pensamentos, voltados ao dragão maior -- internetes, jogos, filmes pornôs, etc -- sempre foram os vilões de um filme cujos pais tentam ser os heróis na tentativa de resgatar os seus em meio a um mundo que não sabe lhes oferecer nem mesmo uma música... muito menos ideias para progredir na vida.

Muitos casos, no entanto, são individuais, ou seja, depende muito da pessoa, mas a maioria, não mais sabe para onde vai, ou por que vai. E quando chega lá, caem da vida e desfalecem como plantas sem água há muito tempo.

A água, a que me refiro, seria ideais baseados em premissas tradicionais, nas quais se aprende a lidar consigo mesmo e com o próximo, e mais tarde com a própria vida. Hoje é ao contrário... torna-se um grande profissional, um grande orador, mas não se sabe nem mesmo de onde veio, ou sequer respeita-se a pessoa do seu lado. 

Sui

A vida, descobri, tem seus dois lados. Este no qual vivemos e o outro, no qual vamos viver. Não adianta "fugir" do que ela nos espera, tentando ir embora antes que ela permita, pois o ciclo que nos espera do outro lado é quase o mesmo, só temos um novo modo de ver e viver, mas a labuta é contínua...

Enfim, se temos -- ou tenho -- preocupações agora com a própria vida, tenho que me limitar dentro de uma ordem na qual eu possa resolver tudo que me é dado, tudo que tenho e que me deram a resolver. Não adianta, repito, fugir. E se temos uma prova maior que nós mesmos, ela não é nossa, mesmo porque tudo que nos aparece é do nosso tamanho, assim como para cada herói existe um vilão proporcional aos seus poderes,

E se nossa prova maior é a família, esse grupo complexo natural e misterioso, e dentro dela nossos filhos, que sejamos os heróis, com vistas a deixar rastros para uma geração que precisa de espelhos para se ver e de muito amor para entender a vida.


sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Do Coração



A beleza humana em fazer algo ao próximo sem desejar nada além da própria felicidade, ou mesmo de um simples bem estar, foi comercializada -- não hoje, e não sei quando --, e autalmente, todos os atos voluntários humanos, voltados ao bem são vistos como capitalistas, comerciais, frios e calculistas, como sorrisos de aeromoças, dos quais percebemos a desconfiança quando ela diz... "está tudo bem, podem ficar calmos".

Nem sempre podemos ver assim. Somos humanos. Em algum coração não muito distante há de haver um simples ato voluntário -- sagrado -- em que possamos confiar. Caso contrário, teremos sempre a mente voltada à desconfiança, ao medo, e nunca teremos meios para entender o que somos por meio de pessoas realmente maravilhosas, pois elas existem.

Sucumbir aos noticiários que traduzem o desejo popular de ter -- e não de ser; ao usufruto comercial em nome de religiões, sociedades, famílias, grupos que, pelo bem de todos (entre aspas), passam anos produzindo presentes com fins de lucrar em cima daqueles que esperam um grande abraço sem preço.

Agora que o Natal está chegando, atos voluntários em nome do real amor crescem, mas crescem também o desejo de ter, de comprar, de sair e não voltar mais em nome de um presente que há muito se espera: o seu próprio. Nele, o desejo de não voltar, de sumir em direção ao universo sem fim, de pegar uma nave espacial emprestada e passear pelas esferas planetárias e quem sabe não voltar mais... É o presente que se deseja a si mesmo.

... Mas como fora dito, nem todos os são assim. Percebemos que corações e mentes esperam a data (Natal) com fins de voltar à origem, à sua família, ao bojo natural do qual saiu. Cantar, chorar e amar junto daqueles que, mesmo tão diferentes quanto seus amigos, são da mesma raiz -- mãe, pai, avô, avó... enfim, de sua árvore que o caracteriza fruto do mesmo pomar.

E esse sentimento de voltar à origem, tão belo quanto o ouvir de uma sinfonia que nos remete ao mais íntimo de nossos ser, nos carrega para longe sem que precisamos sair do lugar, e nos une, em laços que se entrelaçam, ainda sejamos duros na queda, ou melhor, duros com a vida.

