quinta-feira, 5 de novembro de 2020

A Consciência: fora do abismo

O fundador da Psicologia Analítica, o grande Carl Gustav Jung, em várias de suas obras, nos expõe conceitos explicativos a respeito do Inconsciente Coletivo e do Inconsciente Individual. Os dois, segundo o psicólogo, podem ter sido apenas nomeados por eles como tal, mesmo porque já haviam em forma de estruturas mais fixas, como os arquétipos no passado.

Todos inclinados a 'explicar' a saga humana, desde a tenra idade até o final da vida. Segundo Jung, para entender os arquétipos, no entanto, deve-se compreender as histórias míticas que norteiam cada cultura, de modo que reunidas como linhas paralelas, as quais se encontram em um só ponto no final, vão delinear o que somos, ou pelo menos explicar o enredo humano.

Nesse ínterim, Jung deixa bem claro que, para compreender tais conceitos, sejam de arquétipos, sejam de Inconscientes, é preciso entender que a consciência é parte do todo humano, não aleatória ao indivíduo, muito pelo contrário. Desde cedo, pode-se dizer que temos a percepção dela através das funções mentais.

Primeiro, antes de tudo, por meio do aspecto emocional, sem o qual não há como visualizar o que podemos ou não trazer à psiquê (alma), e de alguma forma restringir ou não o que se acrescenta à consciência. Isto é, como uma pequena estrada que se torna edificante com o tempo, a consciência se inicia e se torna forte. Ou mesmo como muros, feitos de tijolos fortes, desde o início, e terminam como tal. Entretanto, quando se fala em consciência é preciso entender que não se faz apenas caminhos e muros, mas algo que, a depender do Inconsciente passado, o coletivo, pode haver mudanças ou não.

Aqui moram os contos, os mitos, e as histórias tradicionais nas quais a humanidade teve a singularidade única de passar. Hoje, a exemplo, o Egito não é mais o mesmo, porém, há, ao mesmo tempo, na alma coletiva -- não na mente dos atuais habitantes,--, o grande respeito de um país que foi no passado potência espiritual, e até, em algum momento, estrutural e simbólica. Assim, em várias outras culturas nas quais nem mesmo a educação se aproxima do que fora antes, hoje, podemos dizer que ainda resguarda um elo com o passado. Incrível.

Jung, voltando, demonstra que a Consciência é a razão para qual se vai a consciência individual, e também coletiva. Ou seja, quando nas histórias passadas ou mesmo atuais, houver algo que religue com a Alma (Talvez o Nows platônico), há a realização sagrada de cada um.



Volto depois.




quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Consciência: a Falta de Escolhas

Zeus, o maior dos deuses do Panteão grego, não era apenas uma divindade inventada para o ocupar o lugar em um mito. Todo indivíduo, assim como o indivíduo nórdico para a figura de Odin, sabia que suas estruturas internas dependiam daquele ser 'inventado', daquela figura, a qual, assim como centenas de outras da História, mesmo porque um 'inconsciente' já o tomava em relação aos deuses, ao sagrado, a si mesmo.

Por isso, os sacrifícios, as homenagens, ou melhor, a prática voltada àquela figura, que, misturado a evidências, às circunstâncias, ao que poderia ou não ser explicado, teria que continuar... Ou seja, o grego, o nórdico, o romano, ou mesmo o egípcio não acreditavam que tudo era desígnio apenas de uma natureza pessoal, porém, mais profunda, enraizada em preceitos não só históricos, mas racionais, no sentido de compreender uma Razão na qual o próprio homem não pudera jamais explicar.

Por fim, não havia o "vou fazer porque eu quero", e sim, pelo menos na maioria de seus atos, o que as divindades aceitavam, e Zeus, assim com Osíris, entre outros, de um Ocidente esquecido, "permitia", ou melhor, religava-se àquele.

Para cada ato, trabalho, oração, havia um ser no Oculto, tão explanado pelos grandes do passado, e hoje pelos descendentes destes, os quais, em vias modernas, tentam encaixar a consciência tradicional de volta ao seu eixo. Não é fácil. Estamos em outros tempos, em lugares cujas palavras ou o seu jeito de se encaixar nas orações, além de seus significados, caiu, sem falar nos templos passados, nos quais crenças passadas nada mais são do que homens presos aos seus interesses e pedras frias, a espera do passado.

A consciência, a meu ver, se mudou. Foi para um caminho mais estreito, cheio de irrelevâncias e ao mesmo tempo sem respeito algum. Antes, por mais simples e banais que pudessem parecer, nossas obrigações para com a 'linha imaginária' da consciência não era tão falha: tínhamos uma relação, um equilíbrio cantados, transformados em educação (do edutiere: de dentro para fora), em símbolos, fossem eles naturais ou criados com tais finalidades, mas eram tão sagrados e firmes quanto esse presente em que se nascem verdades em cada canto, em forma de igrejas e homens sem sabedoria...

A maioria dos homens, claro, não eram sábios à época, entretanto reverberava em forma de palavras nas fogueiras, nos livros, ou, antes, em hieróglifos, nos quais apenas o que 'se deveria' ensinar estava lá, não o que era fútil, desnecessário, ou mesmo com o fins de resguardar aos reais apaixonados pela verdade, os quais nasceram e morreram por ela. 

Estamos longe de sermos sábios, mas sabemos que nossa consciência, hoje, norteada por histórias interpretadas à luz da política, e da pouca religião entre os homens, nos faz adormecer a alma e nos inclinar ao espírito dos amos de uma grande caverna..



Volto depois.



Consciência: à sombra de Deus

Na antiguidade clássica, muitas das nações estiveram sob o manto de divindades que atuavam quase que diretamente no cotidiano daquele povo. Havia várias, não uma, mas várias às quais se prestavam serviços sagrados, e para as quais sentimentos, emoções, guerras, conflitos de todos os níveis eram levados -- e por que não dizer elevados.

Não havia uma brecha na qual não se podia fazer um pequeno sacrifício, ou mesmo uma interpelação seja ela de qual nível fosse; tudo era, de algum modo, em nome Delas. Isto é, tinha uma direção, uma forma clara (e quase visível de) condução daquelas consciências ao alto, ao sol, às esferas mais misteriosas de que se poderia imaginar.

Os mitos, para isso, foram elaborados. Em suas manobras necessárias para compreender e elevar a consciência coletiva daquele povo, graduados religiosos -- os sacerdotes --, como fiadores do tempo, mestres eternos, imortalizaram o universo, com participação dos deuses e humanos, em histórias que não apenas contam os passos humanos em direção ao sagrado, ao profano, mas principalmente a si mesmo.

Tudo se tornou um elo muito forte entre o homem e Deus, ou entre os seres mortais e os deuses imortais até então. Para quem já ouviu ou leu a respeito das várias culturas (Egito, Roma, Grécia, Persa, Alemanha, entre outras), sabe que, à época em que se falavam de deuses, todas elas possuíam uma casualidade relacionada ao seu modo de vida. Mas, a que mais se tornou potência nesse quesito, pelo menos desse lado do Ocidente, foi a Grécia.

Nela, vários mitos serviram para contar, como uma grande metáfora, a história da Humanidade, do homem, e sua participação vital no planeta. Há, claro, os mais detalhistas, além de criteriosos; há os filósofos, os sociais, os religiosos, enfim, pode-se trazer à tona qualquer elemento dentro de uma de suas histórias, que nossa consciência, de alguma maneira, tangencia ao que temos hoje.

E o que temos hoje?

Temos uma grande divindade que não admite histórias, nem lendas ou mitos para que possamos compreendê-la melhor. 



Volto depois.

domingo, 25 de outubro de 2020

Consciência: reta ação ou centro?

Consciência; com ciência, ciência, centro... Com centro. Não é à revelia das palavras que vos escrevo nesse pedaço de espaço o que há para entender, de início, o significado de nosso assunto, que, durante nossas vidas, nos instiga a questionar o porquê dela, da consciência.

Como no início fiz uma colocação de um significado, interposto por dicionaristas, baseado em premissas psicológicas, não filosóficas -- longe disso --, achei por bem trazer à tona algum elemento que, na visão dos grandes do passado, da tradição, na qual palavras não eram subjugadas, mas acertadas em raiz, produziam um efeito maior e melhor do que acreditamos hoje... A exemplo da palavra coragem: "moral forte perante o perigo, os riscos; bravura, intrepidez...", ou seja, a semântica acorda para um lado em que o sol está forte, mas não para os dois lados da cama. 

Tais sentidos dados às palavras, atualmente, corrói o que de início eram, e produzem o que raramente é; no caso de 'coragem', posso dizer que no passado longínquo, ela era interpretada como algo mais subjacente ao que temos na alma, o coração -- de onde vem o verbete. Nosso coração, como sabemos é tão indecifrável quanto qualquer estrela não vista, e há os que tentam de alguma forma entrelaçá-lo a outros adjetivos, tão passageiros quanto.

Assim como coração, consciência, essa que temos, nos direciona ao centro, esse indecifrável centro para o qual tentamos obter forças e prosseguir. Entretanto, mais do que o coração, nosso centro é escondido, invisível, quase que abstrato e por isso inventamos centros externos. A prova maior é a dor que sentimos quando um ente se vai. Não há nada que nos faça mudar de opinião, seja ela filosófica, moral, social, ou pior, religiosa, ou até mesma política na medida que nos sentimos sozinho com aquele vazio de respostas, as quais são direcionadas apenas aos nossos interesses particulares. 

Nosso maior problema talvez seja esse: esperar que nos ocorra algo desse tamanho para que possamos direcionar nossas possibilidades de compreensão do mundo e a nós mesmos, e entender aquele momento... Na realidade, não sei se é esse nosso "maior problema", mesmo porque temos tanto, que somos obrigados a elencá-los na maioria das vezes e nos questionar o porquê de não fazermos mais e mais esse exercício natural da espécie humana.