A beleza humana em realizar o bem ao próximo deve sempre estar preso nas qualidades humanas, antes mesmo que as datas comemorativas o denuncie. Esperar que tenhamos meios para presentear, ou quando estamos imbuídos daquele sentimento livre que quando acordamos, nos faz ciborgs, presos a alertas ligados em nossa mente, como relógios pela manhã...

Não precisamos disso. O Natal é agora. Nosso aniversário é hoje. O dia das crianças foi ontem, e o dia do amigo é sempre!


Tenhamos uma bela sexta feira (friday, Dia de Frida, dia do Amor!).

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

A Face Oculta do Universo

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Mulher: um cofre bendito.


.. Nesse universo em que homens e mulheres possuem suas diferenças, aquelas que mais me detêm são a força e a fraqueza de cada um. O homem, na sua coragem, força, no seu desbravamento histórico, e porque não dizer disciplinador; e a mulher em sua brandura, pureza e amor, me fazem repensar o porquê somos assim... E caio sempre na resposta: a grande necessidade universal dos dois se encaixarem como indivíduos que são (que somos!).

Por outros lado, quando nos vem o lado mais sombrio, quando a colheita não vai bem, ou mesmo quando há uma devasta em nossos corações em meio a impossibilidades de levantar, as reações são diversas, seja para um, seja para o outro... 

O homem, em sua natureza explosiva, desfaz seus lamentos, sua ira, seus males internos como um dragão que acabara de ser solto, ou mesmo um cão raivoso que devora o dono quando faminto... E a mulher, esse ser belo por natureza, perfeito em sua práticas cotidianas, a qual possui a grande capacidade de lidar com vários problemas diários, repele a nuvem negra, espanta o cão raivoso com seu sorriso, acaricia o dragão com a sutilidade de uma flor.

Contudo, em seu coração, abalado pelas batalhas naturais por que passa, mora o maior mistério de todos: o de resguardar por mais tempo a amargura humana, a dor, como uma caixa de pandora às avessas, que, aberta, revela o mais terrível do sentimentos, pois, aqueles que guardara no início se transformaram de pepita para um ouro maldito.

Duas Faces

A face humana se revela, na realidade, em cada problema, em cada degrau que se sobe todos os dias. E a depender da pessoa, tal degrau não se escala, porque prefere ficar naquele eternamente a dizer que a culpa pelo problemas não era dele, e sim do amigo, parente, Diadorim*, enfim, descartando todas as vertentes humanas em resolver o que veio para nos elevar.

O homem, em sua explosão, deveria, assim, repensar suas palavras, seus atos, de modo a não causar impacto em seu grupo, meio ou sociedade, mesmo porque o que as palavras traduzem são como flechas atiradas no coração de cada ser, não apenas em um ou dois... Mas de todos. Isso às vezes proporciona separações, revelações, até mesmo distorções em relação aos seus objetivos. Não adianta, depois, desculpar-se.

A mulher, de certo modo, sorrateira em sua forma de resguardar o mal, assim dizem os mitos antigos, nos quais a mulher, como simbolo do cofre da dor, nos proporciona mais tempo para lidar com a correnteza que vem, após a quebra do dique. Podemos nos abrigar  das consequências como habitantes medrosos da morte...

O estouro, claro, é maior do que o do homem... Já ouvi mulheres declararem morte a outra por problemas mais antigos que o conflito. Já ouvi (e ouço) mulheres quererem modificar suas vidas em função de uma simples briga, ou por uma simples palavra mal colocada. 

Por isso, recomendam os mestres que façamos o melhor possível em nossas vidas, em nosso cotidiano, pois explosões, draconianas ou não, dividem casais, e por isso dividem o mundo. E se dividem o mundo, o próprio universo sente a necessidade de mudar sua própria ordem, como uma célula que acabara de falecer num cérebro doente: ele se adapta.