Meu primeiro exercício para descobrir o "que é consciência" talvez tenha sido há mais de quinze anos, em uma sala de aula, em que havia professores sérios trabalhando nossos conceitos acerca das palavras e do poder que elas exerciam no passado e quando realmente eram levadas a sério. A palavra 'consciência', lembrou nosso genitor de almas, tem origem no centro de cada um, do próprio homem, e do universo. É como a razão, que trabalhada com vistas aos conceitos universais, se torna racional, não intelectual, como sempre pensamos...

Consciência, quando trabalhada, quando percebida como uma necessidade humana, se torna tão grande quanto qualquer significado. O maior exemplo disso talvez tenha sido a própria História humana que, ao passar dos séculos, nos demonstrou que a consciência humana está sempre direcionada a algo maior do que o próprio homem. 

Aqui cabe salientar o que Jung dizia acerca do Inconsciente Coletivo, com o qual o ser humano segue sem saber. Desde o nascimento, infância, juventude, envelhecimento e morte. Segundo Jung, iluminados pelo Inconsciente, o homem não vive no deserto, muito menos em mares esquecido. Vive o homem dentro de uma busca universal pelo valores que a própria natureza lhe dera desde quando seu surgimento. 

Assim, a grande Consciência nos trabalha, nos delega exercícios naturais, os quais são vistos por nós, na maioria das vezes, como castigo dos deuses, ou mesmo de Deus. Porém, não se verifica a elasticidade natural da própria Consciência que nos joga de um lado para o outro, de modo a nos fazer conscientes d'Ela própria.

Tão forte e inclinada a nos fazer certeiros em seu conceito, mas indiferente ao que realmente somos, a Consciência não pensa, não manda, não ordena -- apesar de fazer parte de uma Ordem, mesmo assim ela é algo sem atributos, e ao mesmo tempo forte e clara tanto quanto um rio não descoberto pelo homem.



Voltamos.



sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Consciência: conceitos

O que significa "ter consciência dos fatos", "do mundo" ou "de algo que ainda não é perceptível" ? A consciência, nesse caso, de maneira bem explanada pelos dicionaristas, baseados em critérios psicológicos, nos surge como algo que possamos pegar, levar e trazer, tal qual uma colher que se vai à boca na hora da comida. Chega a ser duvidoso.

Como um "sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior", ou "sentido ou percepção que o ser humano possui do que é moralmente certo ou errado em atos e motivos individuais"... A consciência assim é definida atualmente e nos sugere buscar mais conceitos, de modo a nos aprofundar no assunto, o que para nós, pequenos buscadores, seria um trabalho nada pomposo.

Iremos então trazer à tona apenas o que nos interessa, dentro, é claro, de pesquisas nas quais a tradição que invocava a consciência como algo maior, mais direcionado e prodigioso ao ser humano. A exemplo do que eu dissera lá trás (do macaco em seu galho), para uma leve compreensão, podemos perfurar mais.

Entretanto, por ser um assunto um tanto quanto quase que abstrato a meu ver, vou levá-lo em base metafórica, quase que neuro-simbólica, não simbólica, criando caminhos para que possamos entender nosso próprio eu.

Os mitos vão nos servir para tanto, mesmo porque quando nos reportamos a eles é como que o fizéssemos em todos os termos, sejam eles humanos, divinos, profanos, sagrado, enfim, e abarcando (ou embarcando) (n)esse mar, de repente nos aparecerão raios próprios daqueles heróis que buscam saídas de suas cavernas, e quando estão presos ao inconsciente, aparecem as divindades e os auxiliam.


A gente se vê!



quinta-feira, 22 de outubro de 2020

A Consciência

De uma coisa eu sei: eu devo ser louco ao ponto de querer trabalhar um assunto tão específico e ao mesmo tempo profundo. Louco ou não, esse formigueiro de minha alma me faz coçar até até o espírito para tentar entender, pelo menos, um pouco dele. E, se os deuses me derem força, tentarei trazer à tona elementos, por meio de fontes, sejam elas de experiências ou mesmo de livros, com a finalidade de retirar um pouco desse véu que me atrai para retirá-lo da face do meu destino.

A Consciência, isso mesmo, com 'c' maiúsculo, é algo que nos transcende a opinião humana, mas sabemos o quanto somos buscadores, ainda que pequenos e quase insignificantes, de seu significado aqui, agora, com as ferramentas que temos. E quando me refiro a ferramentas, não falo de martelos literais ou de pregos fortes, mas ferramentas com viés metafóricos, ou seja, o que nos faz comparar um elemento A com elemento B, não somados, mas interceptados - como na matemática, lembram? -- do qual nos surge um terceiro elemento, a metáfora.

Mesmo assim, o terreno em que trabalhamos é muito impuro, sem possibilidades de plantio, de colheita, enfim, precisamos mais do que ferramentas para entender a razão da consciência (agora com 'c' minúsculo) em nós, mesmo porque não é algo físico, simbólico, o que nos faz acreditar que seria mais metafísico do que qualquer outra coisa... Mas não é.

Macacos nos Galhos.

Já que não temos tanto para trabalhar inicialmente, posso iniciar a discursão com uma máxima de um filósofo do qual estou lendo um livro intitulado "Pequenos Segredos para Engrandecer a Alma", no qual faz alusões à vida de maneira filosófica, detalhando a presença divina em nossas vidas, sobre as quais não falamos, comentamos ou mesmo vemos, contudo, estão aqui, perto de nós. 

Ele, o grande mestre sobre a consciência diz "Ela pula como um macaco. De repente, por causa de uma dor, poder estar na perna, na cabeça ou mesmo, quando da falta de recursos, em nosso 'bolso'". Ou seja, compreender a consciência é um tanto quanto difícil, justamente pelo fato de que ela nunca está em seu devido lugar, em razão de nossos conflitos internos ou externos.

Há muitas verdades nisso, principalmente quando iniciamos um pensamento -- em prática -- direcionado ao que foi dito. Ao entrar em um estádio cheio de torcedores, por exemplo, antes da partida, já estamos nervosos, presos àquele pensamento que, a depender do mosquito que nos 'belisca', nem o sentimos! Ou, para ilustrar melhor, quando um pré-pai recebe a notícia de que será genitor de uma criança que em nove meses será seu pequeno filho... A consciência dele se volta quase por completo, naquele instante, eu seu sagrado instante, ao fato de ser pai, e o céu se faz (para muitos o inferno), mas seja lá qual for seu sentimento, outras notícias não vão lhe fazer sentido...

E assim o macaco pula de galho e galho, na busca por uma árvore acolhedora. Até quando?



Boa tarde.

Volto outro dia.




domingo, 27 de setembro de 2020

Vivendo o Mito - Da Terra para o Céu

 O mito que eu mais amo em discorrer talvez seja o de Dédalo e Ícaro, sobre o qual já falei muitas e muitas vezes nesse blog. Um mito que na antiguidade clássica fez link com uma realidade que perpassava na Grécia mitológica. No "Herói de Mil Faces", Joseph Campbell, cita um pouco do mito... "apenas àqueles que não conhecem nenhum chamado interno, nem uma doutrina externa, cabe verdadeiramente um destino desesperador; falo da maioria de nós, hoje, nesse labirinto fora e dentro do coração. Ai de nós! onde está a guia, esta afetuosa guia, essa afetuosa virgem, Ariadne, para nos fornecer a palavra simples que nos dará a coragem para enfrentar o Minotauro e, depois, os meios para encontrarmos o caminho para a liberdade, quando monstro tiver sido encontrado e morto?".

Como que perdido em suas entranhas emocionais e quiçá psicológicas, o homem pretende se encontrar com seus mitos, e neles sobreviver com suas ferramentas, com fim de elevar-se internamente. Para isso, nos deram ele, e no mito formas variadas de figuras com as quais nos concatenamos, elucidamos, e descobrimos o que somos. Por isso que 'herdamos' essa reflexão íntima, dentro da qual vários oceanos, até mesmo poços, das mais variadas criaturas horrendas, circundam e nos intrigam a alma. 

É nela, na alma, esse pequeno 'nows' que desafia a racionalidade humana, que tais criaturas surgem e desaparecem. É nela, nesse segundo ser, que Dédalos e Ícaros se transformam em heróis, voam como homens em uma fuga espetacular e nos ensinam -- até mesmo moralmente -- que temos nossas limitações quando desobedecemos os critérios do Caminho ao sagrado, ou como diria na Índia, à Retação, ao Darma, como se fôssemos meros seres que vieram ao mundo a passeio.

A Alma Inteligente não nos fez por acaso, assim como não fez os outros seres da mesma forma. Cada um descobre, por meio de seus mitos, seu papel nessa Organização. Dédalo, como o pai de Ícaro, o construtor de nosso Labirinto, onde havia nosso maior medo (o Minotauro), trabalha em prol do espírito a comandar seu filho, cuja mente racional pensou somente em duvidar das palavras do pai, enquanto que este, já sábio da natureza, dedicou-lhe a confiança -- assim como sempre se confia, -- e viu que era preciso mais que palavras para fazer seu pequeno e fiel filho acreditar que o Equilíbrio entre duas forças era a forma de lidar com o Mundo.

Aqui, nesse momento, temas como Justiça, Ética, Força de Vontade, Amor, Moral, Temperança, colidem de forma explosiva e ao mesmo tempo transcende o que normalmente temos como tais em nossa cultura. No entanto, podemos ver, nesse mesmo mito, como foi elucidado pelo autor acima (Campbell), que fora construído um grande labirinto a demonstrar o quão somos complexos internamente, e não aceitamos duelar com o que temos dentro dele -- o grande monstro do vaidosismo, (o leão com o qual Hércules lutou), o Seth (egípcio), entre outros, enfim, o Minotauro, parte homem, parte touro.

Isto é, queremos entender o porquê da liberdade em nossos corações, o voar da alma, o querer sem querer, a vontade de ir embora da Caverna, ou mesmo refletir acerca do que podemos ou não quando alçamos voo. Tudo não passa de meros racionalismos enfadonhos (e humanos, claro), se não dermos passos em prol de matar o que mais nos põe em dúvida quanto às nossas possiblidades. Busquemos assim Ariadne, a forma mais simples de lidar com nossos vícios, exterminá-los e voltar à busca organizada, à Filosofia.