Não queremos que o universo se adapte ao humano, e sim ao contrário...

terça-feira, 8 de novembro de 2016

A Essência do Inferno



... Ainda que eu busque os corais das grandes catedrais, com seus ornamentos, suas torres, sinos e belezas sem fim, não conseguirei deter-me em minha maldade ao sair pela porta de mármore, e sentir a brisa de uma realidade tão violenta.

Ainda que eu escute, em uma sala solitária, o cheiro do perfume da solidão, um Bach, um Mozart, em sua mais triste lacrimoza, unido a mais íntima paz, que levei anos para juntar, como cacos de um vidro que se quebrara com o som do sol... Não terei a verdadeira paz ao me levantar em direção à escada em direção à terra, na qual seres como eu se principiam em chorar as dores que se foram anos atrás, além de rebuscar outras mais amargas, em que residem o mal maior, que é a falta de fé humana.

Ainda que eu chore uma lágrima bela em direção ao sol, escute um poema drummondiano, em que eu encontre Deus em minhas entranhas psicológicas e me levante  como uma pedra filosofal, em nome dos monstros sem cabeça que criamos em nós, há sempre o mais amargo a se ver, há sempre a nuvem que se faz em nome da modernidade que nos tapa os direitos naturais, nossa essência, nosso real amor divino, do qual nasceu todas as essências que percebemos...

Por quê, Senhor? Por quê, senhores do Darma e do Karma? Por que as essências humanas não podem ser mais apreciadas, tocadas...? A realidade dói. O mundo em si nos destrói e nos devasta intensamente como folhas ao vento sem nos perguntar nada, sem palavras, sem avisos, sem piedade... 

Por que, por mais que eu encontre Deus em minhas possibilidades, tenho que voltar ao inferno, lidar com o Capeta, e suas formas mais hediondas e dizer que estamos aprendendo com ele... Parece-nos uma contradição, um falácia, uma controvérsia, uma prolixidade divina em que homens de bom senso, com vistas ao crescimento, em sua máxima sabedoria, diriam que a dor pela qual passaram foi algo bom...

Talvez a escuridão seja necessária, a beleza de algumas dores também; talvez a falta de sol por alguns dias, algumas palavras de amor sem nexo, mas a guerra indiscriminada, as mortes frias de seres que nem abriram os olhos ao mar, ao sol, à flor, ao próximo... seja a maior das dores da vida, e por isso nos surgem mais dúvidas quanto ao alto, às suas razões de existir, simplesmente pelo fato de ser bom por alguns instantes,,,

Sei que estou confuso quanto ao que esperamos dos mistérios, mas eles se não o fossem assim a vida seria uma junção de palavras e contos literais, mitos literais, unidos à simbologias falsas, nas quais o próprio homem teria que rever o sentido da vida de outro ponto, sem que fosse à sua origem. E isso nos afastaria do que realmente somos. 

E o que somos? alpinistas em busca do pico da montanha mais alta, sem se importar com o próximo, apenas com a subida, e por isso tudo perde o sentido, mesmo porque o que buscamos é a essência humana regada de humanidade.






segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Da Mais Alta Montanha, ao Mais Profundo Oceano





...Como diria uma grande professora, que, como a maestria de Vila Lôbos, sutilidade de Bach, meiguice de Gibran*, a sorrir frente a poucos alunos, mas fisgados por seu talento em hipnotizar mentes ávidas, "Levamos tempo para subir uma montanha, mas a descemos tão rápido quanto um menino em um carrinho de rodas"...

Ela se referia às batalhas humanas, as quais nos ensinam que, em todos os aspectos, levam um grau de dificuldade para vencê-las. Isso já sabíamos, porém, quando fazemos alusões ao ser humano, ao mais íntimo dele, percebemos que precisamos mais do que uma vida para entender. Ficamos, assim, somente com a teoria da montanha.

Um pouco mais distante que a nossa querida professora, um dia um grande filósofo deixou-nos uma máxima... "Temos um ser humano preso dentro de nós, amarrados por nossas debilidades, louco para sair".. Platão aqui foi um pouco mais profundo, tal qual um submarino que não volta há anos, mas ao mesmo tempo, claro como um rio que não fora tocado por qualquer ser. 


O filósofo, que viveu há mais de dois mil anos, revela que sobrevivemos com o que temos, com o que acreditamos está certo em nossas possibilidades, e nos cala ante ao que realmente somos. Presos dentro de nós mesmo. Um ser real, claro e verdadeiro em sua essência, e que buscamos em ideais mais altos que arranhas-céus, porém mais misteriosos que as águas não navegadas.


Tanto a professora quanto Platão discorrem acerca do ser humano, do mais verdadeiro ser. Seja no pico mais alto, seja do oceano mais profundo, a simbologia cresce quando estamos prontos para entendê-la. Ou seja, dispensamos esforços, mentes e corpos, apenas se esvaziarmos nosso copo, o qual, pleno de contaminações, ainda se envaidece com racionalismos frios, que fazem questão de abandonar o seu real papel.

A dificuldade, entretanto, segundo os mestres, em buscar a sua essência, faz parte de uma outra realidade, a mais necessária talvez, porque somos passivos de errar, e muito, assim como uma criança que tenta levantar-se de uma queda, de um animal que não aprende com a punição do seu dono, enfim... A (deusa) Necessidade se faz, se materializa ante nós, e aprendemos aos poucos que a montanha somos nós, e que estamos também no alto, observando o que a personalidade nos faz... Estamos presos, ao passo livres, graças a consciência que nos revela o que somos, pelos menos em alguns instantes, e quando isso nos acontece, a venda dos mistérios cai um pouco de nossos olhos.


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Breves



Nascemos e vemos a luz, e choramos, mesmo sem dor. Pelo desconhecido que se mostra em forma de mãos que nos acolhem, sentimos. E nessas veias primárias que se escondem em nosso pequeno corpo frágil, nesse coração ainda em formação, dessa mente que, como um para-raios se intimida em entender o que está acontecendo... Tudo nos vem como um turbilhão de pequenas, mas significativas emoções, mesmo porque são as primeiras intimidações divinas.

Somos puro instinto. Somos pureza. Somos filhos de uma certeza de que estamos dentro de um mundo que  nos dará o que queremos em forma de alimentos para o corpo e para a alma; nele, questionamentos faremos, cresceremos com eles, seguiremos ideologias, filosofias, seremos perseguidores implacáveis de outras que não nos convém... Seremos preconceituosos; homens que odiarão outros, e amarão muito a outra parte. Amaremos tanto, que morreremos em pé, acima das pontes, acima dos maiores edifícios do mundo – e faremos, como crianças que não se foram, de tudo para serem percebidos...

Sorriremos depois. E em meio a amigos que já tiveram experiências, ouviremos, sorriremos e voltaremos a chorar pela partida do irmão, do amigo, da mãe... do pai, e sentiremos nas veias, não mais as veias físicas, a real dor. E clamaremos aos deuses o porquê de nossa estada nesse planeta, nesse universo, o porquê do respirar, do andar – e para onde? – e mais uma vez, como um bebê, seremos sequestrados por ideias magnificas sobre o céu e o inferno –  sobre os quais jamais tínhamos ouvido falar com tamanha força...

A dor nos fez procurar o que somos. Muitos se encontram. Outros, não.  Passaremos pelos bares, cheio de amigos intelectuais (ou não), os quais leram de tudo, de Maurício de Souza a Platão, passando pela Bíblia e nos irradiará os olhos com suas palavras, mas não dará um só amor a uma criança, ou a alguém quando necessitado... E isso será a divergência, até mesmo a incoerência, a discrepância humana até o fim dos séculos, graças ao que chamamos de livre arbítrio...

Iremos à igrejas sem respostas, cheias de caminhos fáceis para o céu e para o inferno, se não segui-la... seremos manipulados em nossas respostas, por perguntas sem sentidos, que nos deslocarão o coração, e nos farão pecadores por não sermos adoradores de um Deus mal explicado.