Acreditemos.

Vivendo o Mito (2)

 ... Como assim, em nossa educação? (pergunta o menino de queixo caído). O mito, como já expus, é uma ponte ao fantástico mundo desconhecido pelo homem. Entretanto, temos que saber construir essa ponte, aceitar que ela é parte de uma outra estrutura que nos faz conscientes de nossas responsabilidades como ser humano: a evolução de cada um, com vistas à humanidade.

Não adianta querer construir pontes com ferramentas belíssimas, de primeira qualidade, se nossas ideias beiram ao ridículo. Nascemos com tais ferramentas, cada um de nós -- e isso temos que aceitar. Ou seja, muitos são propensos a ser mais inteligentes, fortes, interessados do que outros, porém, não é matemático que façam pontes nos sentido mais simbólico que o mito propõe. Os mais simples, menos vantajosos no quesito inteligência, podem ser tão sábios na maneira de lidar com suas ferramentas do que os primeiros -- É a corrida da tartaruga com a lebre!

O que me vem à mente agora é que 'Não somos perfeitos', e nem seremos! Mas a questão não é essa. Se o mito fala de cada um, de maneira simbólica, em uma linguagem quase que iniciática para alguns, porque temos que mudar nossos ritmos, nossas vidas, se estamos bem, aqui, nesse mundo, como nossas vidas, com nossos amigos? Por que que eu iria querer mudar minha vida, meu mundo?... 

Isso me lembra também um livro chamado 'A Revolução dos Bichos', no qual animais de um celeiro entram em luta com seres humanos e conseguem vencer. Mais tarde, sem referenciais qualquer, os mesmos animais começam a se comportar como os humanos anteriores, em pensamentos, em atos, em tudo... Enfim, qual o motivo de uma luta sem referenciais, ou mesmo qual o nosso fim neste mundo se não temos pretensões maiores do que nós? pretensões que, quando a visualizamos, não só nos norteiam como também nos modificam, no melhor sentido da palavra?

Não faz sentido. E é nisso que, hoje, apostamos: no 'sem sentido'. 

O Faz Sentido, por outro lado, é uma expressão dúbia, mas estamos a falar de mitos, nos quais, em épocas remotas, só tiveram um sentido: o de evoluir, transformar-se em um Homem melhor. Não cabe aqui pensar em mitos gregos, egípcios, romanos, entre outros, sob o prisma de nossa irreverente educação socialista, capitalista, extremo-direitista, comunista... Não. É mexer com a espada que há milhares de anos foi enterrada em uma pedra somente para nomear um rei que salvará nosso mundo...E que, em sua homenagem, inventamos outra espada, outra pedra, e a retiramos graças aos nossos interesses, seja lá quais forem...

O mito foi feito, na realidade, para que não houvesse deturpações de uma realidade mais profunda, mais específica (desculpe o termo técnico), mas é preciso que tenhamos pelo menos uma visão mais respeitosa em relação a ele e aos demais contos, histórias, folclores, enfim, que foram construídos com finalidades mais interessantes do que a que contamos para o nosso filhão... 

O mito, quando exposto demais, assim como um hieróglifo sagrado, encontrado nas pedras do Vale dos Reis, pode perder seu sentido. As  vezes, é melhor deixar em seus respectivos lugares, na profundidade da terra, naquele subterrâneo no qual fora deixado propositalmente pelos sagrados homens do templo, do que desenterrá-lo e deixá-lo morrer nas opiniões de uma época que se julga tão forte quanto às demais.


Eu duvido.




 

Vivendo o Mito

Hoje, assim como muitas palavras, o mito se desfaz, se derrete nas vozes dos incautos professores de filosofia, como meras fórmulas teóricas decoradas com fins de dar sensações a estudantes da matéria. Em outras ocasiões, como já fora exaustivamente aqui comentado, a palavra mito vem perdendo (ou já perdeu) a sua essência. Antes, a significar algo mais profundo, mais universal, e humano, hoje, a palavra nada mais é que "um conjunto de narrativas culturais".

Isso nos faz invalidar, de alguma forma, o que era repassado, o motivo, o porquê da 'invenção' do mito, e assim por diante. Se não se sabe o valor do que temos, como iremos usá-lo em prol de algo? Nesse caso, o estrago é maior do que podemos imaginar. Se entendemos o mito como simplesmente um 'conjunto de narrativas culturais', como saberemos o real valor dele, como iremos saber o porquê que usaram, como usaram, e qual a finalidade?

O mito não é 'apenas' um conjunto de narrativas, mesmo porque não se cria algo tão belo e grandioso, que perdura há milênios somente com fins básicos. O mito nos impressiona porque tem algo de nós ali, naquela narração, naquele ser que defende, que ataca, que destrói, que constrói. Há algo de nós nos dragões imaginários, nos imensos lagos, oceanos, nas lutas, na profundidade da terra, quando relatada com forças divinas: somos a luta dos deuses pelo Olimpo, ou seja qual for o Mundo.

Entretanto, em detalhes se perde nossa compreensão atual, mesmo porque preferimos 'não ser' do que 'ser', graças a nossa parca compreensão natural acerca das grandes culturas que um dia relataram 'em mitos' o esforço do homem em encontrar-se consigo mesmo (ou como diria em nossa linguagem), com Deus. E não podemos negar isso.

O mito foi criado com a mesma finalidade de uma ponte, que nos une a um território desconhecido -- no caso, a nós mesmos. Não como uma faca, cuja a ideia seria cortar legumes, e depois, como uma peça chave de um assassinato. Seria reinventar um significado, ou melhor, dessacralizar o sagrado, diferente de profanar algo.

Mesmo assim, é preciso entender nossa maneira de lidar com algo que na antiguidade clássica era simplesmente (como posso dizer...) mais do que necessário a Educação do indivíduo. Fosse em academias, ou de forma peripatética, como Aristóteles ou mesmo Sócrates, os quais caminhavam por campos, ruas, vielas, sempre acompanhados de seus fiéis discípulos, e estes, quando sozinhos com seus filhos, introduziam o mito em suas histórias, fomentados do melhor mel, a essência.

De lá para cá, introduzimos o racional de maneira errônea, como se reproduzíssemos os heróis que já estavam lá com seus ideais, e até mesmo seus atos, suas roupas, seus monstros, como se fôssemos os 'inventores' de uma nova maneira de educar (ou informar apenas) nossos filhos. A partir daí, novas aventuras são contadas, novos personagens são introduzidos, novas histórias são contadas, de modo a fazer essa geração (que não tem a mínima pretensão de saber a verdade) acreditar em um novo 'algo', ou como diria... Em uma nova narrativa sem qualquer objetivo. 

Assim a ponte se desfaz.



Volto daqui a pouco.


terça-feira, 15 de setembro de 2020

Meta Física. Equilíbrio Distante

 O "Equilíbrio é distante", como diria aquela música; mas sabemos os passos a dar em direção a esse equilíbrio. Não somente na balança física, com o espiritual -- que seria, na realidade, entre a matéria visível e a invisível, ou como diria Platão, "ao sensível e o inteligível", mas principalmente aquela balança imaginária em tudo que tocamos, fazemos, falamos, como que uma maldição. Mas não é. É um presente divino para o crescimento humano.

A maior das balanças, a da Justiça, que singra a consciência humana como um homem sozinho em um deserto infindável, norteia os idealistas, os filósofos, e quem sabe a humanidade. O que nos preocupa, no entanto, é a reflexão que se faz em torno desse equilíbrio, que, assim como tudo em que tocamos, pode vir a ser útil ou inútil aos nossos fins.

Isso é notório, é claro, e ao mesmo tempo dantesco, mesmo porque não há soluções rápidas e viáveis que nos possa dizer o quanto devemos caminhar ou parar. É um grande mistério. Me sinto, aqui, como uma astronauta que fora ao espaço buscar o significado de uma estrela, e dentro daquele grande escuro me perdi, e me esqueci do astro, e agora flutuo no manto negro do universo.

É por isso que as vozes dos mestres devem ser nossas vozes, suas palavras, nossas palavras, seu amor, sua dedicação, quem sabe, nossas diretrizes. Não há outra forma de crescer, ou mesmo viver. Se não temos mestres (ou alguém que nos direcione), o mundo seleciona para nós, e nos atormenta até que comecemos a adorar aquela figura, dentro do que nos expuseram como heróis, mestres, enfim, aquele que na verdade foi declarado dono de sua vida.

Não descarto os papas, padres, pastores, bispos 'universais' como mestres ilusórios, mas também não faço mal jus ao que alguns o são. Há uma necessidade de haver tais homens, mesmo porque estes, um dia, foram mestres no quesito sabedoria. Esta, no entanto, confundida, atualmente, como meras informações aprofundadas em livros religiosos, até mesmo clássicos, no sentido arcaico, desparece e aparece no fim do túnel como meras luzes mentirosas a indivíduos necessitados.

Buscar a sabedoria, hoje, é saber lidar com os valores, levá-los ao extremo de seu ser, e fazê-la de montanha em sua alma. Não esquecendo de subir um pouco, todos os dias, em pequenos e significantes atos, os quais possam sintonizar com o sagrado, com Deus, consigo mesmo.


Até.

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Meta Física iii

Falei em equilíbrio no último texto quando me referia ao corpo físico, e até fiz alusões acerca de pessoas que são mais físicas do que espirituais. Na realidade, até mesmo o mais inteligente dos seres, sabe muito bem que é uma tarefa árdua separar as duas partes -- corpo e emoções (ao que chamamos espírito, as vezes, ignorantemente). 

Para nós, seres físicos, falar em espírito se torna algo difícil, mesmo porque, ao contrário da educação passada que recebiam os discípulos tradicionais, somos voltados ao que mais nos dói, e isso pode ser físico, financeiro, social, emocional, mas nunca espiritual -- mesmo porque o espírito não dói. O que mais nos dói, o que mais nos interrompe nossa ascensão, nos faz mais apaixonados, mais diluídos em seres que não saem da caverna corpórea. E isso nos alimenta.

Isso, no entanto, nos faz refletir: "será que somos apenas isso?" (físico!), e nos aproxima de algo que há milhares de anos foi o início de uma grande jornada rumo ao Terceiro Andar de nossa alma. Entretanto, o passado, aqui, andou mais do que qualquer ser humano atual. Nosso maior mal é e sempre será a teoria, a falta do agir, perceber com o próprio tato interno que há realmente algo mais profundo do que aquela imagem que nos sorri na manhã de Natal. Imagem pela qual somos apaixonados.

E por isso nos vem outra imagem, ou melhor, outra história que nos conta acerca dessa prisão, a Caverna de Platão, do Capítulo VII, de A República, a qual faz alusões acerca de uma grande caverna na qual estão homens e mulheres acorrentados, embriagados com sombras refletidas na parede, graças a uma grande fogueira na parte de trás de seus corpos, a queimar e iluminar aquele ambiente, o qual, para eles, é tudo. E por que não fazer esse tipo de alusão quando falamos de nossos corpos físicos?

É possível que haja uma forma de educação proposital que nos alimenta em torno de nossos de nossos ideais frágeis, também ajustados somente para lidar com nossas fragilidades, nunca com nossa fortaleza. É possível que o amor que sintamos hoje não só pelo nossos físicos, mas também pelo que não conseguimos como ele seja fruto de uma grande educação proposital, dada por aqueles que sabem que se desviarmos os olhos da parede -- ou voltar os olhos para o Espírito, o próprio ser humano mudará.

E muito.



 

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Tudo em Mim

Não posso deixar que o pássaro voe sem mim

Que as árvores nasçam e deem frutos, sem mim.

Não posso deixar que as águas se turvem ante às pedras,

Que tais pedras não descansem, sem mim.

 

Não posso encostar a cabeça nas folhas secas,

Dormir ao som da lua,

Acordar ante ao majestoso esférico,

Estratosférico sagrado sol,

Sem que haja amor ao redor, sem mim

 

Não posso deixar o verde da planta ir embora,

Dando lugar à seca sabedoria antes de mim,

Do alaranjado alvorada na aurora,

Vou me embora, ah se vou, sem ti

 

Não há nada que passe sem mim,

Sem o crivo da minha alma,

Dos desejos livres do afeto,

Pois não há nada sem mim.

 

Se o corpo delgado daquele ser se vai

Enrustido nas penas esbranquiçadas,

Macias e ao passo assoladas,

Não há leveza nele sem mim...

 

Se leva o capim ao filho,

Dribla o cão a pegar o milho,

Desfaz a rota a enganar o humano,

Insano, devia sorrir pra mim...

 

Não posso deixa-lo partir.

Seus meigos olhos de ave,

Alusivos ao amor do mundo,

Me faz vagabundo, mas não imundo,

Pois minha alma limpa se desfez do mal

Até aqui.

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

A Meta Física ii

Não podemos desprezar nosso físico, mesmo porque é a carapaça em que nascemos e com ele aprendemos o prazer e o desprazer, o ódio e o amor, ainda que tenros, fadados ao desgaste se com ele tivermos algum prisma. Ou melhor, assim como ele, os valores que por ele são vistos, e por ele embasados, se vão como riscos em areia.

Mesmo assim, pelo amor enraigado a ele, ao físico, acredita-se que esse grande substrato no qual viemos, e nele vamos, mesmo depois da morte. Ou melhor, da vida. Não nos importamos com os vermes que corroem nossos rostos no fim, quando no caixão estamos, pois somos indestrutíveis, sarados e que há um mundo no qual nossos físicos estão mais fortes quanto agora...

É o materialismo em forma de crença, destruindo tradições de conhecimentos profundos, aos quais devíamos nos inclinar simplesmente porque 'achamos' que somos o que vemos nos espelho... Isso pode nos trazer uma falta de equilíbrio constante, porque deixamos -- com o tempo -- de buscar o que realmente ocorre lá dentro de nossas esferas físicas, e quando digo esferas, me refiro também a conhecermos o que há dentro e fora de nós, sendo 'nós' tudo -- o que está dentro e fora. Mas o que está dentro?

Sei que temos respostas biológicas para tanto, mas somos filósofos e queremos entender o que se passa por dentro e por quê. De onde vem a ânsia, o amor ao próximo, os sentimentos mais profundos, tal aquele que vem quando assistimos a um filme belo ou mesmo ouvimos uma música que nos levita a... Alma...

A alma, esse 'outro' ser de quem devíamos falar e para qual devíamos trabalhar, desde o dia em que nascemos para não nos sentimos tão distante dela quando a ela nos referimos (!), até o dia em ela se vai, ou parte dela,  rumo ao desconhecido (?). Este, filho de várias culturas que inventam lugares nos quais lá nossa alma se encontra, se derrama de vinhos caros, de humanos humildes, porém felizes graças ao senhor que os dignifica, a depender da cultura, como reis mirins; em meio a um paraíso ou cachoeiras, lotadas de terroristas aos quais um dia foram levados ao céu a tomarem banho de cachoeiras de mel....

Falando assim, dá até vontade de morrer!


Volto com o assunto.





quinta-feira, 27 de agosto de 2020

A Meta Física

 ... Foi proposital o título acima (A Meta Física), com os vocábulos em separados, em vez de a Metafísica, a significar "além da física", além da compreensão rasteira e básica dos estudiosos de uma didática menos avançada. Quero falar, nesse momento, que  a meta é o físico, de verdade, sem 'medo'. Dizer que somos todos voltados a esse invólucro sagrado que se vai após a morte, e que sustenta nossos desejos, sentidos, loucuras entre outras coisas.

Ele, nosso físico, para o qual vivemos egoisticamente, todos os dias, é visto por meio de espelhos que criamos, ou espelhos criados, de modo a nos identificarmos com ele, como se fosse eterno. Todavia, ao nos bater a realidade da Vida -- isso mesmo, com V maiúsculo, na qual estamos todos, humanos ou não, vem-nos uma depressão somente em pensar que, um dia, vamos perdê-lo.

Assim, a morte é-nos inimiga, a má gestora, a dor premeditada, a planejadora de ideias malignas que vai desfazer nossos sonhos de eternidade... E assim, morremos antes mesmo que ela (a morte) nos venha. É o culto ao físico, com auxílio de uma personalidade voltada ao ego, educada para satisfazer as necessidades extremas do teu corpo -- nosso corpo. 

E como uma criança mal educada, o corpo exige; como um cãozinho mal adestrado, pede para comer, beber, viciar-se, ou mesmo envelhecer por meio da dor. Noutros mais educados quanto à educação física, os mais interessados em deixá-lo 'top', chegam à academia por volta das cinco da manhã, saem às dez, e não pensam em outra coisa senão tomar remédios anabolizantes para deixá-lo acima da média. 

É o vaidosismo. Aqui cabe, também, o charme físico daqueles que querem conquistar com músculos até na face! E não faltam, claro, pretendentes femininas (ou não), como que encantadas pela beleza 'grega'. Mal sabem os fisicultores que os deuses gregos eram baseados na perfeição física, mas também na espiritualidade humana, sendo esta muito mal compreendida atualmente, e por isso somos fadados a ver todos os dias belezas que se julgam gregas.

A real beleza humana sabemos que reside não somente no físico, mas principalmente dentro dele. Se conseguimos melhorar nosso físico (ou contemplados desde nosso nascimento), pensemos em melhorar o que somos por dentro, mesmo que sejamos materialistas, senão sucumbiremos antes de aprender ser o que somos: humanos.



Volto com o assunto,



 

terça-feira, 25 de agosto de 2020

O Filos e Felas

Platão, filósofo grego, em suas citações clássicas ao longo do tempo, sempre soube lidar com as palavras quando o assunto era o Homem. Em uma delas, disse que éramos apenas um amontoado de pernas, braços, pensamentos, instintos, mas que, para sermos reais homens, estaríamos um tanto quanto longe.

Para muitos, isso é uma afronta, pois tentam levar para o lado ofensivo, acreditando que estaria o filósofo nos chamando de animais. Só isso. Porém, aos que o compreendem, ou pelo menos se debruçam ante a sua filosofia, sabem que o mestre, ou melhor dizendo, o discípulo de Sócrates, outro grande expoente grego, que morrera heroicamente em sua época, por, segundo dizem, ir contra a ideologia sagrada de Atenas, sabem muito bem que não apenas seu mestre, mas o próprio Platão não comungava valores relativos sobre os quais os homens de ontem e de hoje se pautam e vivem.

É natural errar acerca daqueles grandes tempos, dos grandes homens, que, provavelmente, possuíam uma visão um tanto quanto elástica em relação aos de hoje, que precisam se pautar em algo, com que para crescerem e serem percebidos. E semelhantes a crianças que tentam atrapalhar os adultos em frente à televisão, falam bastante, dançam, cantam, se expressam de maneira difícil, combinam palavras, e sorriem ao vento, em meio ao vazio de sentidos que deixou o mundo, que já está vazio de filosofia.

Se se pautar em programas sem sentido, em personalidades evasivas em suas semânticas, o filósofo atual não tem forças para iniciar uma empreitada significada ou mesmo a chamada praticidade, baseada em conceitos que estão aqui e agora para serem reinventados. O medo de encontrar a pedra filosofal, que tanto foi de Platão e Cia, o faz perder tempo (ou como mesmo gostam de dizer "dinheiro"), então não é elucidativo para qualquer pessoa o que se coloca em páginas, cheias de parágrafos inúteis, pois chega-se a criar 'fiéis discípulos' racionalistas, dentro de uma Era em que estamos cansados de criticar tais seres,

Esses dias, em uma visita ao youtube, queria ver o que tinha de bom para se ver, ou pelo menos não acreditar em premissas falsas de que a internet é totalmente do mal... E não é. Enfim, havia uma grande palestra com três filósofos (renomados) modernos, os quais iam debater sobre os dias atuais, e quem sabe fazer aplausos. Um deles, careca; o outro, com barba bem feita; mas foi o terceiro que, sentado no meio dos dois primeiros, se acalorou mais com a discussão. 