Mas a natureza, aquela que nos persegue, aquela que subjaz aos nossos planos, aos nossos questionamentos, ao próprio confronto e indignações, terá sua semente crescida e expandirá até que crie frutos dentro de nós. Vai nos alimentar de uma realidade eterna e pura, casta, e ao mesmo passo segura e bela.

Após anos, antes de ir embora, voltar para o lugar de onde viemos, renascer noutro mundo e morrer para esse, nos sentiremos como um Guliver, o homem que embarcou gigante em uma praia, e quando se foi, soubera o quanto era pequeno ante ao que aprendera.


Quanto ao que somos e para onde vamos, e por quê... “em verdade vos digo”,  será um caminho tão longo quanto a própria vida na busca da semente do próprio eu.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Fio de Esperança

De volta ao presente.


Sempre que acordamos, o fazemos por algum motivo seja ele qual for. Mas quando esse motivo nos some da mente e da alma, a nos fazer levantar, escovar os dentes, tomar banho, tomar café, de forma mecânica, temos que dar uma pausa. Não somos máquinas, temos o direito de refletir acerca do que nos ocorre, ou mesmo sobre aquilo que quer nos tornar um "ciborgue".

Normalmente, pensamos na família, em especial nos filhos, os quais sempre são a sensação de nosso viver, pois refletem a educação que queremos, ainda que em algumas vezes nos sentimos culpados por alguma má direção. Porém, na maioria das vezes, quando em brincadeiras nos perdemos -- no futebol, no chão, com seus brinquedos de heróis, no banho de mangueira... Temos a nítida certeza de que estamos indo para o caminho do Bem.

Há, entretanto, o fato de que irão crescer, tornarem-se homens, terão suas escolhas, mesmo que, lá trás, você tenha, repetidas vezes, dialogado sobre o que é realmente bom ou realmente mal. Terão atos praticados sem qualquer referenciais, não saberão nem mesmo o que seria isso, mesmo porque andarão em "águas proibidas", tais quais os pais o fizeram na juventude...

O medo maior, contudo, se esconde na tatuagem... (calma!), digo, em problemas que jamais poderão desfazer, mas, esperamos, enfrentar, abraçar e, pelos deuses, aprender com eles. A juventude de hoje, infelizmente, se iguala a um exército que se acomoda no meio das matas, propício a perigos dos quais podem deles sair até mesmo a morte... Pois perderam o escudo: a educação.

Há que refletir antes de fazer,sempre baseados em premissas fortes, das quais tiramos nossas palavras (lá do fundo do coração) com a finalidade de lhes direcionar para a parte que nos interessa, a parte da vida que brilha tanto quanto o sol pela manhã...

Por isso, leio muito, e tento praticar "socraticamente" ações quando possível. Por que "quando possível" e não sempre? A vida nos dá problemas e cada um com o tom da cor da pele de cada um, ou mesmo da maneira que somos internamente. Os pais, além de tentarem resolver os seus grandes problemas, devem fazê-lo como heróis que empunham suas lanças e decretam guerra somente para demonstrar sua força junto aos filhos. Assim o somos, homens que buscam ideais, sejam em forma de projetos, em forma de modificação social, familiar, religiosa, e mais, educando seus filhos nessa jornada que não cessa jamais.

Não podemos, no entanto, deixar que toda essa tentativa de realizar sonhos alheios faça parte de sua vida até o fim dela. Há outros ideais, e por eles que vários homens do passado queriam nos traduzir com a finalidade de nos deixar um pouco melhores, todos os dias. Essa tentativa, essa busca obrigatória humana talvez seja a mais difícil, porque, em noventa e nove por cento dos casos, não abrimos mão de nossos princípios -- muito pelo contrário --, pois, temos medo do que é novo, ou daquilo que mexe com nossos brios, os quais foram formatados por nossos pais, avós, bisavôs, enfim, do novo, e quando damos o primeiro passo para frente... andamos mais dois para trás, automaticamente...

Preciso acordar com mais esperanças de que o que nos cerca de forma invisível é tão mais forte e melhor do que aquilo que vejo.


A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....