Chegaram ao ponto. O grande filósofo grego chegou aos lábios dos iniciados em opinião. Um deles, o do meio, já revoltado com nem sei o quê, disse bem alto ",,,Eu nem sei por que Platão criou aquela caverna mentirosa, pois ela é mentirosa mesmo! como é que pessoas ficam presas de costas, com algemas, desde a infância" -- só faltou dizer, 'Cadê a polícia?',,, 

Enfim... Levou uma risada vergonhosa na cara dos seu 'amigos', que, com certeza, viam a infantilidade nas palavras, e portanto sem chances de incrementar qualquer assunto do nível. Eu desliguei a tevê.




Amanhã continuo.



sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Premissa Esquecida

Sou casado há quinze anos. Mulher linda. Filho lindo e meigo. Uma casa que construí em pouco tempo, e que hoje faz seis anos que está de pé. Tenho uma renda média boa para manter meu padrão de vida, com um carro na garagem, um belo cachorro pastor, que me ama e eu a ele, enfim, por que estou dizendo isso? Porque muitos estacionam, param em suas respectivas jornadas e não vão mais além do que pensar em manter a estrutura de suas vidas com muito custo, até mais do que necessitam às vezes.

Um homem se preocupa em manter as contas, a(s) mulher(es), quando somam-se mães e irmãs, entre outras, os amigos do peito, de infância, e não se esquecendo de trocar seu carrinho e dar aquela viagem com sua família -- tô precisando disso... -- Sair, beber sua cerveja, ou um vinho com a esposa, em casa, reencontrar com seus entes que te esperam para um churrasco no fim de semana, uma piscina, uma pesca, uma dança, ou falar mal do governo... 

Tudo é básico, por mais que achemos complexos e essencial ao extremo. Tudo é uma consecução notória de um homem que, não só hoje, como há dois ou três mil anos antes de Cristo, busca organizar sua vida social no sentido de demonstrar seu papel na sociedade civil. Buscar ser um responsável pelo seu "básico" e traduzir a honra e a honestidade, e a medalha maior daqueles grandes heróis que, um dia, o conseguiram... É o que esperam de nós.

Não desfazendo de nossos papeis como homens responsáveis que somos, no entanto, vários de nós o fomos e somos, independente do que a sociedade quer de nós. Se esta for uma sociedade tradicional baseada em premissas antiquadas, se for uma sociedade na qual ninguém se entende, ou mais, não há nada que possa espelhar o verdadeiro sonho humano, como podemos acreditar nessa sociedade ou, mais diretamente, naquele que a governa?

Platão, em sua República, dizia, em poucas linhas, que a verdade está por detrás da fogueira que nos aquece, quando se referia ao mundo dele, no Capitulo VII, no mito da Caverna. Sim, está por trás daquilo que nos faz bem sempre, mesmo porque aquele "bem" pode ter sido produzido por outras pessoas, para que possamos deixar de 'produzir' ou buscar o nosso "Bem".

Não apenas o Bem está em jogo, mas a Justiça, a Moral, a Ética, valores que foram relativizados, ou melhor desmistificados com fins de fazer com que nos esqueçamos, ou não mais ouvimos a falar dos reais valores que conduziram o mundo antigo, e no qual sociedades eram levadas a sério, grupos religiosos, políticos, familiares, que a compunham, relevavam-se interligados um ao outro, com a face sempre voltada ao oculto...

Hoje nos olhamos como seres horizontais. Nos tornamos animais. Só não adamos de quatro. Na religião, na justiça, na moral, até mesmo na honra, nossos interesses mais vazios, instintivos, sobressaem como aos de um cão faminto. Devemos ter respeito próprio. Amor próprio. E Vida própria. E quando isso acontecer com primeiro homem, o básico não será apenas o básico, mas uma organização baseada em preceitos divinos.



Boa sexta! 



quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Sentido

Todos os sábios deste mundo são unânimes quando nos referimos à força, fé, religiosidade, amor, vida, morte, à reencarnação, aos detalhes dos jardins da vida que são tão importantes quanto o ato de vê-los crescendo diante de nossos olhos. "As diferenças nos tornam flores de jardins imensos", dizem, como se a certeza de que tudo é certo, real, independente do que acreditamos, e somos.

Questão é que damos valores à nossa opinião. Somos frutos de interesses arcaicos, não tradicionais no sentido de conhecer para ampliar, mas no sentido de restringir e fechar o cerco e dar notoriedade à nossa razão. O Sábio não opina. Dono de si, sabe para onde vai e o que expressa em palavras e corpo. Às vezes, dentro dessa veia reflexiva, percebemos coisas que não são; todavia, os sábios buscam respostas, buscam coisas que são.

O despertar das coisas que são/ é percebido quando temos simpatia pela nobreza, pela honra, pela verdade clara que parte de princípios altos, não rasteiros inibidores, como de ditadores que nascem todos os dias, não. Mas de homens que brilham e dão sua vida -- corpo, alma, espírito -- a tudo que vale à pena para conhecer a si próprio, e por consequência a Deus.

Todos os homens, em seu íntimo, guarda um sábio. Contudo, se não for resguardado o valor a ser dado a ele em tempos difíceis, ou seja, se mergulharmos em tendências modistas, relativistas, capitalistas, sistemáticas, estaremos dando passos para trás, para longe do que somos -- sábios naturais. E nessa estreita forma de nos conhecer, também há aqueles que, mesmo e apesar de tudo, sangram, levantam-se, voltam a lutar e se conhecem melhor do que pacificadores de plantão, que nascem junto com outros corvos que enganam só pelo fato de abrir o bico.

Tudo é válido para se autoconhecer, para se elevar, tornar-se-se melhor a cada dia. Tudo pode ser uma grande batalha dentro da qual se pode ser protagonista, como um herói, um salvador de pátrias, um rei maravilhoso, de modo que, em seu meio, o mais curto ou o mais complexo, podemos ser o que queremos.

Eu quero aprender com o sábios.

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

O Silêncio do Espaço

Pretensões humanas sobrevoam montanhas, céus e infernos com fins de dominar racionalmente seu espaço, o qual se é tomado e lavado para sempre como terreno humano. Mal sabe o homem que ele mal domina não só os espaço, o céu, a terra, os animais em termos literais, mas também em termos metafóricos e simbolicamente espirituais.

Todos de um passado longínquo sabiam disso, e por isso criaram leituras simbólicas nas quais o homem pode ser seu protagonista, mas não com a finalidade de dominar individual ou coletivamente aquela montanha, lugar, visível ou não; e sim, entendê-lo espiritualmente, trazendo-o para seu aprendizado prático. 

Para aquele homem do passado, matar um animal significava ir atrás de sua presa para um alimento necessário, não por esporte, e, quando não, o fazia de amaneira filosófica, exterminando seu ego, sua persona, seu eu animal que o atrasa na ascensão interna.

Se observarmos bem, também tentamos matar esse animal em nós, porém não temos referenciais para tanto, mesmo porque não há mestres como antigamente com o qual poderíamos tratar do que é animal em nós ou o que não é. O que temos nada mais é que teorias ventiladas por supostos homens que se julgam sábios e que possuem a falsa premissa de que 'mataram o animal' em si.

Buscar aqueles homens do passado, como Plotino, Platão, Aristóteles, voltar a sua sabedoria no tocante ao que somos, para onde vamos e por quê. Mergulhar na praticidade do dia a dia, e dizer que, por minúsculo que seja meu campo de atuação, temos que saber lidar com o meu, seu e nosso eu animal, domá-lo, e quem sabe vê-lo dar uma trégua ao grande Eu que se esconde em nós, dando-nos uma chance em contemplá-lo.

Transformemos nosso mundo, o interno, em espaços nos quais estrelas simbólicas há, sobre as quais falamos, mas que podemos interiorizá-las no sentido de fazer parte de alguma constelação de grandes homens, seja em pequenos e grandes atos.

Que esse céu que tanto brilha e na noite nos encanta, faça parte de nosso céu interno, de modo que saibamos viver e intuir acerca do que pode ou não nele surgir. Não serão conjecturas, mas plasmações naturais de um homem que vai ao encontro de si mesmo, sem destruir nada ao seu redor, e mais, pessoas que são parte de nosso universo.



segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Homus

Não é fácil fazer leituras simbólicas da vida, ainda que tenhamos experiências para tanto. É preciso que tenhamos uma alma pura, voltada ao cimo da grande montanha que, por incrível que pareça, subjaz em nós. Mais. É preciso buscar mais profundamente o que está por detrás de nossos movimentos, os quais, na maioria das vezes, não coincide com nossos ideais de espírito. Muito pelo contrário. Nossos atos soam como galhos se queimando em grandes chamas, sem proveito algum de sua essência.

Ler a vida é algo maior que nós mesmos, porém, tornar-se-á, no limiar de nossa existência, o fruto que nos falta a árvore, ainda que seca, pálida e fria. Vai nos faltar cobertor, e dele vamos atrás. No frio, talvez morreremos, no calor, estaremos exaustos, na subida das pequenas montanhas, teremos medo, e a terra, cuja observância se fará pouca, lamentará a falta de fibra humana, pois sua vontade lhe faltará.

Olhará os pássaros e tentará voar tal qual aquele pequeno ser que sorri nos telhados e se balança como que uma criança brincalhona, com os pés invertidos à cabeça, pendurando-se em busca do perigo, que, para ela, é apenas lúdico. Abraçará a primeira árvore, e não vai conseguir entendê-la; vai chorar como filho a uma mãe que se foi e não teve como pedir-lhes desculpas por não ter-lhe cuidado as folhas e os frutos.

Sua leitura da vida será vã. Seus olhos, por mais abertos que estarão, não vão ver o amor e a harmonia entre os seres, graças a sua contemplação de si mesmo, de seu corpo, de suas ideias, de seus passos quadrados que não deram em nada. Apenas mais separatividades. 

Para ler a Vida, é preciso esquecer-se que a Morte é o fim; que sua ideias são válidas quando contempladas de seu egoísmo; para ler, sentir, praticar, respirar a Vida, é preciso esquecer-se de conceitos formulados em faculdades ou de faculdades que tiveram origens em conceitos. Olhar-se no espelho e dizer, 'Até mesmo os grandes se foram, mas nunca nos abandonaram; então nunca abandonarei meu ideal'

Para ler a vida, é preciso humildade não cristã, cerrar-se os olhos, escutar seu coração, os poros de seu corpo; encontrar pensamentos válidos ao silêncio, perdoar a si mesmo, iniciar os primeiros passos em prol da alma, e entender que seu espirito existe, é imortal, e que somos a montanha, os pássaros, tudo... Contudo, só teremos essa certeza se nos encontrarmos como parte Dele.



sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Nada Como Viver

Lutar contra si mesmo deve ser uma das maiores batalhas do homem. Talvez a maior. Umas das provas que me fazem crer nisso, e como sempre aludo nesse espaço, é que influências externas sempre ditam nossas regras  morais e tais. Sem saber que estamos sendo pensados, caminhamos em direção ao que aquilo não nos convém, e só depois de batermos a cabeça, amargurados, chorosos, cheios de estrelinhas na cabeça, é que voltamos para o ponto de partida..

Tudo isso pelo fato de que tivemos medo de batalhar conosco mesmos, seguir nossos corações, nossos instintos voltados ao céu, às vezes, ao mais simples até; porém, nossos ouvidos voltados a outras 'razões', sem as quais não se vive, a transferir a uma personalidade sedenta de fome por algo 'melhor', tal qual o alívio imediato das dores ou mesmo de alguns problemas gerados há anos, acreditamos que podem ser sanados em pouco tempo, pelo simples fato de que ouvimos alguém dizer..."deixa de ser bobo".

Além dessa inviolável maneira de ser, prosseguimos sem olhar o retrovisor dos chamados internos, que nos avisam quando e como estamos errados, e temos que voltar à linha, à chamada retidão, que nos alinha à harmonia natural de nossas vidas. Todavia, não ligamos. Não queremos isso... E sim aventuras desmesuradas sem as quais não somos 'homens', não somos nada; enfim, só percebemos o erro quando nos sentamos após a derrota.

Ontem, eu lia um livro que me fez repensar o que se lê, o que aprende e o que se leva para a vida. Em seu livro Os Arquétipos e os Inconscientes Coletivos, na parte que fala da deusa Mãe, como símbolo natural de uma arquétipo que visualizamos como antropomórfico, graças à nossa combinação de imagens, Jung se expressa no limiar das explicações assim "Em meio à vitória, há um germe de derrota"... Eu acredito nisso, mesmo porque somos um tanto quanto relativistas e precisamos saber encontrar sempre os dois lados da moeda para que não possamos nos decepcionar... Entretanto,  aqui e agora, posso inverter a polaridade da frase, parafraseando o psicanalista, e dizer Em meio a derrota, posso sentir o germe da vitória...

Sabemos que o erro se esconde em cada via de nossas vidas, mesmo porque sem os quais não se vai ou mesmo se fica. Nem se vive. Ou como diria um filósofo querido, "sem ideais não se vive, morre-se a todo instante". Claro que estamos longe do ideal, ao passo, nossos erros são fatores necessários com vista a nos aproximarmos dele. O Ideal é a 'retidão em pessoa'...

Precisamos dos erros, mas não sejamos portugueses de piada, e erramos 'por querer', mas tentemos nos livrar deles à medida do possível, sempre nos elevando com histórias dos grandes homens, de seus grandes atos, dos grandes heróis, que um dia conseguiram, com pequenos atos, salvar o mundo. Temos que salvar os nosso. Buscar em cada linha imaginária esse ser chamado Ideal, persegui-lo, com ou sem o sangue que nos cai das mãos, chorando ou não, com ou sem amigos, com o caos formado mundialmente, porém sempre com vistas a melhorá-lo, trazendo à tona elementos simples, como atos de coração, até que um dia... como pingos de chuva, enchemos o grande Oceano.

Isso é viver.


quinta-feira, 13 de agosto de 2020

O Pacificador e a Batalha

Seu rosto pacífico, gestos maestrinos, voz de um condutor de homens, olhos caídos, cabelos da cor da vida, paz inerente a dos mestres que citava a cada palavra. Sentado, com seu rosto rosado, em tom eterno-pacificador e ao mesmo tempo rígido, o rei pronunciava-se. A cada verbo, uma expressão; a cada expressão, um símbolo. Ele existe.

Ali, naquele instante, meus olhos e ouvidos, atentos ao seu universo que comungava forças para unir outros universos, tentavam unir o caos do momento ao som de sua voz, que burlava a alma de quem o ouvia, e não perder um instante do significado dos pequenos atos que o rodeavam. O mundo teria que parar naquele momento, sentir as forças naturais que eram por ele reveladas, trazidas à tona em forma de um homem que estava perto do mais íntimo do nosso ser, sem ser convidado. Lá estava ele.

Queria dizer que, às vezes, é preferível calar-se a tentar dizer o que sentimos quando o Todo somos nós e nós, o Todo. Ficar estático, a refletir "o que é isso que eu sinto?", e "por que não sentia antes?"... São questões internas, sei, e devem ser respondidas ao 'som' do silêncio, ou como diria há milênios 'ao deus Silêncio".

Ele, aquele cuja paz adentrou em meu âmago, introduziu a semente, de novo, no que eu chamo de inconsciente relativo, nota minha. Ou como pudera chamar no termo junguiano, inconsciente de uma personalidade que necessitava ressuscitar ao inconsciente coletivo, não muito longe da perfeição humana (em termos psíquicos), esmerada em arquétipos, cuja memória -- como já havia dito anteriormente -- preserva-se a essência das ideias que um dia serão práticas ao nosso olhar.

Para isso, no entanto, é preciso fechar os olhos, sentir as palavras que vêm da alma, comungada com o espírito humano, de modo a nos trabalhar internamente, sem medo, seja dar dor, seja do mundo que nos cerca. Pegar os instrumentos necessários, os quais nos foram dados desde o início, trabalhar em função da Arte, ou melhor, de técnicas que nos que fazem nos aproximar dela. 

Não podemos ser conformistas com nosso estado de ser, mesmo porque não nascemos pronto (apesar de receber todas as ferramentas para tanto), e trabalhar o que em nós se desfaz das harmonias com as quais vivemos, sentimos e, sem querer querendo, deixamos de lado. Ou seja, procurar Ser e não Estar.

É uma tarefa de ouro, dada somente àqueles que se sentem fortes o bastante para dizer Não às opiniões que vem de fora, revertendo processos que há muito foram levados como verdades para dentro da humanidade, na maioria das vezes, com fins de nos fazer frios, estáticos, passivos, ao contrário do sábio, que nos transpassa seu valor, não suas ideias, retirando a chave que se encontrava dentro de cada um, e a fazer abrir o que há muito foi fechado pela Idade Média natural do homem.

Eu vi o Homem Novo


quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Sonho Louvável

Do Homem Novo não se pode falar quase nada, nem mesmo dos seus modos, mesmo porque tudo nos soará como uma quimera atual, que rebate em nossas mentes como um sol imenso que se aproxima da terra, e ao invés de nos trazer caos, nos trará ternura, amor, esperança. 

Ele estará -- ah isso eu sei... -- escondido em algum lugarejo, preso às suas funções simples, seja ela qual for, mas sabendo que o fará sem que sua a mente esteja voltada à ditadura das leis trabalhistas, às justiças sem ideais, à paz arbitraria.

Estará ele sozinho, ainda que esteja com dezenas de pessoas, pois saberá que seu mundo não é desse mundo, que as glórias a receber não são feitas de medalhas, ou mesmo troféus que enfeitam prateleiras; saberá que a conjugação do Bem e do Mal é a necessidade humana em prosseguir seu caminho rumo ao Elevado.

Tudo será abstrato, até mesmo simbólico. Seus atos relacionados à vida, por mais semelhantes ao nosso, não serão apenas atos, mas uma modificação na estrutura terrestre, uma oração na qual todos estarão, pois todos serão membros de uma família, cujo Pai é o elemento metafísico, não racional ou antropomórfico, não, mas singular e mítico. Estará como um microcosmo ambulante na parte Desconhecida do homem.

O Homem Novo vai brilhar sem que queira. Andará por entre nós, com seus olhos ardentes de ideais, ao passo frio pelas Injustiça humana, assim como violências que pairam na persona de cada um. Não será o Salvador, nem mesmo aquele que se entregará a governos como sinal de opositor-mor, pois sabe que toda esfera, seja ela humana ou não, tem seus ciclos, e somos parte dele. Até mesmo ele, o Homem Novo.

Vai sorrir como criança, com toda a sua graça, pelos mais diversos motivos, os quais, ao falar do coração, trazem a lágrima verdadeira principiada da alma humana. Este Homem vai se encontrar com a vida, com a morte, com a paz, com a guerra, com a terra, com o sol, e ao mesmo tempo lhes fará reverência como um súdito ao rei. Vai amar a todos, indiscriminadamente.

Do Homem Novo podemos dizer que temos muito o que reverberar sobre ele, aos quatro cantos do mundo. Porém, antes, olhar no espelho da vida, reconhecer o que somos, identificar o novo em nós, e segui-lo.


Aos Grandes do Nosso Tempo

 

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Plantas e Homens

Podemos sim crescer.


Um dia ouvi dos lábios de um sábio que o homem, quando começa indagar acerca da natureza, quando projeta seus sonhos em função de algo que lhe harmonize, está saindo da maturidade natural e se transformando em um outro ser: um homem novo. Esse, ainda uma grande indagação aos nossos ouvidos, é também um grande mistério, um ser invisível, assim como os valores os quais comentamos ao vento.

O homem novo, não sei nem mesmo conceituá-lo, porém posso imaginar um pouco sobre o que seria no mundo de hoje. É certo que eu ou qualquer outra pessoa não teríamos a faculdade de vê-lo ou percebermos com nossos olhos físicos, pois estaríamos caindo, mais uma vez, em devaneios relativos, passageiros, naturais de nossa espécie.

Perceber o Homem Novo, mais uma vez reverberando, com olhar dual, bipartido, com nossas opiniões meramente casuais, poder-no-ia fazer com que caíssemos nos erros presentes em criticá-lo e levá-lo ao precipício no qual nos encontramos. O da política, da religião, da separatividade familiar, do falso amor, do medo do confronto, entre outras debilidades humanas tão soltas no mundo de hoje.

Entretanto, isso me faz pensar em outras palavras do mesmo filósofo, que um dia escreveu "Percebemos o correto, porque existe o errado; assim, percebemos a Injustiça, porque em nós, de alguma forma, há a Justiça", ou seja, é provável que, com esses elementos internos, essa capacidade de refletir em nossos caminhos, com vista a nos melhorar como humanos, podemos, sim, percebê-lo um pouco, de longe. Todavia não acreditaríamos nele, pois as contradições, graças ao que nossa mente vê como certo e errado, cairia em horrores comparações. 

Assim... Perderíamos nosso tempo, não caminharíamos, e sentaríamos em uma calçada, num banco de praça talvez, envelheceríamos com a dúvida e morreríamos sem saber se aquele ser era ou não o Homem Novo. 

Será que seria assim, para sempre? claro que não. O Homem Novo se esconde no que mais subjaz em nosso ser, ou como sempre diriam na Tradição, "no terceiro andar abandonado" de sua alma. Diante disso, sim, podemos pensar e tentar conceituar e quem sabe encontrá-lo (não fora, mas) dentro de cada um. Mas é preciso que tenhamos ideais internos, espirituais, sobre o qual falamos todos esses anos...

Ele não será visto mais, assim como se vê imagens no espelho, e sim em atos nobres voltados ao ao "céu", ao próximo, sem qualquer menções a paraísos, a infernos, mesmo porque o Ideal do Homem Novo nos faz perceber que são questões já sanadas, e trazê-las à tona nos faria pequenos em metáforas do dia a dia. Não queremos isso. 

Temos que tentar esse Homem Novo, vivê-lo diariamente, em algum ato, tal qual o da planta, que regada todos os dias, nos mostra um pouco do que é. Todavia, não nos esqueçamos de que queremos ser Homens Novos, com ideais novos, comportamentos novos, novas falas, com forças renovadas! Não queremos ser Plantas, pois a planta nunca se questionou sobre sua verticalidade, e precisa de alguém para sair do lugar. Queremos ascender na tentativa de compreender a Vida.

domingo, 9 de agosto de 2020

Dia do Pai


Aqui, com 8 anos.
Pura energia e amor.


...Minha esposa quando grávida, não sabia que estava. Eu, diante das experiências pelas quais tinha passado, observando minhas irmãs com suas feições lisas, rosto redondo, gestos meio raivosos, sabia de tudo. Quer dizer, quase tudo. 

Há exatos doze anos, eu comia um cachorro quente em uma barraquinha dessas acabadas, com o agravante do preço, que não era nada frio. Minha esposa, sem saber do seu estado, sem gostar do lanche, também o comeu. Tava uma droga, dizia. Mesmo assim, ingerimos, sorrimos, e fomos pra casa -- casa, não. Dormíamos num quarto separado, dentro da casa de minha mãe.

Lá, minha esposa começara a ter dores na barriga, e eu dizia, "você tá gravida, amor", e ela, teimosamente, ria, e dizia, "para como isso!", eu sei que não, mesmo porque eu é que estou sentido a dor... Ela, em sua defesa, ainda que teórica, tinha razão, porém o fato era tão claro, que eu fui para meu quarto e lá orei à deusa Ísis, que eu amava e a qual me referia sempre nessas horas de angústia. Pedi paciência. Coisa que eu não tinha. Pedi um desfecho da situação, ainda que fosse mais dolorido para mim ou para minha esposa, pois eu não aguentava discutir se ela estava ou não grávida...

A 'coisa' pegou, como dizem nas horas em que tudo se cala e não tem saída para respostas ou perguntas. As dores dela aumentaram, e se seu pudesse dar uma nota para a dor dela, diria que era dez. Tivemos que ir para o hospital. Corremos, quer dizer ela correu, e muito. Nosso carro, um corsinha vermelho-vinho, meio acabado, se transformou no F5 do Speed Racer, ultrapassando até a própria sombra. Foi imperceptível!

Entramos no hospital, sem pressa, sem solavanco de ambos, sem depreciações verbais. Muito pelo contrário. A deusa Ísis estava em tudo. Sorridentes, com sorrisos de Capitu e Bentinho traído, adentramos no consultório que já nos esperava, entretanto, não pude entrar, mesmo porque era uma especialistas em mulher, uma genecologista na qual minha esposa ia sempre.

Esperei pelo menos uns vinte minutos. De repente, uma senhora, com um ar 'nem sim nem não' -- mais sim do que não --, abre a porta da clínica e me chama,,, "O senhor é o senhor Reginaldo?" - balancei a cabeça indicando positivo. Se eu estivesse em um tribunal, talvez indicasse ao contrário, mas as razões que me fizeram dizer sim eram muitas, e uma delas o fato de que, no fundo, eu estava certo quanto ao estado de minha esposa. Que suas dores não eram apenas dores de "cachorro quente" ruim, e sim,,,

Entrei vagarosamente naquele espaço meio escuro, no qual havia uma senhora de branco sorridente, assinalando com o dedo uma imagem pequena e sutil de um ser que se debatia para sair daquele corpo lindo de minha esposa, a qual, deitada, em uma cama meio estreita e confortável a dizer "você tinha razão, amor!Estou grávida"... A sorte é que, até para desmaiar sou inteligente. Alguns pais caem, outros berram, a maioria sai correndo dando charutos até para crianças na sala de espera, enfim, de tudo passou pela minha cabeça -- e me arrependo de não ter feito tudo isso --, e me saiu, assim, uma pequena lágrima tímida dos olhos, e disse "Já sei, o nome dele vai se 'hot dog'" -- e ela, claro, sem jeito, sorriu.

Naquele dia, talvez, não sei, foi o Dia do Pai, não dos Pais, e o dia mais feliz da minha vida. E hoje, com doze anos, cheio de vida, depois de tantas intempéries pelas quais passou, nosso primeiro e único filho honra o nome dele e da família. Seu nome, Pedro Achilles. Pedro, a mãe que escolheu; Achilles, o grande guerreiro mitológico, natural das entranhas espirituais de um passado glorioso, foi meu,

Se me perguntarem, hoje, o que é ser pai, não sei responder bem. Mas, como diria uma grande professora de filosofia, "tente ser pai, não tente ser irmão ou amigo, mas sim, pai". E comungo com ela essa verdade, pois Pai é o ser que transforma, não destrói, é o ser que repassa a tocha aos filhos, sejam eles espirituais ou não. Pai é o referencial até mesmo do próprio homem, que quando ora eleva seus pensamentos ao grande pai interno ou ao pai cósmico, fora de si, em um simbolismo concreto de que podemos observar a nós mesmos pelas obras do grande Pensamento divino.




sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Um Mito Estranho



O Início de um Novo Homem depende de cada um


Em todas as culturas tivemos o prazer de ler e apreciar seus mitos, sua profundidade, por meio de elementos que a imaginação humana revelava quando plasmava a sensação de expor o sagrado, por meio de figuras humanas, animais, com histórias fantásticas que sempre dão um bom filme, as quais, com o tempo, se perdem em devaneio do próprio humano que o criou. 

Na antiguidade clássica, por exemplo, não poder-se-ia viver sem dar credibilidade ao deus daquele mito, mesmo porque não fora colocado em vão, de forma aleatória, longe disso. Havia uma singularidade dentro da qual somente aquele sacerdote, que plasmou o mistério, saberia lidar com o seu significado... Assim o foi durante milênios. Heróis nasciam, monstros morriam, exércitos venciam, homem eram homens, e quando não, buscavam na excelência do mito o seu significado.

Enfim... O por acaso não existia; a vida tinha um sentido voltado às leis, ao perfeccionismo, ao Todo, que precisava ser levado às massas com fim de fazê-los mais perto de Deus, e conseguiam. Eles não tinham medo da vida, mesmo porque sabiam que tudo tinha uma semântica voltada ao que o homem seguia, o Espírito. Assim, o respeito ao todo, por meio do fogo, da água, dos ventos, da terra, dos elementos invisíveis que deram origem àqueles, e por fim, tinham a fé já cristalizada em sua alma, pois sabiam que estavam dentro de tudo e tudo estava dentro de cada homem...

Essa mágica, todavia, se foi. Não faz mais parte dos corações humanos. Hoje, oramos ao um deus semelhante ao homem, que ouve, que faz, que sorri, que chora, e que no fundo como uma grande alma boa, atende aos pedidos dos filhos... Ou seja, nos desconectamos de um Deus para cair em armadilhas religiosas sobre as quais temos medo de falar.

Além desse enterro sagrado das divindades, enterramos sua compreensão, seus mistérios reais, e inventamos mistérios baseados em nossas premissas ignorantes, pois deixamos de respeitar o passado e aos homens que um dia estiveram com seus escudos em nome da humanidade. Sim... Morreram os filósofos (?), os idealistas (?), os religiosos (?), os mitos (?), pois o que se vê são formas de ressuscitação de tragédias humanas no sentido mais espiritual da palavra. E o pior, o surgimento de um mito que desagrega a todos: o mito da democracia.

Surgem nele ideias relevantes à sociedade, ao povo, à nação -- como gostam de repetir --, aparecem salvadores da pátria, do mundo e até mesmo candidatos de Deus, como se estivessem prontos para governar em nome Dele. E acreditem, há homens e mulheres, graças às suas naturezas simplórias, são levados a acreditar que realmente são.

Nesse ínterim, a terra se vai em mortes genocidas, famílias de nativos sagradas, que um dia viveram de algum código, esmagadas; a natureza, a última culpada do desvario humano, se vai como cinzas ao vento. Não há, pela aparência, resoluções imediatas, mesmo porque tal mito não é de hoje, mas somente hoje ele sabe de sua existência e faz questão de subsistir em forma de promessas de homens que se julgam centros do mundo e por isso não olham e não ouvem o que não for de seus ouvidos ou olhos.

O mito se engrandece e na sua contraparte idealistas de plantão vão, meticulosamente, se questionando a respeito do seu papel em meio a devassa da vida, que era sua e de todos; ele, enfim, se olha ao espelho, dá seus primeiros passos e assim o mito. na sua profundidade, se inicia...

Precisamos disso.

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Pontos de Vista

Criemos nossos caminhos, nossas histórias,
senão criarão para nós.


Dizem os grandes homens da História que tudo porque passamos tem dois (ou mais) pontos de vista. Estão certos, claro; todavia, não mencionam o fato de que há naquele 'tudo' uma essência, uma verdade -- a não ser que seja uma história inventada, mas mesmo assim, pode haver uma verdade, ainda que seja da pessoa que quer se expressar por algum modo.

O que quero dizer é que somos tais quais a essas histórias, cujo ponto de vista é relativo, como sempre, e mais, a depender do grupo do qual fazemos parte, somos muito mais. Imaginem então uma sociedade que observa aquela pessoa no meio de uma palestra, ou uma entrevista em uma televisão, ou propriamente um candidato à presidência, ou mesmo outro cargo.... Realmente, temos algo sobre a ele a dizer, graças, entretanto, à Imprensa.

Então já que temos uma voz ou mesmo um olho a observar aquela pessoa, por que temos que dar opiniões próprias, já sabendo que tais são todas advindas de um pensamento de um grupo de jornalistas, que, na maioria das vezes, antecedem suas próprias opiniões baseadas em seus próprios interesses... Estranho hein? 

Talvez por teimosia, preguiça de ler, de buscar, refletir ou mesmo por ignorância? Tudo depende de quem vê e ouve. Há casos que, na certeza de terem seus próprios pontos de vista, sejam eles xiitas ou não, terroristas ou não, ou pior, partidários à religiões ou a legendas..., trazem para seus "caminhões" de tendências o que leem, o que ouvem, e assim, refletem o que já não interessa à essência humana.

Dizem que Heródoto foi o primeiro 'repórter' da História a traduzir de maneira brilhante seus passeios, suas viagens,  pois soube traduzir todas as suas nuances de historiador sem que houvesse uma tentativa de influenciar quem quer que seja; todavia, influenciou... E muito. Não foi, porém, pelos espetáculos que hoje se faz com a informação, mas com o simbolismo necessário em cada viagem, em cada mistificação das cidades, da transformação de cada personagem. Assim Homero o fez em suas poesias também.

Não peço que sejam contadores de histórias, mas que se lancem em buscar a verdade nas entrelinhas de cada personagem social, mesmo porque, hoje em dia, se há fábricas de opinião, precisamos ter a nossa, aqui, dentro de nós, de modo que não tenhamos que nos ressarcir com mentiras ou verdades inventadas. Já que estamos na era do tudo fake (news), então, mais do que nunca, nos vemos na necessidade de nos tangenciar dessa realidade, que já não era verdade, agora então...

Criemos nossos pontos de vista lastreados em Amor, Verdade e Beleza.

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Descobrindo


Feche os olhos e pense na folha real


É impressionante como somos cegos ante a vida. Há momentos em que percebemos a vida em nossos pés, trazendo elementos simples e ao mesmo tempo profundos, todavia, não tiramos nada deles. Graças à nossa via dualista, fazemos uma 'viagem mental' como se fôssemos seres despercebidos da mágica natural que nos acontece diariamente. 

Não é de hoje, muito menos de ontem, mas de milhares de anos atrás, deixamos de perceber, ainda, que nossos conceitos acerca de tudo nada mais é em função daquilo que observamos e sentimos, praticamos e julgamos, como um pré-pré conceito indefinito. Ou seja, transformamos tudo em uma metafísica ingênua baseada em raciocínios advindos de nossa razão (mente) que, a depender de nossas visões futurísticas ou não, destrói ou constrói o que em milhares de anos se levantou com sacralidade...

É bom olhar para trás, e tentar observar alguns templos naturais, não com os olhos de uma razão relativa, corrosiva, mas que se conjuga com a alma, e esta, com a maior. Platão queria que o homem, em suas tendências humanas, pudesse perceber que nele há o nows, a alma divina no homem, dentro da qual ideais de elevação, de busca fossem elementos con-sagradores no sentido mais sutil da palavra, porque, acreditava, estamos 'usando' de artifícios meramente materiais para a consecução de nossos céus internos, o que já anula nossas pretensões junto a Deus.

Claro... Deus é tudo, porém, se tenho a visão de elevação, não posso mirar os vermes terrenos, ou mesmo a escuridão da alma. Tenho que subir, conhecer a Vida, saber o que está por trás dos atos humanos quando crescem, se tornam homens reais, e o porquê disso. Temos muito mais a compreender, mesmo porque não somos apenas uma criança que ganha seu carrinho de Natal e corre para o quarto, e lá fica até o Ano Novo...

O que nos faz tentar entender o que somos é alma que burla o espírito ou mesmo os valores espirituais. Ela troveja em nome dos céus, joga raios em nome da verdade, faz caminhos em nome da Justiça; o que na realidade nos transforma em reais homens não é o que pensamos, mas o que fazemos com esse pensamento, principalmente se vier regado de divindade.

A Natureza agradece.




terça-feira, 4 de agosto de 2020

Nos Detalhes

Só não vê quem não busca.


Há uma linha imaginária que nos separa a realidade dos sonhos; o mal do bem; a vida da morte... E assim consequentemente. Não menos, porém, há uma grande ilusória (ou não) linha nos que separa do que percebemos e do que não percebemos, quando Deus está diante de nós, ou mesmo em nós.

Não é fácil, ou como diria o gramático, "não é gratuito", e sim uma questão de saber distinguir. Claro que não falo pelo homens incrédulos, que buscam dúvidas e não certezas, com o porte de abarcar mais incertezas ainda para seus caminhos ateus. Falo aos homens que se levantam, e buscam nas miríades solares o perpetrar divino na alma, quando se abre os olhos ante a um sol ainda que ameno. Aos pequenos bruxos, que sorriem a todos, mesmo quando seus telhados desabam em seus pés; falo às pessoas exaustas, cansadas do trabalho árduo, que se jogam na cama quando sentem que o descanso pede, mas não faz parte de sua labuta, tanto que, ao mínimo som da vida, dos pássaros na varanda, dinamizam suas dores, e iniciam tudo de novo..

São poucos aos que me dirijo, porque acreditam os demais que tais características são meramente humanas (não estão erradas), porém são meios com os quais lidam com o sagrado e com o profano quando invadem suas vidas. O mistério da vida, talvez, se encontre aí, na percepção dos detalhes, dos mais simples aos complexos, dentro dos quais, se houvesse um microscópio espiritual, saberíamos a razão do que nos ocorre, e a primeira sensação seria entender uma verdade: nada nos ocorre por acaso.

Assim, trabalharíamos mais com fervor e sabedoria, com mais amor e sutilidade, com determinação e praticidade, até encontrar o real motivo de nosso mundo ser o que é. Nada é por acaso, nada passa aos olhos da Vida, do grande Oceano, do Silêncio, do Tudo e do Nada. Dessa maneira, sentiríamos a Música das esferas, o ritmo das Ondas invisíveis, a linha que nos prende ao Outro.

Não é questão de religião, mas de Religião.

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Para onde vamos (ii)

Os mistérios moram em cada um. Todos eles.


...É possível que passemos mais alguns momentos a falar sobre esse tema, que, com certeza, nos embriaga a mente, nos burla a alma, e sintetiza o que o ser humano tanto quer... Ou seja, saber para onde vai, depois que se vai... morrer mesmo.

Não é da minha alçada desmistificar essa pergunta (ou respondê-la com afinco), pretendo somente levantar questionamentos que, de repente, alguém ainda não fez sobre ela, a possível jornada ao além (sei lá pra onde).

Não é fácil responder, claro, e por isso hoje, nós humanos vamos atrás de respostas incríveis que salientam presunções culturais, interesses humanos, até mesmo de políticos que se duelam na tentativa de mudar inclusive o direito de mudar-se para algum lugar em que ele possa 'se dar bem'. Porém é dentro do cunho religioso que devemos no focar, pois ressalta uma provável resposta, baseada em preceitos criados em livros clássicos nos quais se lê e se obedece, se interpreta, e se pratica, tal qual aquele que escreve e exerce uma lei contemporânea, a lei que um dia fora escrita como runas.

Em várias escrituras temos diferentes visões acerca do post mortem, e isso é bom, mesmo porque, se todas fossem gêmeas, teríamos uma visão única e provavelmente certa do que iríamos encontrar depois da morte; todavia, para o bem da humanidade, não temos essa unicidade. Temos, sim, uma realidade que nos puxa para o que somos, primeiramente; depois, ao que pretedemos na vida, e depois, nosso papel diante dela. Tudo é uma questão de atitude, prática, vivência. Não é do humano questionar-se e ficar estagnado ante aos mistérios; não é nosso esse adjetivo, de pensar, chorar e esperar a morte, apenas com o intuito de saber 'para onde vamos'.

O que nos faz mais forte, a meu ver, são aquelas respostas frias, decididas, com visões homéricas a respeito do futuro humano, porém, estanques, sem referenciais, quase que reinventadas, ou pior, com fins de reinventar um céu, um inferno. Tais respostas nos faz mais fortes quanto ao que devemos buscar, e isso já é uma forma de céu, pois traduz o que um dia um grande professor me disse a respeito das dúvidas, "se um dia buscamos a Deus, já o temos em nossas possibilidades"!

E se buscarmos o post mortem? de repente já o temos também. 



Até amanhã.

A Parte que nos Falta

"É ótimo ter dúvidas, mas é muito melhor respondê-las"  A sensação é de que todos te deixaram. Não há mais ninguém ao seu lado....